Na torcida pra renovar com UFC, Cris diz: ‘Se eles não quiserem, outro evento vai’

Na torcida pra renovar com UFC, Cris diz: ‘Se eles não quiserem, outro evento vai’

LAS VEGAS, NV - MARCH 03: Cris Cyborg of Brazil has her hands wrapped backstage prior to her bout against Yana Kunitskaya during the UFC 222 event inside T-Mobile Arena on March 3, 2018 in Las Vegas, Nevada. (Photo by Mike Roach/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)

Por Yago Rédua

Invicta por 13 anos e então dona do cinturão dos penas do Ultimate, Cris Cyborg perdeu para Amanda Nunes no UFC 232, em dezembro passado, e tem o seu futuro incerto dentro da maior organização de MMA do mundo. A lutadora revelou, em um bate-papo com jornalistas no Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira (11), que deseja renovar o contrato com o UFC, mas colocou uma condição para isso: algo que seja bom para ela.

“Meu empresário está em contato com o UFC para ver se vai renovar, se terá a próxima luta… Espero que resolvam logo, estou treinando… Mas vou fazer o que for bom pra mim. Os dois (lados) precisam estar felizes também. Eu gostaria de ficar, porque é a oportunidade de ter a minha revanche (contra a Amanda Nunes)… Eles (UFC) tiraram a minha categoria do site, não sei se isso é verdade. Eu vou fazer o que for o melhor pra mim. Eu quero a minha próxima luta. Se eles não quiserem a Cyborg mais, outro evento vai querer. Todo evento que eu luto, já provei isso em 13 anos, o pessoal gosta de assistir as minhas lutas. Os meus fãs me acompanham desde o começo e isso é algo que eles vão perder. Eu não preciso lutar pelo cinturão, posso lutar na minha categoria. Ficamos lutando no peso e fazendo a divisão dos penas crescer ainda mais”, apontou a brasileira.

Cyborg, que está no Rio para o lançamento da série “Nascidos para o Combate”, comentou sobre a derrota para “Leoa” e revelou que fez o oposto do que foi treinado. A curitibana voltou a afirmar que gostaria da revanche, mas apontou para a falta de critério do UFC. A ex-campeã também deu sua opinião sobre a possibilidade do fim da divisão dos penas.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:
– Busca pela revanche imediata

A primeira coisa que eu fiz, foi pedir a revanche. Após 13 anos invicta, é uma coisa que eu merecia. O José Aldo também não teve a revanche dele, então é uma coisa que pode acontecer. Já aconteceu de não ter a revanche da minha primeira derrota da carreira (contra a Érica Paes). Isso acontece. Não vai parar a minha vida. É uma coisa que todo lutador gostaria de ter, mas eu vou continuar lutando da mesma forma. Se um dia acontecer, tudo bem. Mas para uma luta acontecer, as duas partes precisam concordar.

– Desejo de lutar no card de Curitiba

A revanche (com Amanda Nunes) em Curitiba seria um sonho. Mas, se não acontecer, só de lutar na minha cidade, palco da minha estreia no UFC… Seria muito especial. Mas a Cyborguinha, a Jéssica (Bate-Estaca), estará representando a Nação Cyborg (risos).

– Possível fim da divisão dos penas

Na minha carreira já aconteceram vários altos e baixos, acho que isso só me fortalece como pessoa e atleta. Meus fãs falaram que tiraram a minha categoria do site, isso não vai me fazer parar. Acho que a minha estrela vai brilhar onde eu estiver. Eu amo a Nação Cyborg, porque eles me seguem no lugar que eu estiver. Quando eu fiz a minha estreia no UFC, foi porque meus fãs me ajudaram. Tenho mais cinco anos para lutar, não tenho lesão nenhuma, gosto do meu trabalho. Vou dar continuidade no meu trabalho no lugar que eu estiver. Gostaria de continuar (no UFC), não só por mim, porque eu creio que essa categoria (dos penas) será do futuro. As meninas não vão conseguir bater esse peso (61kg) por muito tempo. Podem ver que a Amanda subiu, a Holly Holm subiu para lutar comigo. Se perguntar na rua, ninguém pesa 61kg. É uma categoria muito baixa.

– Como fez para lidar com a derrota

Em todas as minhas lutas, eu treino o melhor que eu posso fazer. Eu tenho na minha mente, que eu dou 90%, Deus dá 10% e fazemos 100 (%). Eu sempre deixo nas mãos dele e para vencer, eu tenho que dar o meu melhor. Após a luta, eu não estava triste. Desde os meus 12 anos eu pratico esporte, então, eu sei que um dia você perde e outro você ganha. No handebol, eu mais perdia do que ganhava. Você aprende, é esporte. É triste. Mas chega uma hora que você vai perder. Eu fiquei chateada, não por ter perdido a luta, mas por não ter feito o que eu treinei. O que aconteceu na luta, não foi nada do que eu treinei. Tinha outro plano, outra coisa. Estava bem treinada. Tudo que acontece na sua vida, está nas mãos de Deus. Se eu perdi, era plano dele. Era o dia da Amanda.

– A verdadeira estratégia para luta

No jogo em pé e no chão, a Amanda não tinha um jogo melhor que o meu. Todo mundo sabe disso. Atleta também. Eu tenho vida de atleta. Era ter paciência e achar o momento certo de acabar a luta. Foi totalmente o que eu não fiz. Eu já tinha parado de usar esse estilo de luta (mais agressivo). Se você olhar minhas lutas anteriores, já não estava neste estilo. Menos Chute Boxe… Os meus treinadores até falavam “No Wanderlei Silva” (risos). Foi o jeito que eu perdi a luta. Eu não estava nervosa, estava tranquila. Treinei bastante. O que me fez campeã, me fez perder. O meu estilo de luta que me fez 13 anos invicta.

– Relação com Amanda fora do octógono

Eu não tenho nada contra a Amanda Nunes. É luta, eu respeito o trabalho dela. Ela respeita o meu. Depois da luta, quando ela estava chorando, senti no meu coração de dar um abraço nela, dar os parabéns. Foi ela que ganhou e é isso aí.

– Holm como adversária da Amanda

A Holm vem de vitória… Ela subiu para lutar comigo, tinha a Ketlen Vieira, mas ela se machucou. O UFC, na verdade, não tem um ranking. A pessoa resolve você vai lutar pelo título. Ou você ganhou o cinturão, se machucou e eles tiram o seu título. Não é igual no Boxe que você ganha o cinturão e tem um ano para defender. É bem difícil você analisar, é feito o que quer. Todo mundo quer lutar pelo cinturão, mas tinha que ter um valor.