Camões desabafa sobre críticas: ‘Nunca contaram os meus atletas vencedores’

Camões desabafa sobre críticas: ‘Nunca contaram os meus atletas vencedores’

Por Mateus Machado e Yago Rédua

Um dos preparadores físicos mais renomados do Brasil e há mais de 20 anos no meio das lutas, Rogério Camões segue provando o seu valor. Mesmo após o fim da X-Gym, academia que fundou e ajudou a liderar, o treinador continua trabalhando, e uma das suas principais apostas é no peso-meio-médio Warlley Alves, que vem de grande vitória no UFC Rio.

Pelo UFC 224, realizado no Rio de Janeiro, em maio deste ano, Warlley derrotou Sultan Aliev por nocaute técnico após interrupção médica do segundo para o terceiro round, por conta de um grave ferimento no olho de Sultan. O resultado representou o segundo triunfo do lutador na divisão, e mais do que isso, convenceu os fãs e Camões, seu preparador.

“Ele (Warlley) seguiu a nossa estratégia, treinou exatamente para fazer o jogo que apresentou. A gente sabia que o adversário é um cara experiente, campeão de Sambo, Wrestling, fisicamente muito forte, nocauteador, então a gente, eu particularmente que sou o preparador, nós começamos a preparação física em dezembro do ano passado. Fiz uma base forte para entrarmos no camp em boa condição, e na luta eu vi o resultado disso. Vi um Warlley lutar com gás, quem cansou foi o cara, e ele (Warlley) muito inteiro, forte. Isso me deixa satisfeito”, disse o treinador, que em entrevista à TATAME, também desabafou sobre a questão do reconhecimento, citando as críticas nem sempre justas contra ele.

“Estou nisso (meio das lutas) há mais de 20 anos, nem lembro (risos), trabalhei com muita gente, e muitas vezes fui crucificado quando algum atleta meu perdia. Porém, nunca pararam para contar quantos atletas meus já ganharam e quantos campeões treinaram comigo, quantas vitórias eu tenho… Só falar em Anderson Silva, isso já chancela o trabalho. E o Warlley é mais um que eu quero dar continuidade para ser grande”, afirmou.

Tendo trabalhado grandes nomes do MMA, entre eles Anderson Silva, considerado por muitos o maior de todos os tempos, Rogério fez uma breve análise do momento do Brasil no esporte atualmente. Ele ressaltou a questão “cíclica” e apontou alguns caminhos, principalmente na questão da preparação física, para que o país volte ao topo do MMA.

“Eu hoje vejo o torcedor brasileiro bem desmotivado com o esporte… Durante muito tempo tivemos vários campões e ídolos, e de repente acabou. Mas o esporte é assim, é muito cíclico. O próprio MMA, quando era Vale Tudo, ele foi cíclico. Começou com o Royce Gracie, depois veio o Mark Coleman e o Randy (Couture) com o Wrestling, a galera da Chute Boxe, o Anderson Silva mudando o jogo, e agora estão vindo os russos, isso é a evolução do esporte. Mas isso não quer dizer que ficaremos (o Brasil) sem campeões, é só uma questão de adaptação às novas situações de luta. E outra coisa: tem a questão da tecnologia que está envolvendo o esporte, tanto na preparação física, quanto na nutrição e suplementação, e é importante os brasileiros entenderem como isso funciona para nos igualarmos com os caras de fora. Algo que aqui é novidade, mas lá fora já é antigo e faz a diferença. Temos que buscar isso, diminuir essa diferença para o estrangeiro”, encerrou.