Shogun analisa vitória contra Minotouro, projeta revanche com Craig e reta final da carreira: ‘Devo fazer mais duas lutas’
* Maurício Shogun completou com louvor a trilogia diante de Rogério Minotouro. Vitorioso contra o compatriota em 2005 e 2015, o brasileiro voltou a derrotá-lo no final de julho, pelo UFC on ESPN 14, ao levar a melhor por decisão dividida dos jurados em luta que marcou a despedida de Minotouro do MMA. O importante resultado deixou Shogun em 15º no ranking meio-pesado do Ultimate e manteve o retrospecto positivo do curitibano, que agora vem em uma sequência de duas vitórias e um empate na organização.
O empate, por sinal, ocorreu em novembro do ano passado, em luta com Paul Craig. Com a avaliação de que venceu o combate e contrariando o julgamento dos árbitros, Shogun quer a revanche diante do escocês. Em entrevista à TATAME, o brasileiro, que passou por um período de descanso no Resort Beach Park, em Fortaleza, até a última terça-feira (11), falou sobre seu desejo de reencontrar Craig.
“O Paul Craig já me desafiou de novo e eu aceitei. Foi uma luta onde empatamos, mas todos viram que eu venci, claramente, o segundo e o terceiro rounds, não sei qual critério o árbitro avaliou para dar o empate. Eu nem penso nisso (desafiar outros nomes), meu foco no momento é descansar. Isso de casar lutas eu deixo para o meu empresário. Mas eu acredito, sinceramente, que o Paul deve ser meu próximo oponente”.
Veja o restante da entrevista com Maurício Shogun:
– Terceira vitória contra o Rogério Minotouro
Eu sabia que seria mais uma guerra, porque eu conheço bem o (Rogério) Minotouro, então já imaginava que ele viria muito bem preparado. Foi uma luta que ele pediu muito para acontecer e eu sabia disso. Muitas pessoas me perguntaram: ‘Poxa, mas por que aceitar mais uma luta com ele? Você já venceu duas vezes’. E eu respondia: se eu vencê-lo mais uma vez, eu vou vencer três vezes uma lenda como o Minotouro, então é um marco muito legal para a minha carreira. Sobre a luta, foi muito dura. Eu venci o primeiro round, e o segundo e terceiro rounds ficaram bem nítidos a meu favor. Vitória conquistada e missão cumprida.
– Preparação para trilogia em meio à pandemia
Eu fiz o meu camp em Maringá, porque em São Paulo as academias estavam fechadas. Em Maringá foi tranquilo, as coisas não chegaram a fechar, então foi tranquilo. Levei todos os meus treinadores de sparring e fiz o meu camp lá, deu tudo certo, foi tudo ok. Não tive nenhuma lesão e foi uma preparação incrível. Mesmo com essa pandemia, eu consegui fazer um bom camp, e isso pôde ser comprovado na luta.
– Retorno aos treinos após a importante vitória
Não tive nenhuma lesão, graças a Deus, já estou 100%. Devo voltar aos treinos mais básicos, de manutenção, já nesta semana e, aos poucos, vou voltando à forma. Vou conversar com meu empresário sobre minha próxima luta e os próximos rumos, mas com certeza irei retornar em breve ao octógono.
– Próximos passos e revanche contra Paul Craig
Depois que voltar de viagem, vou falar com meu empresário para a gente traçar os rumos, mas minha vontade é de fazer, sim, mais uma luta esse ano. O Paul Craig já me desafiou de novo e eu aceitei. Foi uma luta onde empatamos, mas todos viram que eu venci, claramente, o segundo e o terceiro rounds, não sei qual critério o árbitro avaliou para dar o empate. Eu nem penso nisso (desafiar outros nomes), meu foco no momento é descansar. Isso de casar lutas deixo para o meu empresário, mas acho que deve ser o Paul.
– Atual momento da carreira no MMA aos 38 anos
Eu avalio meu momento no MMA de uma forma positiva, acho que estou numa fase boa da carreira, já conquistei meus principais objetivos. Fui campeão do PRIDE, campeão do UFC, sou Hall da Fama e hoje eu não penso no cinturão, porque sei que tem pessoas na minha frente, que merecem mais do que eu. Meu foco hoje é treinar, lutar e fazer o que eu amo. Dou passo a passo, nunca fui de pular etapas e não penso em adversários, até porque já lutei contra os melhores, diversas lendas, então sou bem tranquilo quanto a isso.
– Planos para encerrar a carreira como lutador
Eu encaro cada luta como se fosse a última da minha carreira. Eu não sei a hora que vou parar, mas posso parar a qualquer momento. Eu devo fazer mais duas lutas, esse é o meu objetivo. Não sei ao certo contra quem, mas é isso que eu quero. (Sobre um adversário) eu nunca tive rivalidade com ninguém, então não penso em um adversário em uma despedida, não penso em cerimônia ou algo do tipo, será natural.
– Momentos mais marcantes no MMA
Sem dúvida nenhuma, as vitórias que são mais marcantes para mim aconteceram contra o Ricardo Arona, no PRIDE, e também a que eu venci o Lyoto Machida, no UFC. Todas as lutas e vitórias são importantes, mas essas, em específico, me deram o cinturão, então eu valorizo e considero as mais importantes pra mim.
– Encontro com jovens atletas em Fortaleza
O que eu falei nesse encontro foi que eles podem chegar onde cheguei. Só depende de cada um deles. Tenho um projeto similar em Curitiba, o Instituto Shogun Rua, e sei muito bem que o esporte salva vidas. Além de ocupar o tempo das crianças, de afastá-las das drogas e das ruas, o esporte deixa eles focados nas futuras competições, em se tornar um atleta profissional ou chegarem à faixa preta na modalidade.
– Período de descanso após última luta
É importante descansar e recarregar as energias, ainda mais depois de uma luta como foi contra o Minotouro. A gente treina muito, tem todo o período de camp, uma preparação bem intensa e desgastante. Depois da luta, da missão cumprida, voltei ao Brasil e fui para Fortaleza para passar uns dias no Beach Park com a minha família, para relaxar um pouco, aproveitar e aí voltar 100% para os treinamentos depois.
* Por Mateus Machado