Tricampeã mundial, Fernanda Mazzelli incentiva ensino do Jiu-Jitsu nas escolas do Brasil: ‘Abu Dhabi é um grande exemplo’

Tricampeã mundial, Fernanda Mazzelli incentiva ensino do Jiu-Jitsu nas escolas do Brasil: ‘Abu Dhabi é um grande exemplo’

Um dos maiores nomes do esporte em Guarapari, no Espírito Santo, Fernanda Mazzelli já figura no hall dos grandes atletas da história do estado. Tricampeã mundial na arte suave, no maior torneio da modalidade que acontece todos os anos na Califórnia (EUA), a lutadora ainda concilia a vida de atleta a de vereadora e de responsável por um projeto social na sua cidade natal.

Longe dos tatames durante a pandemia, a lutadora falou sobre os desafios que os atletas enfrentaram neste ano, e o quanto as redes sociais ajudaram a formar uma maior união entre os lutadores:

“Em relação ao esporte, a palavra certa seria união, vejo que diante dessa pandemia, as redes sociais ficaram muito mais em evidência, houve muito mais interação com as pessoas. Hoje todos sabem mais da vida dos atletas, o que estão passando, fazendo, se continuam treinando ou não. Acho que diante desses fatores pode-se dizer que teve mais união, apesar da distância das pessoas fisicamente, as redes sociais deixaram as pessoas mais próximas”, declarou Fernanda.

Vereadora em Guarapari, Fernanda agora se prepara para mais um desafio fora dos tatames, já que a lutadora anunciou recentemente a pré-candidatura a prefeitura de sua cidade natal. Conhecendo de perto como é a realidade dos atletas no país que sofrem com a falta de patrocínio e investimento, a lutadora sabe o quanto muitos atletas passam para poder treinar e se manter ao mesmo tempo:

“Hoje, a grande dificuldade é a falta de patrocinadores, no Brasil nós temos uma grande deficiência das empresas patrocinarem os atletas, então isso faz com que o Jiu-Jitsu não cresça. Precisamos de maior investimento, só assim os atletas podem se dedicar 24 horas para o esporte. O maior apoio financeiro sem dúvida é o que falta”, destacou.

Com o intuito de ensinar a arte suave para crianças carentes na periferia de Guarapari, a lutadora é idealizadora de um projeto social que faz parte da ALAMG, onde ensina Jiu-Jitsu para adolescentes no Espírito Santo. Por intermédio da arte suave, a lutadora já ajudou a tirar muito jovens das ruas, além de ensinar uma maneira de se defender, Fernanda também orienta os alunos com os princípios da modalidade focados na disciplina e no respeito. Questionada se o ensino da arte marcial daria certo nas escolas no Brasil, assim como já acontece em Abu Dhabi, a lutadora não tem dúvida que a iniciativa seria um sucesso:

“Acredito que seria muito viável o Jiu-Jitsu nas escolas, como matéria pra fazer parte da grade curricular, a gente tem um grande exemplo que é de Abu Dhabi. Hoje vemos muitas meninas praticando, mulheres dando aulas para meninas, homens para meninas, então acho muito bacana essa questão de poder ser ensinado nas escolas. Primeiro que o esporte é uma ferramenta transformadora de educação, saúde, e com certeza de segurança que é o nosso grande problema no Brasil. Quando a gente trabalha com o esporte, principalmente o Jiu-Jitsu, estamos trabalhando a coordenação física, motora, nós estamos trabalhando um uma pra ser campeão na vida, dentro dos tatames e fora dele, ser uma pessoa que sabe até se controlar”, explicou.

A lutadora ainda enfatizou a importância da modalidade para as meninas, visto o aumento da violência contra a mulher atingir índices cada vez maiores no Brasil: “Hoje, também vemos uma grande questão que é a defesa pessoal, principalmente para as mulheres e o Brasil, que é um país de alto índice de violência contra as mulheres. O Espírito Santo que é o meu estado é um dos mais violentos no Brasil e a gente tem uma cidade aqui no Espírito Santo que é muito forte nessa questão da violência contra a mulher, Guarapari que está ao lado dessa cidade também não está longe. Então, posso dizer que a importância é grande, principalmente de uma defesa pessoal. A modalidade proporciona que a mulher com a ajuda da defesa pessoal possa se defender se algum agressor for pra cima, saber sair, saber dar a queda, isso tudo ajudaria muito uma mulher que antes não tinha nenhum treinamento”, finalizou.