Popó descarta retorno aos ringues e comenta leilão de cinturão: ‘Compramos 90 mil reais de cestas básicas e máscaras’

Popó descarta retorno aos ringues e comenta leilão de cinturão: ‘Compramos 90 mil reais de cestas básicas e máscaras’

* Tetracampeão mundial, Acelino Popó Freitas realizou sua despedida do Boxe em 2017, quando derrotou Gabriel Martinez por decisão unânime. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, o brasileiro acumulou a impressionante marca de 41 vitórias e apenas duas derrotas.

Em meio a um momento em que diversas lendas da nobre arte estão saindo da aposentadoria e anunciando o retorno aos ringues, como os multicampões Mike Tyson (53 anos) e Evander Holyfield (57 anos), o baiano, aos 44 anos, descartou essa hipótese em entrevista à  TATAME.

“A minha despedida em 2017, foi realmente minha despedida. Daqui a dois anos, se Deus quiser, vou entrar na calçada da fama do Boxe, porque vou completar cinco anos parado. Quando eu lutei da última vez, faltava um mês para entrar na calçada da fama e eu me esqueci. 44 anos não são 24, então já foi”, cravou.

Fora dos ringues, Popó busca, como pode, realizar trabalhos sociais nas comunidades mais carentes da Bahia. Durante a pandemia do novo coronavírus, que teve início no Brasil em março, os comércios foram fechados e diversas pessoas perderam a renda. O ex-lutador, então, passou a ajudar famílias com dinheiro do próprio bolso. Com o prolongamento do isolamento social e sem ter mais recursos, Acelino decidiu leiloar o cinturão mundial dos super-penas da Associação Mundial de Boxe (WBA), conquistado contra o cubano Joel Casamayor, em 2002. O leilão rendeu R$ 90 mil, desembolsados por um empresário.

“Eu já tinha começado a fazer isso (ajudar famílias carentes) de uma maneira pessoal, do meu bolso. Estava doando cestas básicas, álcool em gel, máscaras, comecei a fazer esse trabalho, porque tudo começou a parar. Teve uma hora que as coisas ficaram apertadas, porque eu vivo da renda de alugueis, apresentações, isso tudo parou também. O que veio em minha cabeça foi doar uma peça importante pra mim, que foi conquistada com muito suor, sangue e que representasse o povo brasileiro. Eu arrecadei 90 mil reais e, com esse valor, compramos quase três toneladas de cestas básicas e fizemos doações de máscaras e outros itens. Pena, infelizmente, que o dinheiro acaba e tivemos que parar”, contou o ex-lutador.

“Durante a pandemia, o jeito é treinar em casa, se virar do que jeito que dá. Graças a Deus, eu tenho uma academia em casa e posso fazer algumas coisas. Mas, como a gente não pode ir para a academia que nós gostamos, com a galera, temos que fazer o exercício em casa e nos viramos com o que tem. Eu sou a favor da reabertura das academias, mas acho que é preciso diminuir a quantidade de alunos. Alguns esportes de contato precisam ter distanciamento social. Acho que alunos e professores devem estar de máscara. Tudo acostuma. Pior que a máscara é o protetor de cabeça”, disse Popó sobre os treinos e a reabertura das academias.

Análise do Boxe brasileiro

No início dos anos 2000, Popó foi um dos grandes ídolos do esporte brasileiro com as suas conquistas mundiais. E o legado após seus triunfos na modalidade dentro do Brasil? Indagado pela reportagem sobre o panorama da nobre arte no país, o baiano acredita que melhorou e prevê que nomes como os irmãos Falcão, Esquiva e Yamaguchi, e Robson Conceição, podem ser campeões mundiais no futuro.

“Eu vejo o cenário do Boxe brasileiro como um dos melhores. Depois que surgiu o Popó, surgiu outro campeão mundial, o Valdemir Sertão, depois veio o Pedro Lima, campeão pan-americano no Rio, depois vieram três medalhas em uma Olimpíada (Londres 2012), como o Yamaguchi, Esquiva e Adriana, depois veio o Robson Conceição como campeão olímpico, a Rose Volante, como campeã mundial, o Patrick Teixeira também. Acho que o Boxe só cresceu, patrocínios chegando, todos na Confederação recebem bons salários, você tem as forças armadas que ajudam. Só melhorou. Eles (Robson, Esquiva Yamaguchi) têm condições de chegarem (ao título mundial), mas tudo tem o seu tempo certo”, concluiu o importante nome do esporte.

* Por Diogo Santarém