Responsável por afiar Jiu-Jitsu de Chimaev, Alan Finfou mira retorno e elogia: ‘É um dos melhores que já vi’

Responsável por afiar Jiu-Jitsu de Chimaev, Alan Finfou mira retorno e elogia: ‘É um dos melhores que já vi’

* Multicampeão no Jiu-Jitsu, Alan Finfou se notabiliza também pelo seu lado professor e, ao longo dos últimos anos, construiu um trabalho sólido na Europa voltado para a arte suave. Além disso, o faixa-preta é responsável por afiar o jogo de algumas feras do MMA, caso de Khamzat Chimaev, lutador do UFC que está invicto em sua carreira na modalidade, com nove vitórias conquistadas – sendo três delas pelo Ultimate.

Natural da Chechênia, mas radicado na Suécia, Chimaev impressionou por ter vencido todas as suas lutas no UF pela via rápida, com dois nocautes – ambos no primeiro round – e uma finalização. Todavia, quando estava prestes a fazer o duelo mais importante da sua carreira, contra Leon Edwards, no ano passado, foi acometido pela Covid-19 e, com fortes sintomas, viu o combate ser cancelado. Em entrevista à TATAME, Finfou – que também testou positivo na época – relembrou o difícil período atravessado pelo peso-meio-médio.

“Eu e o Chimaev viajamos para Las Vegas juntos, para a luta contra o Leon Edwards, em dezembro do ano passado. Daí aconteceu que nós dois pegamos a Covid-19 juntos e ficamos bem mal, fomos muito afetados pelo vírus. Voltamos depois para a Suécia, para seguir a recuperação, mas o Chimaev estava com muitas dificuldades de treinar. O que aconteceu foi que, depois que passaram todos os sintomas e já estávamos no processo de recuperação, o Chimaev voltou a treinar para enfrentar o Edwards, agora na ‘ilha da luta’ (duelo remarcado e posteriormente cancelado novamente). Só que, em um dia de treinamento, ele simplesmente começou a tossir sangue e todos nós ficamos preocupados. Conversamos muito, porque o trabalho do treinador é fazer parte da vida do atleta em todos os momentos. Foi um período muito difícil para ele, muito difícil mesmo. Ele, mais uma vez, mostrou que nada vem fácil na vida dele, precisou dar a volta por cima e agora está curado, 100% de volta aos treinamentos e pronto para retornar o mais rápido possível”, afirmou Alan, que ainda comentou a respeito da aposentadoria que foi cogitada por Chimaev meses atrás.

“Eu também fiquei muito surpreso, mas entendo o lado dele, porque é um cara novo e passou por muitas frustrações seguidas. Tinha uma luta muito importante, onde fizemos uma preparação muito boa, e aí ele fica doente e a doença o afeta muito, tira ele da luta… Ele ficou devastado pelo menos por uns 10 dias. Passou a fase dos sintomas, ele começou a se recuperar e daí remarcam a luta para uma nova data. Começamos a treinar de novo e, no meio do camp, ele tossiu sangue. Ele entrou em desespero, porque pensou que o pior poderia acontecer, por isso ele queria parar de lutar, porque agiu no desespero. Depois ele se acalmou, colocou a cabeça no lugar e bateu de frente com os problemas. Agora está de volta, curado e com fome”.

Sem lutar desde setembro, quando nocauteou Gerald Meerschaert em apenas 17 segundos, Khamzat voltou aos treinos no início do ano e está na expectativa pelo seu próximo combate. Alguns nomes já foram cogitados, inclusive o de Nick Diaz, que não faz uma luta oficial desde 2015. E apesar de reconhecer a importância do americano, Finfou disse que a preferência é por um adversário ativo e bem ranqueado.

“Os planos são de que ele lute no segundo semestre. Surgiram uns comentários de que poderia enfrentar o Nick Diaz, mas eu acredito que o Diaz é uma lenda do esporte e cada luta é uma luta. Se for o Nick Diaz ou qualquer outro, o trabalho vai ser o mesmo, o profissionalismo está sempre presente. Claro que o ideal seria enfrentar um atleta bem melhor ranqueado, porque o nosso foco é o cinturão, mas não importa quem venha, ele tem que estar preparado, focado e fazer o trabalho”, analisou o carioca, que rasgou elogios a Chimaev.

“Na minha opinião ele é, sim, um dos melhores lutadores que já vi. Ele brilhou logo em sua estreia no UFC e nas lutas seguintes. Mas não fico surpreso, porque já acompanho o Chimaev há muito tempo aqui na Suécia, está há quatro anos na academia conosco e sempre mostrou uma dedicação excepcional, desde o primeiro dia. Nunca vi nada parecido em nenhum outro atleta. O Chimaev se cobra muito, sempre quer aprender e evoluir em todos os sentidos. Esse é o diferencial dele. Para mim, ele já é uma das estrelas do UFC. Provou o seu valor e mostrou que está no lugar certo. Vejo ele sendo campeão da categoria dele muito em breve”.

 

Retorno de Gustafsson

Além de Khamzat Chimaev, o faixa-preta carioca também é responsável por afiar o Jiu-Jitsu de Alexander Gustafsson, que já disputou o cinturão meio-pesado do UFC em mais de uma oportunidade, mas atualmente passa por uma fase difícil na carreira. O sueco vem de três derrotas consecutivas, a última em julho de 2020, por finalização para Fabrício Werdum no primeiro round. Alan pregou respeito à história construída por Gustafsson no MMA e ressaltou que acredita na recuperação do experiente atleta, atualmente com 34 anos.

“O Gustafsson, para mim, sempre vai ser uma lenda, ainda mais aqui na Suécia. Ele conseguiu colocar a Suécia no cenário do MMA e tudo isso partiu dele. Ele vem passando por um momento muito difícil na carreira, mas eu acredito demais no potencial dele. Uma vez que o Gustafsson organizar tudo o que precisa organizar na vida particular, ele vai surpreender muita gente ainda. Está pensando em descer novamente para os meio-pesados e, depois da derrota para o Fabrício Werdum, decisões foram tomadas, e agora é só executar tudo o que planejamos. Ele está treinando, sem tanta cobrança e intensidade, mas provavelmente, num futuro muito próximo, ele vai retornar. Até setembro acredito que ele estará de volta, mas ele já está treinando desde o início do ano e eu acredito muito nele. É um dos caras que mais tenho mais amizade, desde o primeiro dia que passei a treinar atletas de MMA, e eu tenho muita confiança, tanto na pessoa, quanto no atleta. Ele tem muita lenha para queimar na categoria dos meio-pesados”, concluiu o brasileiro.

* Por Mateus Machado