Treinador de Jiu-Jitsu de campeã do UFC exalta crescimento da arte suave na China; saiba mais
Brasileiro Pedro Jordão é treinador de Jiu-Jitsu de Weili Zhang, atual campeã peso-palha do UFC; confira a entrevista na íntegra
Pedro Jordão exaltou a evolução de Weili Zhang na luta agarrada ao longo dos últimos anos (Foto: Reprodução)
* Berço do Jiu-Jitsu, o Brasil produziu atletas lendários ao longo dos anos e, entre competidores e professores, o país se notabilizou como a grande força da modalidade no mundo. Prova disso é que, nos últimos anos, a prática da arte suave se espalhou por diversos países, através de atletas que deixaram o Brasil e foram ensinar o melhor do esporte para os “gringos”.
É o caso de Pedro Jordão. Praticante de Jiu-Jitsu desde 2002, o mineiro se graduou à faixa-preta em 2010 e, cinco anos depois, passou a morar na China. No país asiático, trabalha com crianças, jovens e profissionais de destaque, como por exemplo, a casca-grossa Weili Zhang, que é a atual campeã peso-palha do UFC. Em entrevista à TATAME, o mineiro contou um pouco da sua trajetória até os dias atuais.
“Comecei a treinar Jiu-Jitsu em 2002, com o professor Erik Wanderley, da equipe Gracie Barra BH, na qual em 2008 também me juntei à equipe comandada pelo mestre Vinícius Draculino. Eu disputo torneios na arte suave desde 2003 e tenho como principais títulos o Campeonato Asiático, Pan Pacific e alguns Opens da IBJJF, além do Grand Slam de Tóquio e alguns pódios em Mundiais de diferentes federações, como UAEJJF, IBJJE e ACBJJ”, disse ele, que continuou:
“Em 2010, peguei minha faixa preta e comecei dar aulas de Jiu-Jitsu na cidade vizinha, Nova Lima. No começo de 2015, vim para a China para ser o primeiro professor de Jiu-Jitsu de uma recém-formada equipe de MMA, chamada Black Tiger, onde estou até hoje. Eu acho que o que foi primordial para eu chegar até aqui foi minha coragem para enfrentar desafios, a curiosidade de sempre estar aprendendo e disciplina no meus treinamentos”, afirmou.
Ao longo da entrevista, o brasileiro Pedro Jordão falou também como a China vem investindo nas artes marciais, sobretudo o Jiu-Jitsu. Vale ressaltar que, em 2019, o UFC inaugurou um centro de treinamento de MMA, também chamado de instituto de performance, em Shangai. A ideia é que o espaço sirva para treinamento de lutadores chineses e de outros países asiáticos para que se tornem, inclusive, atletas do Ultimate num futuro próximo. O espaço também tem como objetivo desenvolver mais o esporte em solo chinês e, assim, atrair mais a atenção do mercado asiático para o UFC.
Confira abaixo outros trechos da entrevista:
– Agora, com a Weili Zhang novamente campeã no UFC, fale um pouco sobre o MMA na China e os atletas chineses no geral. Com os investimentos do UFC PI, entre outros fatores, como você enxerga o crescimento do MMA no país e como você projeta os atletas daqui a alguns anos?
Até a chegada da Covid-19, o MMA na China vinha numa crescente muito boa, mas diante disso, com a política de restrição da Covid, a prática de artes marciais e a realização de eventos deu uma desacelerada, até mesmo o próprio UFC PI ficou fechado por um bom tempo e parece que agora está abrindo de novo. No entanto, acredito que mesmo assim vamos ver novos talentos chineses surgindo no UFC muito em breve.
– Hoje em dia, vemos um Jiu-Jitsu cada vez mais global, com professores brasileiros de Jiu-Jitsu espalhados pelo mundo, ajudando a desenvolver o esporte. Como você vê o Jiu-Jitsu na China e como o país vem investindo na modalidade,seja em academias ou até mesmo entre crianças e jovens?
Eu acredito que essa é a minha missão na China, desenvolver o esporte aqui, não só ensinando as habilidades, mas também os valores e os benefícios que o Jiu-Jitsu proporciona. Na nossa academia, fazemos um trabalho bem legal com as crianças. Temos em torno de 80 crianças treinando aqui e algumas fazem parte de um treino de competição só para elas. Também tenho alguns alunos e alunas bem promissores aqui, que treinam comigo há quase oito anos, e também os profissionais de MMA, pelos quais sou responsável pela parte de grappling.
– Ainda sobre esse Jiu-Jitsu cada vez mais global, como você visualiza o Jiu-Jitsu brasileiro nesse sentido? Acredita que atletas de países como EUA ou até outras nacionalidades podem bater cada vez mais de frente ou até mesmo superar os lutadores brasileiros na arte suave? Como você visualiza essa questão para os próximos anos?
Eu não vejo bandeira no Jiu-Jitsu, acredito que é um esporte para todo mundo. Esse era o sonho da família Gracie quando eles foram para a América, que todo mundo conhecesse nossa arte. Esse sonho se tornou realidade e, graças a eles e a esse sonho, hoje tenho condição de deixar um legado na China. E ficarei muito feliz em ver um campeão chinês e saber que, de alguma forma, eu contribuí para o desenvolvimento do esporte aqui.
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- Texto por Edson Gonçalves