Thiago Pitbull fala sobre título em evento de Boxe sem luvas: ‘Queria algo pra me motivar’

Thiago Pitbull fala sobre título em evento de Boxe sem luvas: ‘Queria algo pra me motivar’

* Com uma longa trajetória no MMA profissional, onde iniciou sua carreira em 2001, além de uma passagem marcante pelo UFC, fazendo parte do plantel da organização entre os anos de 2005 e 2019, Thiago Pitbull resolveu apostar em uma nova modalidade de luta e foi recompensado. Em junho, o brasileiro entrou em ação pelo BKFC (Bare Knuckle Fighting Championship) – evento de Boxe sem luvas – e, ao derrotar Ulysses Diaz por nocaute técnico, conquistou o cinturão peso-médio da organização. Um grande feito para a carreira do lutador, atualmente com 37 anos.

Dono de 23 vitórias e 15 derrotas no MMA profissional, Thiago Pitbull se vê satisfeito e realizado com a nova fase da carreira. Em entrevista à TATAME, o cearense celebrou a conquista do cinturão dos médios do BKFC, relembrou o início da sua caminhada no esporte e falou sobre a escolha pelo Boxe sem luvas após o fim do seu contrato com o UFC, mesmo recebendo outras propostas.

“Representa muito (a conquista do cinturão no BKFC), porque foi uma jornada longa para chegar onde estou hoje em dia. Minha missão, quando saí de casa aos 19 anos, era ser campeão do mundo, e quase duas décadas depois, eu consegui realizar esse sonho. Quando saí do UFC, recebi propostas para lutar em outros eventos, como no Bellator, PFL e até mesmo para ficar no UFC, mas eu precisava de uma coisa nova. Então, veio uma proposta muito boa do BKFC e, ao mesmo tempo, sair do UFC para outra organização de MMA não faria muito sentido, ainda mais depois de 14 anos. Queria algo para me motivar e o BKFC estava em processo de crescimento. Foi um novo desafio e, assim como fui um dos pioneiros no MMA, também queria ser no Boxe sem luvas. É um esporte que está crescendo muito na América e estou orgulhoso desse título. É uma conquista inédita para a American Top Team também, então estou bem realizado”, destacou.

Ao longo do bate-papo, o brasileiro ainda fez uma análise da vitória que lhe rendeu o cinturão, comentou sobre os planos para a sua primeira defesa de título, gratidão à American Top Team – equipe que representa há anos e, inclusive, é treinador – e deixou um recado para outros atletas que, por acaso, pensam em se testar no Boxe sem luvas, e consequentemente no Bare Knuckle.

Confira outros trechos da entrevista com Thiago Pitbull:

– Análise da vitória que rendeu o título peso-médio do BKFC

A diferença para conseguir a vitória foi a minha qualidade, além da minha história, pois tenho muita experiência competindo em alto nível. Foram mais de 14 anos no UFC, estou lutando profissionalmente desde os 15 anos, então são 23 anos de luta profissional. Eu tomei um knockdown no começo do segundo round, mas eu também estava desequilibrado. Não me machuquei, nem nada, eu fiquei foi p*** da vida quando caí, então quando levantei, já fui pronto para brigar, e daí comecei a dominar a luta (risos). Os combates duram cinco rounds, então a estratégia era melhorar a cada assalto, e foi o que aconteceu. Bati muito nele e obtive a vitória.

– Planos para a primeira defesa de cinturão e adversários

Meu contrato com o BKFC acabou, vamos ter que conversar sobre uma renovação. Vou querer uma proposta muito boa para lutar de novo, quero um dinheiro que eu considero que mereço, e acho que eles vão me conceder. Se eles não me derem a proposta que considero justa, eu me aposento, não tenho problema em me aposentar como campeão, mas eu gostaria de defender meu título. Porém, vai depender deles, se eles quiserem que eu lute de novo, terão que pagar o que eu mereço. Dando tudo certo, defendo meu título no final do ano ou no início do ano de 2022. Vamos aguardar. Quanto ao adversário, eu tenho a mesma mentalidade que já possuía no MMA: meu trabalho é lutar, então não escolho adversário, ainda mais sendo campeão, eu luto contra quem eles quiserem. É só me pagarem o que mereço, enviar uma data e um nome.

– Celebração da vitória e importância da American Top Team

A American Top Team é a minha casa, minha família, onde estou há 18 anos. O Dan Lambert é meu padrinho, como se fosse meu pai, e ele ficou muito feliz com o cinturão do BKFC. A galera da luta é muito fã do Boxe sem luvas e é um esporte que tem tudo para crescer. Essa minha última luta foi épica, ação do início ao fim. O Boxe sem luvas vai estourar, não tenho dúvidas, porque tem muita intensidade e porrada o tempo todo. É muito gratificante trazer esse cinturão para a ATT, que é a universidade da porrada (risos). Somos o melhor time do mundo, temos campeões nos maiores eventos do mundo e agora pude faturar esse cinturão inédito para a equipe. Represento o time com orgulho, não só como atleta, mas também como treinador. Já tive a chance de ser campeão do UFC, mas naquela luta contra o Georges St-Pierre, eu não estava pronto fisicamente, tecnicamente e mentalmente. Apesar disso, tenho muito orgulho da minha trajetória. Sou o melhor lutador que já saiu de Fortaleza, o único lutador de lá a lutar pelo cinturão do UFC e campeão do BKFC. Estou muito feliz e me sinto completo pela minha jornada.

– Recado para outros atletas que pensam no Boxe sem luvas

O BKFC tem muito futuro, vejo que vai ser tão grande quanto o MMA um dia. É uma modalidade que está crescendo, que empolga os fãs e a organização paga muito bem os atletas. A estrutura também é excelente, então vejo como um evento que tem tudo para crescer. É um dos esportes que mais evolui na América, então será mais uma grande oportunidade aos lutadores. Os atletas de MMA estão prontos para tudo, para competir no Boxe, no Jiu-Jitsu, no Muay Thai. Então, o que deixo como conselho é fazer o que ama, e se o seu propósito for sair na mão no BKFC, você vai ter estabilidade para competir e para sustentar sua família durante muito tempo. A gente começa a lutar porque quer ser campeão, lógico, mas depois de um tempo, você quer tirar um bom dinheiro, quer organizar sua vida, e isso o atleta pode ter certeza de achar no Bare Knuckle.

* Por Diogo Santarém