No Japão há 17 anos, brasileiro Kleber Koike conta planos antes de retornar ao cage: ‘Ser campeão do RIZIN FF e me tornar um ídolo’

No Japão há 17 anos, brasileiro Kleber Koike conta planos antes de retornar ao cage: ‘Ser campeão do RIZIN FF e me tornar um ídolo’

* Lutador profissional desde 2008, Kleber Koike é mais um entre diversos casos de atletas que saem do Brasil em busca de melhores condições de vida. Ainda aos 14 anos, o brasileiro partiu rumo ao Japão, onde mora até hoje. Foi no país asiático que o faixa-preta de Jiu-Jitsu trilhou sua trajetória nas artes marciais até migrar para o MMA, onde contabiliza 26 vitórias – sendo 22 por finalização – e apenas cinco derrotas. Atualmente com 31 anos, Kleber retorna ao cage do RIZIN FF no próximo domingo (21), quando irá enfrentar o japonês Kazumasa Majima em duelo pela categoria peso pena. Em entrevista à TATAME, Koike contou detalhes sobre sua ida ao Japão, onde se apaixonou pela arte suave.

“Vim parar no Japão em busca de uma qualidade de vida melhor. Vim para cá muito cedo, com 14/15 anos, e hoje já vivo há 17 anos aqui. Vim em busca de trabalho, de uma situação financeira melhor e conheci o Jiu-Jitsu. Me apaixonei, fui treinando e hoje vivo de aulas de Jiu-Jitsu. Dou aula na academia Bonsai junto com o Roberto Satoshi, Marcos Souza e o Mauricio Dai, entre outras feras. Sou faixa-preta deles e tenho o prazer de estar próximo. O Japão foi o país que me abraçou e me deu oportunidades. Não foi fácil, como qualquer outro país e como qualquer estrangeiro, no começo, a gente sofre um pouco de discriminação, entre outras coisas, mas isso ignoramos e continuamos nosso trabalho. O mais legal é que estamos conquistando nosso espaço com o público japonês e isso me deixa muito feliz.

Eu já havia treinado Judô por um tempo no Brasil, comecei por ser muito hiperativo, uma criança agitada (risos). Quando vim para o Japão, ainda na época do PRIDE, tinha um tio que treinava Jiu-Jitsu me levou numa aula. Logo em seguida, já fui numa outra academia, fiz um treino, e logo depois o professor Mauricio Dai abriu a academia dele, a Bonsai, daí comecei a treinar com ele e nunca mais parei, represento a equipe até hoje. Mas confesso que no começo era bem difícil para mim. Eu era meio ‘burrão’, meio cabeça dura (risos). Meu professor falava para eu fazer uma coisa e eu fazia outra, chegaram a dizer que eu não levava jeito. Mas eu persisti muito e pude evoluir no esporte. Depois parti para o MMA, onde até hoje mostro a importância do nosso Jiu-Jitsu”, disse o casca-grossa.

Ex-campeão do evento europeu KSW, Kleber construiu sua carreira fora do Brasil e também passou por eventos como Pancrase e ONE Championship, até chegar ao Rizin Fighting Federation, onde fez sua estreia em dezembro do ano passado, finalizando Kyle Aguon ainda no primeiro round. Prestes a entrar em ação, o atleta falou sobre sua estreia vitoriosa na franquia, sua origem no Jiu-Jitsu, além do sonho em conquistar o cinturão do Rizin e se tornar um ídolo no Japão, feito atingido por brasileiros como Rickson Gracie, Wanderlei Silva, entre outros.

Confira outros trechos da entrevista com Kleber Koike:

– Estreia com vitória por finalização no Rizin FF

Consegui fazer o dever de casa, venci por finalização. Já esperava, até porque treinei e busquei muito a finalização, tanto que, mesmo acertando a mão e levando ele a knockdown, parti para a finalização. O Jiu-Jitsu é minha principal arma, mas também tenho treinado muito a parte da trocação, tenho melhorado e ainda é algo que me incomoda, vejo minhas lutas e acho que luto muito mal ainda pelo tanto que eu treino (risos), mas procuro estar evoluindo. Mas o Jiu-Jitsu é onde me sinto mais seguro, é meu carro-chefe. Sempre falo que quero levar a bandeira do Jiu-Jitsu o mais longe possível. Sempre que tiver a oportunidade de finalizar, vou fazer, mas se precisar sair na porrada, vamos pra cima.

