Na ‘briga’ por US$ 1 milhão em GP, Ronys Torres descarta UFC: ‘Eu fui injustiçado’

Na ‘briga’ por US$ 1 milhão em GP, Ronys Torres descarta UFC: ‘Eu fui injustiçado’

Ronys Torres está com vaga garantida na semifinal do GP peso-leve do Road FC (Foto: Divulgação)

Por Mateus Machado

Experiente no mundo da luta, com um cartel de 36 vitórias e apenas cinco derrotas no MMA profissional, Ronys Torres vive o momento mais especial de sua carreira atualmente. Em dezembro de 2016, o brasileiro, então campeão do Shooto Brasil, foi convidado para fazer parte do GP peso-leve do evento Road FC, onde o campeão receberá o pomposo prêmio de 1 milhão de dólares. O amazonense fez sua estreia pela organização em fevereiro e, desde então, contabilizou três vitórias, todas por finalização no primeiro round. Com vaga garantida na semifinal, Ronys terá pela frente o russo Shamil Zavurov, em duelo considerado por muitos a “final antecipada” do GP, já que Zavurov era considerado um dos grandes favoritos a conquistar o torneio.

Atualmente com boas chances de conquistar o GP peso-leve do Road FC e receber o grande prêmio de 1 milhão de dólares, Ronys Torres vê com bons olhos a oportunidade de dar um “salto financeiro” em sua vida, o que não aconteceu em sua breve passagem pelo UFC, em 2010, onde fez duas lutas, sendo derrotado em ambas, e foi dispensado pela organização. Após quase oito anos, vivendo uma fase completamente diferente em sua carreira, o amazonense não pensa em um retorno a maior franquia de MMA do mundo, como revelou em entrevista exclusiva à TATAME.

“Lutei o UFC, em 2010, mas hoje estou vivendo o momento mais feliz da minha carreira, prestes a realizar o maior sonho da minha vida, e não passa na minha cabeça voltar ao UFC, eu não quero. Fui injustiçado. Estava fazendo boas lutas, e eles não cumpriram a promessa de que se eu vencesse quatro lutas, voltaria a ter outra luta por lá. Depois que eu saí do UFC, eu venci umas 20 lutas e nada deles me chamarem. Eu vi eles chamando vários lutadores para assinar, vários lutadores que eu venci… Hoje eu vejo muita injustiça dentro do UFC”, declarou o lutador.

Veja a entrevista completa com Ronys Torres:

– Como surgiu o convite para fazer parte do Road FC?

Dois empresários americanos entraram em contato comigo em dezembro do ano passado. Um para lutar o WSOF, em um evento que seria realizado em junho ou julho desse ano, e o contato desse outro empresário foi para falar sobre esse GP de um milhão do Road FC, e que eu já lutaria em abril. Foi aí que entrei em contato com o Dedé (Pederneiras, organizador do Shooto), e ele me falou que eu poderia entrar em contato com esse empresário, caso ele conseguisse me colocar no GP. Pedi para ele correr atrás disso e, em menos de uma hora, ele já tinha resolvido. Disse que o Road tinha gostado do meu cartel de 36 vitórias e apenas 5 derrotas, porque eu era ex-UFC e vinha numa sequência boa de vitórias. Assim que eles me mandaram o contrato, eu já fui assinando, achando que já lutaria em abril ou maio, mas fui pego de surpresa e já lutaria em fevereiro. Ainda bem que eu tinha feito uma luta em dezembro e estava em um bom ritmo. Lutei e venci, e agora estou nessa semifinal do GP.

– Situação de lutar no Road sendo campeão peso-leve do Shooto Brasil

O campeão do Shooto Brasil ainda sou eu mesmo. Eu teria até dezembro agora para defender o cinturão, mas estou tentando dar uma ‘retardada’ para fazer a luta depois do duelo do GP do Road. Assim que eu vencer o GP, não quero abrir mão desse evento (Shooto), pois foi meu primeiro sonho realizado, vencer o Shooto Brasil, e eu não quero dar (o título) tão fácil assim. Eu pedi para o Dedé Pederneiras falar com a organização, para primeiro fazer a luta entre dois atletas bem ranqueados, e o vencedor lutaria contra mim. Eu não posso participar de outro evento enquanto o GP do Road FC não acabar.

