Ricardo Libório relembra carreira, ‘Desafio Jiu-Jitsu x Luta Livre’ e cita importância de Carlson Gracie

* Referência quanto o assunto é Jiu-Jitsu ou MMA, Ricardo Libório fez parte da “geração de ouro” da arte suave, sendo cria de Carlson Gracie e tendo vivido de perto o crescimento do esporte no Brasil e mundo afora. Um dos momentos que contribuiu para esse “boom” foi o Desafio Jiu-Jitsu x Luta Livre, realizado em 1991, no Grajaú, Rio de Janeiro.
Em entrevista à TATAME durante uma live no Instagram, Libório relembrou o período e citou a importância do Desafio para o crescimento e consolidação no Jiu-Jitsu, além da figura marcante de Carlson Gracie.
“Em 1991, o Desafio Jiu-Jitsu x Luta Livre criou uma união muito grande no esporte. Foi uma época inspiradora, de definições, tanto para quem lutou, como para quem acompanhou. O Carlson (Gracie) na liderança, atuando como um verdadeiro general… Eu vi o Carlson ensinando, dando aulas, Marcelo Behring, Fábio Gurgel, Murilo Bustamante, Wallid Ismail, e mais tanta gente que foi para ajudar. Depois, a outra vez dessa união foi no começo do UFC, quando o Royce (Gracie) representava o nosso Jiu-Jitsu no MMA”, contou.
Sobre a lenda Carlson Gracie, a quem Libório se referiu como “Robin Hood do Jiu-Jitsu”, ele disse: “Ele dava atenção para várias pessoas ao mesmo tempo, independente de quem era, e tinha uma competitividade que inspirava todos a ficaram melhor. O Carlson, na minha opinião, foi o Robin Hood do Jiu-Jitsu. Foi o cara que levou para as massas, para quem não podia pagar, o rico, todo mundo… Ele democratizou o esporte”.
Posteriormente, Ricardo Libório participou do nascimento da BTT (Brazilian Top Team), equipe de marcou época no extinto PRIDE com lutas memoráveis, títulos e uma rivalidade histórica com a Chute Boxe.
“Eu, o Murilo (Bustamante) e o Bebeo (Duarte), ninguém queria sair do Carlson. Aquilo foi uma intriga, uma problemática grande, eu voltei com o Murilo lá duas vezes na época para falar sobre, mas ele não queria. Não foi a gente que pediu pra sair, ele que nos tirou da equipe por causa de contrato. (….) Depois disso, criamos a BTT, que já nasceu com um elenco de estrelas, uma galera que treinava junto, e o Japão foi uma época sem igual. Eu já fui a todos os eventos possíveis, grandes shows do UFC, mas o PRIDE foi o melhor de todos”, relembrou o casca-grossa, completando sobre a rivalidade com a Chute Boxe.
“Ajudou todo mundo, o MMA em si, e principalmente Chute Boxe e BTT. Depois disso, a gente fazia as lutas principais da grande maioria dos eventos, o que acabou impulsionando o MMA nacional também”.
Ao longo da entrevista, Libório – que hoje atua à frente de um projeto com Jiu-Jitsu em universidades nos Estados Unidos – ainda falou sobre o momento atual de pandemia global por conta do novo coronavírus, a importância do online atualmente e, entre outros assuntos, opinou sofre o futuro do MMA.
“Eu odeio o caminho que o MMA virou, mas eu entendo. Eu sou artista marcial, sempre fui, nunca vou ser diferente disso, até mesmo como treinador de MMA, é bem diferente, porque eu acredito nos valores das artes marciais na minha vida como um todo. Eu vivo e sigo isso, mas consigo entender o motivo dos caras falarem essas ‘mer***’, muitas vezes isso é até uma orientação da própria empresa. (…) A filosofia da empresa é o dinheiro. Não acho que a visão deles esteja errada, mas eu não sou assim”, encerrou.
Confira abaixo o vídeo da entrevista completa com Ricardo Libório:
* Por Diogo Santarém