Professores ‘abrem o jogo’ e comentam sobre o polêmico sistema de graduação: ‘Um problema dentro do Jiu-Jitsu’; leia e opine

Professores ‘abrem o jogo’ e comentam sobre o polêmico sistema de graduação: ‘Um problema dentro do Jiu-Jitsu’; leia e opine

Fabio Gurgel

* Em franca evolução nos últimos anos, com um crescimento impressionante no número de praticantes no Brasil e em outras diversas partes do mundo, o Jiu-Jitsu atingiu um nível jamais visto. Os atletas brasileiros hoje em dia lidam com a concorrência dos gringos nos principais torneios, as premiações em dinheiro já são realidade, regras que tornam os combates mais seguros foram adotadas, entre outros fatores. No entanto, assim como em todo esporte que gera praticantes e cresce em popularidade, alguns temas polêmicos surgem e precisam ser debatidos.

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Um dos temas mais polêmicos e comentados do universo do Jiu-Jitsu está relacionado ao sistema de graduação. Muitos professores, em suas respectivas academias, graduam seus alunos utilizando diferentes métodos e avaliações, o que cria um impasse sobre o que deve ser realmente adotado como padrão. Questionados sobre o tema pela reportagem da TATAME, os professores Fábio Gurgel, Alberto Ramos e Fábio Andrade se posicionaram utilizando, cada um, seus pontos de vista.

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“O processo de graduação é um problema sério dentro do Jiu-Jitsu. A gente já faz (na Alliance) há algum tempo a graduação individualizada. Cada aluno tem o seu caminho e a gente tem sistema de aulas para todos os níveis, então o aluno tem que passar por aquilo e ter uma quantidade de aulas que precisa atender. Depois, ele é examinado para ver se tem capacidade técnica para estar naquela faixa. Ele vai evoluindo dentro de um caminho conhecido, ele sabe exatamente onde está dentro do processo.

O que virou comum dentro das academias de Jiu-Jitsu é os professores fazerem graduações coletivas, o que, no meu entender, não é justo, e deixa o aluno numa sensação de que ele nunca sabe se vai ser graduado ou não, ele nunca sabe o que vai precisar fazer para ser graduado, porque não existe ali um sistema claro. É isso que tento fazer na minha academia, deixar o aluno consciente de como funciona o processo, para que ele possa acompanhar a evolução dele e ser graduado individualmente e a qualquer tempo quando ele atingir aquele conhecimento. Isso é o que a gente faz na parte dos alunos. Para ser professor, ele tem que estagiar na academia, ele não sai do zero para ser professor. Hoje, a Alliance fornece para todos os nossos instrutores cursos de formação de professor, então nosso professor tem que passar por isso, e na prática ele tem que estagiar, ajudar os professores com mais experiência, para que ele pegue a sua própria maneira de dar aulas”, disse Fábio Gurgel, líder da renomada equipe Alliance.

Professor da equipe GFTeam Cachambi e competidor na classe Master, Alberto Ramos também se posicionou a respeito do sistema de graduação e deu detalhes de como realiza a avaliação em seus respectivos alunos, citando as particularidades realizadas, desde as crianças até os adultos.

“Os meus alunos são avaliados diariamente e eu também procuro seguir a regra da IBJJF em relação ao tempo mínimo que o aluno deve passar em cada faixa. Além disso, eu procuro avaliar o aluno individualmente, porque a grande maioria do meu público é acima de 30 anos, e também tenho atletas que são mais jovens, que querem ser atletas, querem viver do esporte, então eu não posso avaliar eles da mesma maneira. Sempre obedeço o tempo que os alunos devem ficar em cada faixa e fazemos duas graduações para as crianças: uma no meio do ano e outra no final do ano. Porque acho que a criança deve ser motivada sempre, diariamente. Quando a gente gradua uma criança, ela se motiva muito mais. Em relação aos adultos, fazemos uma graduação por ano, que acontece em dezembro.

A condição de avaliação é muito delicada, porque você está lidando com uma pessoa que pode ficar frustrada ou motivada, então o tema graduação é muito delicado. Inclusive, estou estudando uma maneira de mudar o tipo de graduação que faço. De continuar mantendo o tempo mínimo do aluno em cada faixa, mas também incluir o exame de troca de faixa, mas isso acontecerá futuramente. Acho que o exame de graduação acaba sendo mais justo que a graduação por merecimento. Às vezes, o aluno acha que merece, que está apto para aquele momento, e ainda quando esse momento não chega e ele fica triste, decepcionado, e você acaba até perdendo o aluno por conta de uma graduação desse tipo, nos tempos atuais isso é muito comum”, avaliou.

Por fim, de maneira breve, Fábio Andrade, professor da equipe Nova União e líder do projeto social “Família Bangu Jiu-Jitsu”, falou sobre o tema, dividindo os atletas competidores do aluno que faz a prática da modalidade sem a intenção de disputar torneios. O experiente faixa preta também comentou a respeito do praticante que tem o desejo de, futuramente, se tornar professor na arte suave.

“O processo de graduação, para mim, consiste em duas situações: atleta competidor e aluno praticante da arte suave. O aluno se torna apto a dar aulas quando realmente ele tem esse chamado, daí a gente orienta a fazer um curso de regras, primeiros socorros e seguir o nosso planejamento de aulas e requisitos da Equipe. Dar aulas é um dom, penso dessa forma, é uma coisa inexplicável”, concluiu.

* Por Mateus Machado