Monique celebra crescimento do Jiu-Jitsu feminino no Dia Internacional da Mulher: ‘Estamos mais profissionais’

Monique celebra crescimento do Jiu-Jitsu feminino no Dia Internacional da Mulher: ‘Estamos mais profissionais’

Por Mateus Machado

Nesta sexta-feira, dia 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. No mundo das artes marciais, é marcante a presença das mulheres, que desde sempre, lutaram por espaço em um território, até então, predominantemente masculino. Muitas enfrentaram – e ainda enfrentam – a questão do preconceito, assédio, falta de incentivo e outros casos. No entanto, muitas também se destacam no combate à resistência e lutam diariamente em busca de um esporte cada vez mais acessível e justo a todos para as próximas gerações.

Considerada uma das principais atletas do Jiu-Jitsu feminino, Monique Elias, campeã mundial em todas as faixas, se encaixa perfeitamente neste caso. Com uma vida dedicada à arte suave, a gaúcha é motivo de inspiração para muitas atletas que almejam sucesso no esporte, e em entrevista à TATAME, traçou um comparativo da evolução da modalidade no cenário feminino em relação à época em que deu seus primeiros passos nos tatames.

“É notório o crescimento de adeptas ao esporte dentro das academias, acredito que por uma ‘virada de chave’ dos próprios professores, de entender a particularidade da busca de cada pessoa, seja mulher ou homem. Isso faz com que mais pessoas consigam praticar, se sintam mais à vontade, sem aquela cobrança de ter que ser ‘casca-grossa’. Já no cenário competitivo, eu vejo que estamos cada vez mais profissionais. Tem meninas que conseguem viver de Jiu-Jitsu dando aulas, seminários e também com a premiação, que hoje em dia está melhor do que no passado. Ainda longe do ideal, mas melhor que ‘ontem’, e isso já é um avanço”, analisou Monique, que ainda falou sobre a questão da falta de incentivo financeiro, preconceito e como procura incentivar outras atletas com sua história.

“Uma realidade triste que enfrentamos é a falta de incentivo financeiro por parte dos patrocinadores. Então, só nos resta criar outras oportunidades para continuarmos fazendo o que amamos, enquanto não alcançamos a igualdade de premiação e de patrocínios (em relação aos homens). Quanto ao preconceito, eu particularmente vivo um bom momento. Acredito que foi algo conquistado. Eu me esforcei muito para ter o currículo que tenho hoje e sei me expressar quando preciso colocar minha opinião em pauta. Acredito que isso faz diferença no quesito de conquistar autoridade e respeito dentro da sociedade que vivo. Sinto que fiz e tenho feito um bom trabalho para nós, da comunidade do Jiu-Jitsu. Espero continuar motivando e influenciando positivamente a nova geração que está praticando o esporte. Tenho como uma missão de vida mostrar para as pessoas o bem que a arte marcial me fez, e poder levar isso para mais pessoas”, destacou a multicampeã, que ainda deixou um recado importante para as mulheres leitoras da TATAME nesta sexta-feira.

 

Visualizar esta foto no Instagram.

 

Sem textão pro nosso dia manas, só atitudes mesmo! ??? Sintam-se abraçadas minhas manas amadas!!!

Uma publicação compartilhada por Monique Elias (@moniqueelias) em

“Fortaleçam suas identidades. Saibam o poder que vocês têm. Quando a gente passa por situações de preconceito, é nossa escolha saber lidar com isso bem ou mal. Quando temos consciência de quem somos, ninguém consegue fazer com que a gente se sinta diminuídas. Procurem uma indicação de uma boa academia para praticar, com metodologia, valores e ética”, disse a faixa-preta, que encerrou com sua preparação para o Pan e o Mundial.

“Sempre é meio dramático treinar para esses campeonatos, porque afinal de contas, estamos todos os dias rompendo nossas próprias barreiras e indo ao limite do corpo. Eu fiz algumas mudanças no meu treino, e agora estou tendo acompanhamento de uma equipe escolhida a dedo para me auxiliar. Estou rendendo mais com essas modificações, se comparado aos anos anteriores. A dieta tem ajudado bastante nisso também. Chega um momento na vida do atleta que, ou a gente aprende a lidar com as dores e as lesões, ou a gente desiste. Eu escolhi lidar com isso. Estou me sentindo bem mentalmente, tem dias que dá bastante vontade de chorar. E eu choro, mas sigo treinando. Eu sou muito apaixonada pelo que eu faço, então vou continuar correndo atrás dos meus objetivos”.