– Análise do próximo adversário no GP e ‘final antecipada’

Eu venho me destacando no Road, graças a Deus, vencendo essas três lutas no primeiro round, e como o evento diz, sobre ser uma final antecipada, eu venho estudando ele (Shamil Zavurov, seu adversário). Já assisti 15 lutas dele, vi que é um lutador bem duro. Já temos uma estratégia para vencê-lo, será a luta mais difícil do GP. Lembro que no início do GP ele era o favorito, mas após minhas vitórias, eu cresci, vencendo todas por finalização, enquanto ele vencia por decisão. Seu estilo de luta é ‘chato’, mas eu confio no meu chão, na minha estratégia e na minha equipe. Eu espero chegar nessa luta 100% e tentar de todas as formas vencê-lo. Esse GP é minha vida que está em jogo, meu sonho, e não vou deixar ninguém roubá-lo.

– A alta premiação em jogo do GP, de certa forma, te pressiona?

Eu ainda não penso no prêmio, o prêmio que pode mudar a vida de qualquer um, sendo lutador ou não. Eu penso em encarar cada luta como se fosse uma final. Já ficaram vários grandes lutadores pelo caminho, mas a ficha sobre isso vai cair só na final, provavelmente, que será a hora que eu vou pensar no que fazer. No momento, esse prêmio todo não me atrapalha, estou bem focado na luta mesmo, porque quem perde, sai. Na final, vou pensar nisso, porque aí coloco minha vida em jogo, pensando no quanto pode mudar minha vida e da minha família.

– Nascimento da filha às vésperas da luta no GP

Para mim, foi bem difícil saber que minha filha ia nascer e eu não poderia acompanhar de perto, esse momento marcante. Ainda tentei vir, mas não consegui, porque estava na reta final da preparação, mas esses obstáculos eu uso para me motivar. Eu estava com muito medo de perder, porque passei todos esses meses longe da minha família, mas depois da vitória, tudo valeu a pena. Quando venci, isso (a filha) foi a primeira coisa que eu pensei, tanto que comemorei no ‘estilo Bebeto’, na Copa de 94 (risos). Hoje, eu consigo ver minha filha, mas não estou acompanhando tanto assim os primeiros passos dela por conta da sequência de lutas, e eu quero vencer o GP para poder me mudar aqui para o Amazonas e ficar sempre perto dela, acompanhando o crescimento das minhas filhas.

Duelo contra o russo Shamil Zavurov acontecerá em março, e valerá vaga na grande final (Foto: Reprodução)

Duelo contra o russo Shamil Zavurov acontecerá em março, e valerá vaga na grande final (Foto: Reprodução)

– ‘Injustiça’ no UFC e momento mais feliz da carreira

Lutei o UFC, em 2010, mas hoje estou vivendo o momento mais feliz da minha carreira, prestes a realizar o maior sonho da minha vida, e não passa na minha cabeça voltar ao UFC, eu não quero. Fui injustiçado. Estava fazendo boas lutas, e eles não cumpriram a promessa de que se eu vencesse quatro lutas, voltaria a ter outra luta por lá. Depois que eu saí do UFC, eu venci umas 20 lutas e nada deles me chamarem. Eu vi eles chamando vários lutadores para assinar, vários lutadores que eu venci… Hoje eu vejo muita injustiça dentro do UFC. Hoje, eu me sinto valorizado no evento que eu participo, me sinto muito bem na organização, é uma oportunidade única na minha vida. Hoje me sinto outro atleta, um atleta muito melhor, com a cabeça muito melhor, bem diferente de quando participava do UFC. Quero esse título do GP para mudar minha vida no ano de 2018.