Morando em Nova York, Matheus Diniz descreve gravidade da situação no ‘epicentro’ do coronavírus e faz um apelo

Morando em Nova York, Matheus Diniz descreve gravidade da situação no ‘epicentro’ do coronavírus e faz um apelo

* Após afetar seriamente de maneira inicial países como China, Itália e Espanha, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) atualmente atinge de forma mais grave os Estados Unidos, que com uma velocidade impressionante, se tornou o país com maior número de casos e mortes no mundo por conta da Covid-19, com quase 700 mil casos confirmados e mais de 36 mil mortes, de acordo com levantamento do último sábado (18).

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No país, um dos locais mais afetados é a cidade de Nova York, que precisou adotar sérias medidas de restrição para evitar, ao máximo, aglomeração de pessoas, fazendo com que a população permaneça em casa e só saia em casos extremos. Na cidade, as mortes por coronavírus passam de 13 mil. O número de brasileiros que moram em NY também é grande, e a TATAME entrou em contato com Matheus Diniz, faixa-preta de Jiu-Jitsu que é formado por Marcelinho Garcia, um dos grandes nomes da arte suave.

Além da sua rotina como lutador, Matheus também é professor na academia liderada por Marcelinho. No entanto, por conta do atual estado de quarentena adotado, as atividades foram suspensas, caso semelhante ao de diversas outras academias espalhadas pelo mundo. Perguntado sobre a atual situação em Nova York, o lutador relatou o difícil momento que moradores da cidade – a mais populosa dos EUA – vêm passando.

“A situação está bem triste, ainda mais por ser uma cidade como Nova York, que é conhecida como a cidade que ‘nunca dorme’. É triste sair na rua e não ver ninguém. Acho que está como o Brasil, né, porque não é todo mundo que está em casa, tem muita gente que não respeita e vai para a rua sem necessidade. Mas o pessoal aqui está com muito medo, sim. Aproveito para fazer um apelo para o pessoal do Brasil, até porque o estágio do vírus não chegou à sua totalidade no Brasil. Aqui é um país que tem muita estrutura e já está passando por muitas dificuldades, imagina um país como um Brasil, que não tem uma estrutura de saúde”.

“Eu entendo a situação do brasileiro. Até aqui mesmo, nos Estados Unidos, o pessoal quer trabalhar. Mas uma coisa que o pessoal não está entendendo é o risco disso. O pessoal está achando que é uma ‘gripezinha’, e não, não é. Aqui o pessoal está jogando corpo dentro daqueles caminhões de freezer e é muito triste presenciar uma situação dessa. O brasileiro ainda não caiu na real, embora eu entenda as necessidades de cada um”, disse o faixa-preta, que é o atual campeão da categoria até 88kg do ADCC.

 

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I LOVE YOU NEW YORK ❤️????? #home #peace #staysafe #positivevibes #thankyou #nyc

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Confira outros trechos da entrevista com Matheus Diniz:
 
– Gravidade dos casos e mortes causadas pelo coronavírus em Nova York

Não é só a cidade mais afetada dos Estados Unidos, como a mais afetada do mundo e com mais casos que muitos outros países também. Não está sendo fácil, de verdade. Procuro dizer sempre para os meus familiares e amigos no Brasil o quanto isso é sério. Já estou em casa faz pouco mais de um mês com minha esposa e o único trajeto que fazemos é de casa para o supermercado, e do supermercado para casa.

– Atividades suspensas na academia de Marcelinho Garcia e auxílio da lenda

Está tudo parado. Com certeza, vai ser um longo processo para que tudo possa voltar ao normal. Graças a Deus, o Marcelinho (Garcia) e sua esposa são grandes seres humanos e nos dão todo o suporte. Ainda continuamos com as aulas online durante esse período de quarentena, o que é de grande ajuda para que os alunos se mantenham ativos da maneira que é possível. Não se pode saber qual será o exato prejuízo disso tudo, mas eu tenho certeza e muita fé de que vamos conseguir passar por isso e voltar fortes.

– Maneiras de manter a forma durante o período de quarentena

Estou tentando achar uns vídeos online, procurando consultar uns amigos, minha esposa, que malha bastante e está fazendo curso de preparação física. Estou procurando o que dá para fazer, também estou dando aula online, então estou tentando ser um pouco mais criativo, achar alguns movimentos de Jiu-Jitsu que são possíveis fazer na sala, no tapete de casa. Mas, não vou mentir, não… Ganhei uns quilinhos a mais, estou achando que vou ter que subir para o peso pesado quando eu voltar (risos).

– Mundial e restante da programação para o início de 2020 suspensa

Estava muito empolgado para esse ano de 2020, visando muitas competições e, consequentemente, bons resultados e títulos. Mas a gente entende que é uma situação que está fora do nosso controle e o que podemos fazer é manter a calma e esperar para que tudo dê certo e as coisas voltem à normalidade em breve. Estou muito ansioso para voltar a treinar normalmente e disputar as competições.

– Contato com outros atletas em meio à pandemia do novo coronavírus

Está difícil para todo mundo, aqui (em Nova York), no Brasil e em outros países. Eu acho que devemos nos manter unidos, principalmente em um momento como esse, de pandemia. Uma coisa legal é que vários atletas e professores estão fazendo lives nas redes sociais, compartilhando ensinamentos e experiências. Esse período de quarentena é ótimo para mostrar às outras pessoas quem somos e contar um pouco da nossa história. Temos que tentar usar esse tempo para promover e propagar coisas produtivas.

* Por Mateus Machado