No Jiu-Jitsu há 20 anos, faixa-preta Isaque Paiva relembra dificuldades e explica o lema ‘eu tô vivo’; veja a entrevista

No Jiu-Jitsu há 20 anos, faixa-preta Isaque Paiva relembra dificuldades e explica o lema ‘eu tô vivo’; veja a entrevista

*Nascido no interior de São Paulo, em Penápolis, Isaque Paiva é mais uma história de muita luta fora dos tatames para poder vencer como atleta. No começo deste mês, no Brasileiro por equipes da CBJJ, no Rio de Janeiro, o lutador integrou o time da Nova União e foi campeão no adulto leve. Logo após o torneio, iniciou a sua mudança para o Catar, país no Oriente Médio, para dar aulas e seguir e sua preparação para novos campeonatos.

Atualmente com 32 anos, a trajetória de Isaque na arte suave iniciou no fim de 2000. O casca-grossa começou a integrar um projeto que era realizado nas cidades de Araçatuba e Penápolis para tirar as crianças da rua. No entanto, o rapaz que ajudava financeiramente o trabalho social, não conseguiu mais arcar e o grupo acabou. O lutador, que na época era faixa-branca, relembrou que quase abandonou o esporte, mas recebeu uma nova oportunidade e, desde então, não saiu mais dos tatames.

“O meu professor conseguiu um outro rapaz para dar uma bolsa na academia. Eles escolheram um amigo meu, o Alex, que agora mora nos Estados Unidos. Meus pais não tinham condições de pagar (mensalidade). Aí a minha mãe começou a trabalhar com uma ex-namorada do meu professor e surgiu essa oportunidade (de voltar). Eu ganhei essa bolsa e fiquei até esse ano no Brasil honrando os meus professores Massao e Daniel Shinkai . Tenho quase 20 anos dentro do Jiu-Jitsu”, relembrou o faixa-preta da equipe Saikoo.

Filho de um mestre de obra e uma funcionária da Santa Casa, Isaque encontrava dificuldades para treinar e, principalmente, conseguir pagar inscrições nos campeonatos. Com a ajuda do pai, o Sr. Roberto Paiva, o casca-grossa foi em busca de um apoio dos comerciantes da cidade para conquistar alguns patrocínios e ajuda nas inscrições. O esforço e a superação mantinham a chama de ser um profissional do Jiu-Jitsu viva.

“Quando eu comecei a treinar Jiu-Jitsu, o meu professor sempre perguntou o que eu queria ser. Eu falei que queria ser um profissional do Jiu-Jitsu. Eu via a galera nas revistas e dizia que queria ser como eles. Isso me deu a determinação de chegar ao lugar que estou hoje, um atleta profissional de Jiu-Jitsu. Foi muito bom, porque nunca desisti dos meus sonhos e cheguei para mostrar que tudo é possível, tendo fé e não pisando em cima de ninguém. É só trabalhar”, apontou Isaque Paiva.

Eu tô vivo!

Como já rompeu a barreira dos 30 anos, Isaque pode e vem lutando algumas competições como master, entretanto, não deixa de se aventurar no adulto também.  Em entrevista à TATAME, o lutador explicou o motivo de ecoar o tradicional grito de guerra após cada vitória em importantes campeonatos.

“O “eu tô vivo” que grito nas competições é assim: cheguei numa certa idade e a molecada está vindo aí voando, graças a Deus, e é uma forma de dizer que não estou morto. Completei 32 anos, mas se derem bobeira, conseguimos finalizar ou ganhar. É uma forma de expressão boa e de tirar esse cansaço ou bloqueio de dentro da cabeça. Comigo está dando certo, então, estou sempre vivo (risos)”, revelou.

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Isaque, ainda garoto, no time dos professores Massao e Daniel Shinkai (Foto: Arquivo Pessoal)

Título inédito e próximos desafios

Dono de um currículo vasto de títulos no cenário do Jiu-Jitsu, o faixa-preta conquistou pela primeira vez o título do Brasileiro por equipes. Membro da equipe Saikoo, o lutador se juntou ao time da Nova União e fez uma campanha impressionante com três vitórias por 3 a 0, incluindo a final contra a GFTeam.

“O Brasileiro por equipes foi muito legal pra mim. Eu já tinha conversado com o (Alex) Sodré, com o Vitinho. Estávamos pesando em montar um time no ano passado, mas não deu certo. Neste ano, conseguimos montar uma equipe legal, com seis atletas duros. Eu não tinha esse título. Lutei pela Nova União, uma equipe que tenho uma admiração muito grande pelo trabalho maravilhoso que fazem”, disse o lutador, que comentou sobre os próximos passos longe do Brasil.

“O Brasileiro por equipes foi um encerramento no Brasil com chave de ouro. Esse ano, eu lutei o Brasileiro de Master, ganhei a categoria de pena e fiquei em segundo no absoluto. Não estava lutando, lutei o Brasileiro adulto. Agora estou morando no Catar, trabalhando aqui. Estou arrumando a questão de trabalho e, futuramente, vou organizar o meu calendário de competições para chegar bem nelas”, concluiu.


*Por Yago Rédua