Artigo: como o professor de Jiu-Jitsu deve lidar com a saída de um aluno para outra academia?
O professor Luiz Dias trouxe suas experiências e opinou sobre a questão que envolve a saída de alunos para outras academias de Jiu-Jitsu

O professor Luiz Dias trouxe suas experiências e opinou sobre a questão que envolve a saída de alunos para outras academias de Jiu-Jitsu (Foto: Reprodução)
* Há pouco tempo, um aluno meu saiu sem falar nada e foi para outra academia de Jiu-Jitsu. Ao publicar fotos em mídias sociais, claro que vários alunos viram e eu também. Logo meus alunos vieram falar, surpresos com essa mudança de equipe. Coincidentemente, passado uns dias, eu recebi um e-mail de um professor me perguntando o que eu sentia “quando eu perdia um aluno para outra academia.”
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Eu, como professor de Jiu-Jitsu, entendo que é o aluno quem escolhe o professor. Os critérios para um julgamento que motiva o aluno a sair são inúmeros, subjetivos e até financeiros. Cada um tem suas expectativas e seu próprio julgamento. Não percebo como se fosse “perder” um aluno. Interpreto que ele não se encontrou aqui na minha academia, por um ou mais motivos, e ele foi buscar em outra academia de Jiu-Jitsu o que não encontrou na minha.
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Como também pode ser por motivos de logística, como distância, dias de treino ou horários. Já tive alunos que se mudaram para um local mais distante e foram treinar em outras academias. Por vezes, é impossível mesmo treinar na sua academia de origem, isso já aconteceu aqui comigo, e alguns voltam depois, em outro momento.
Por exemplo, um se casou, foi morar num bairro distante da minha academia, treinou em outra academia e, quando voltou a morar aqui perto, retornou aos treinos comigo e continua até hoje. Cada aluno de Jiu-Jitsu também tem uma expectativa do seu professor. Não julgando certo ou errado, mas tem suas questões. Particularmente, eu sempre mantenho uma linha de treino e de ensino, procuro puxar sempre os limites dos meus alunos.
Às vezes, não foi o caso desse meu aluno. Um aluno pode sair por discordar de graduações que parceiros de treino recebam, ou porque ele não recebeu e se acha injustiçado. Eu tenho um pensamento em ser justo dentro dos meus critérios de avaliação, mas também não penso em quem agrado ou deixo de agradar, porque é o nome do professor de Jiu-Jitsu que vai junto em cada faixa que ele gradua.
Quando um aluno meu sai para outra academia, procuro saber o motivo. A maioria me procura e explica o motivo, e eu escuto, porque pode ser uma crítica justa e construtiva, e se for o caso, correções são feitas. Mas quando o aluno sai sem dizer nada, esse tipo de atitude realmente não tira a minha paz. Cada professor de Jiu-Jitsu tem de ter em mente que faz o seu melhor. Esse pensamento é o mais saudável para si e para os seus alunos. Mas se um ou outro decide sair, devemos respeitar sua vontade.
Esse respeito tem de ser mútuo. E ambos, professor e aluno, cada um em seu campo de expectativas, deve respeitar as decisões de cada um. Creio que cada professor – e eu me incluo, eu faço isso -, sempre penso nas minhas aulas de Jiu-Jitsu. Tento perceber a melhor dinâmica, planejamentos de aulas e manter sempre a aula com um bom ritmo, independente se tem campeonatos vindo ou não.
Manter um ambiente amistoso, com treinos duros e bons, é a melhor maneira de manter a sua equipe. E entender a decisão de um aluno seu, independente da graduação, se ele deseja sair. Cada um sabe da sua vida e do seu caminho. Se o aluno não comentou nada com o professor e simplesmente saiu, não há mais nada a fazer. Mas creio que todo aluno deveria falar com o seu professor de Jiu-Jitsu antes de partir, porque se é um mal entendido, algo que pode ser conversado e resolvido, uma conversa com o seu professor sempre vale a pena tentar.
Às vezes, desgastes dentro da academia ou na vida pessoal seriam evitados com uma simples conversa. Mas, como professor, tenho a plena consciência que, por mais que se tente, é impossível agradar a todos, desde a metodologia das aulas até as graduações. Então, fechando a resposta, não vejo como “perda” quando um aluno sai. Entendo que ele está buscando o caminho dele, e que naquele momento, o que ele espera, ele não encontrou na minha academia. Cada um é responsável por suas ações e pelo seu próprio caminho, no dojô e na vida.
Para mais informações, veja www.instagram.com/luizdiasbjj/ ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. Também conheça o www.geracaoartesuave.com.br/.
* Por Luiz Dias