* Estamos vivendo os dias que marcam o evento mais importante do ano no Jiu-Jitsu, o Mundial de Jiu-Jitsu da IBJJF, onde muitos se preparam há meses para essa data. Organizam com suas equipes (treinador/professor, preparador físico, nutricionista) todos os detalhes para chegarem no auge da sua performance exatamente nessa data.
Eu sempre tenho o cuidado com meus atletas de Jiu-Jitsu de me certificar de tudo o que pode interferir negativamente no resultado. Coisas que muitas vezes o atleta não imagina, até mesmo por não ser função dele, e sim da sua equipe. Costumo chamar de fatores diretos (controláveis) e fatores indiretos (incontroláveis); e muitos deles estão interligados.
Mas o que são e como podemos prevenir, para que não atrapalhem a performance? Os fatores diretos são: data da viagem, voo (escala e duração), hotel, distância do hotel para o local do evento, academia no local, refeições…
Vamos supor que o atleta de Jiu-Jitsu está perdendo peso e vai fazer hiper hidratação. Ele deve evitar fazer essa hidratação depois de já ter chegado ao local, e não no período da viagem, pois ele pode reter mais liquido do que o normal, atrapalhar o sono dele no avião, e em caso de escalas longas, a alimentação tambem fica prejudicada.
Caso precise fazer sauna ou banheira quente, isso já deve estar organizado antes da viagem, precisa se preocupar em pegar um hotel que dê esse suporte. Caso chegue com alguns dias de antecedência, como vai manter o treinamento no local? Tem academia de Jiu-Jitsu perto? Parceiro de treino? E academia de musculação para a manutenção dos treinos físicos?
Em 2019, um atleta de quem cuido do treinamento ficou em um hotel quase duas horas de distancia da Pirâmide de Longe Beach, local que ocorre o Mundial de Jiu-Jitsu. Sua sorte é que ele foi na competição assistir ao evento dois dias antes e percebeu que teria esse problema para chegar no evento, visto que não tinha carro e não sabia utilizar o transporte público.
Um exemplo bem prático também foi com o atleta Felipe Costa quando foi campeão do World Pro 2018. Eu tinha ido um mês antes para os Emirados Árabes cuidar do treino do pessoal e, ao chegar lá, percebi que a comida local não se adequava à dieta do Felipinho, principalmente para a perda de peso dele. Sorte que tínhamos tempo. Liguei para o Felipe e o orientei a levar a comida para os primeiros dias (período da perda de peso).
E os fatores indiretos? Bem, esses são aqueles mais complicados de todos e que temos sempre que ter muita atenção e buscar sempre fazer tudo certo para que, caso aconteçam, não nos prejudique.
Você já pensou se, por acaso, sua bagagem é extraviada e seus quimonos estão na mala principal? Recomendo levar sempre um quimono na mala de mão. Assim como fazer a checagem de todos os itens e documentos necessários para a viagem. Tentar viajar o quanto antes, para que qualquer problema no voo não atrapalhe a sua performance. Cuidados com medicação, seguro saúde, e muito cuidado também com o que você come já nas vésperas do evento.
Em 2019, João Gabriel (que era um dos nomes cotados para o título do peso e do absoluto) passou mal ao comer em um restaurante japonês na véspera da luta. Não lutou o absoluto e, com isso, foi desclassificado na categoria.
Se cerquem de todos os cuidados. Lutar o Mundial de Jiu-Jitsu é um investimento alto, não só financeiro. Demanda tempo e doação. Você abdica de muita coisa para poder estar ali e dar o seu melhor, e nada mais frustrante do que perder por algum fator externo e que você poderia ter evitado.
Tenham muito cuidado com tudo, e tenham pessoas capacitadas e que possam te auxiliar com tudo isso, para que você só se preocupe em lutar e dar o seu melhor. Boa sorte a todos, façam o melhor possível, acreditem em vocês e em quem estão do seu lado. Boa competição a todos!
* Por Ítallo Vilardo – Preparador físico especializado em esportes de combate. Instagram (aqui) e site (aqui)
