Tanquinho enaltece a sua história após ouro no ADCC: ‘Continuam tentando criar ídolos sem títulos’

Tanquinho enaltece a sua história após ouro no ADCC: ‘Continuam tentando criar ídolos sem títulos’

Por Vitor Freitas

“Um cara persistente”. Foi isso que alguns fãs de Jiu-Jitsu comentaram nas redes sociais depois de verem Augusto Tanquinho vencer o ADCC 2019, no último fim de semana, em Anaheim, na Califórnia (EUA). Na divisão até 66kg, recheada de bons nomes como Paulo Miyao, Matheus Gabriel e outros da nova geração, o faixa-preta da Soul Fighters precisou fazer quatro lutas para sair com o ouro. Primeiro, finalizou Keith Krikorian, depois, passou por Matheus Gabriel e Paulo Miyao até a final contra o jovem casca-grossa Kennedy Maciel.

O segredo da campanha foi ter confiança, como o próprio Tanquinho revelou em entrevista à TATAME. O ex-lutador do UFC teve confiança em suas sessões de treino no Arizona (EUA), sua alimentação e, principalmente, no que sua mente o mostrava antes mesmo de entrar para lutar. Tanquinho, agora campeão de tudo no Jiu-Jitsu, analisou sua participação no ADCC 2019 e o que ainda o faz se desafiar.

“Neste ADCC, eu tive muita confiança e estava preparado para qualquer um. Eu treinei como nos velhos tempos, me preparei para ser campeão. Fui campeão dos maiores eventos do mundo na faixa-preta e eu sabia o que precisava ser feito para ganhar, mas não vinha fazendo isso. Com a minha esposa esperando o nosso primeiro filho eu quis lutar por ele, para que ele, mesmo na barriga, um dia possa ver que o pai dele trabalhou duro para dar esse título pra ele. A lição que fica é quando se trabalha duro a recompensa vem, então, esse será o maior ensino dele”, destacou o campeão, que tentava vencer o ADCC há oito anos.

Durante a sua participação, Tanquinho teve momentos para mostrar que suas defesas estavam em dia. Contra Kennedy Maciel, na final da categoria, o campeão precisou defender as costas enquanto o desafiante tentava a todo custo o estrangular. Foi a partir desse momento, após defender a pegada nas costas, que Tanquinho cresceu no duelo até capturar Kennedy pelas costas, garantir três pontos e o ouro.

“Acredito que a experiência me ajudou muito. Manter a calma e ver as oportunidades, tanto para sair quanto para atacar, fizeram a diferença. Ficar naquela situação não foi novidade pra mim, pois inúmeras vezes estive ali no meu treinamento durante o camp. Eu sai da minha zona de conforto e treinei quase que diariamente rounds de 30/40 minutos com o Marcio André. Ele várias vezes chegou lá parecido como o Kennedy chegou e eu saí. Não se afobar e manter a calma são essenciais para o sucesso da defesa. Sobre o ataque, o meu diferencial para não perder foi igualmente a calma. Parece estranho, mas 4/5 segundos para analisar a situação e reconhecer suas oportunidades, às vezes, fazem uma grande diferença. Analisei as minhas opções ali e acho que fiz a escolha mais acertada para a situação”, explicou Augusto.

Antes de encerrar, Tanquinho ainda listou momentos importantes da sua carreira e o seu diferencial em ação, mesmo treinando longe dos holofotes da grande mídia esportiva. A seguir, veja a opinião do lutador.

“Deus sempre acha um jeito de me honrar. Como já tinha feito antes no World Pro de 2011, onde venci o time todo de campeões da Atos da minha categoria; no Mundial 2013, tendo que ganhar do Rubens Charles Cobrinha e do Rafa Mendes um seguido do outro; como no Mundial No-Gi da IBJJF tendo que vencer o Leandro Lo e o JT Torres um seguido do outro… Enfim, nesse ADCC não seria diferente. Eu tive que passar pelo atual campeão do Pan e Mundial da IBJJF, Matheus Gabriel, o atual número um sem quimono, segundo o ADCC, Paulo Miyao, e na final outro atual campeão mundial e filho da lenda Cobrinha. Enquanto algumas mídias continuam enaltecendo e tentando criar campeões e ídolos sem título, eu continuo quebrando recordes e escrevendo o meu nome da história do esporte”, desabafou o multicampeão Augusto Tanquinho.