– Fale um pouco mais sobre a finalização… O que te levou a gritar antes da finalização?

O fato de gritar ‘eu vou pegar’ era porque eu estava com muita pressão em relação à essa luta. Estava muito tempo parado e eu estava pedindo muito para lutar nesse evento. Eu estava com a pressão de ganhar, a luta era na minha casa e eu já não lutava há muito tempo no Japão. Tenho minha família, amigos, alunos, muitas pessoas assistindo, então foi uma vitória importante. Estava tenso, então quando tive a oportunidade de finalizar a luta, comecei a gritar, porque foi uma forma de expressar o que eu estava sentindo e colocar para fora. O grito foi uma forma de mostrar que eu consegui, foi um desabafo. A galera curtiu, esse momento do grito viralizou, mas não foi nada planejado (risos).

– Origem no Jiu-Jitsu e importância da arte suave para o MMA

Sempre busquei a finalização, por mais que às vezes eu tenha a oportunidade de nocautear, eu vou e levo para o chão, com o objetivo que mostrar nosso Jiu-Jitsu brasileiro. Eu respeito Wanderlei Silva, Minotauro, Anderson Silva, Ricardo Arona e todos que fizeram história no Japão, no PRIDE, mas agora é o meu momento, a minha era, e é isso que quero mostrar, o Jiu-Jitsu da Bonsai, que foi onde comecei a treinar e represento até hoje. Quero cada vez mais conseguir finalizações e mostrar o trabalho de uma vida inteira. A importância do Jiu-Jitsu para o MMA, para mim, é a base de tudo, com foco na defesa pessoal. Meu foco é mostrar isso para cada vez mais pessoas.

Um lutador de MMA, se não souber Jiu-Jitsu e achar que só a trocação é suficiente, ele está enganado, e vice-versa. É preciso ser completo no MMA, mas o fator principal, na minha opinião, é esquecer sua origem, sua essência. Não adianta eu ser um bom lutador de Jiu-Jitsu e, em um mês, querer ser bom de trocação ou de Wrestling, porque não é meu estilo. Tenho que aperfeiçoar aquilo que já sou bom, então é isso que busco com meu Jiu-Jitsu. Tento evoluir minha trocação e outras áreas, mas o Jiu-Jitsu, para mim, é primordial, e onde eu acho que tenho que melhorar muito ainda, mesmo com anos de prática.

– Sonho em ser campeão pelo Rizin FF e se tornar um ídolo no Japão

Fiquei muito feliz pela minha estreia no Rizin, de ter finalizado um cara que nunca tinha sido finalizado, mas agora já passou, ficou para trás. Meu sonho é ser campeão pelo Rizin e me tornar um ídolo, como foi o Rickson Gracie, Minotauro e outros grandes atletas brasileiros no Japão. Meu foco é esse e também quero ir em busca de melhorias financeiras para mim e para minha família.

– Inspirações no MMA e possíveis adversários na mira

Tenho várias inspirações, mas meus ídolos mesmo são meus professores, Roberto Satoshi, Marcos e o Maurício, as pessoas que estão perto de mim. Também admiro muito o estilo de luta dos irmãos Diaz, assim como o Demian Maia, o Charles do Bronx e o Gilbert Durinho, que são três caras que representam muito bem nosso Jiu-Jitsu.

Lutadores que eu gostaria muito de enfrentar são os japoneses que dominam o ranking, incluindo o caminha da minha categoria aqui no Rizin. Não adianta falar de UFC, Bellator, porque não estão ao meu alcance no momento, por isso meus planos no momento estão em enfrentar o Mikuru Asakura e o Yutaka Saito aqui no Rizin, são eles que quero tirar do meu caminho para me tornar campeão mundial.

* Por Diogo Santarém