Seguida pelos irmãos Diaz e outros lutadores, dieta vegana pode beneficiar o desempenho de atletas, explica nutróloga Paula Cavallaro
Quando se pensa em lutador de MMA, a carne é o primeiro alimento que vem à mente por ser culturalmente relacionado à força. Longe desses estereótipos, personalidades do esporte como os irmãos Nick e Nate Diaz, Alex Caceres e o ex-campeão do Strikeforce Jake Shields fogem à “regra” ao optarem por uma dieta vegana, livre de proteína animal e derivados.
Neste Dia Mundial do Veganismo, 1 de novembro, entenda como a dieta pode, na verdade, trazer benefícios a esses profissionais. Nutróloga com especialização em emagrecimento e veganismo, Paula Cavallaro explica que a associação da força com a carne é uma construção alimentar cultural, que vem desde a pré-história, quando os homens precisavam caçar.
“Tem relação com o status da carne, é sinônimo de virilidade, mas a verdade é que uma dieta vegana variada consegue suprir o valor nutricional da proteína animal. A dieta, inclusive, pode trazer até mesmo vantagens para o desempenho do atleta”, garante a médica.
A dificuldade para esses atletas, no entanto, pode vir da quantidade de nutriente que precisará ser ingerida.
“É algo trabalhoso, mas não impossível. Vale lembrar que existe uma desinformação muito grande com relação aos valores nutricionais dos alimentos. Um copo de suco de couve com três folhas de uma planta chamada ora-pro-nóbis já tem o mesmo valor de um bife de carne, além de ser rico nutrientes como ferro, vitaminas do complexo b, entre outros”, exemplifica.
Para suprir a alta demanda de nutrientes que esses atletas de alta rendimento precisam, além de uma dieta variada, existem suportes como suplementos a base de proteína vegana, assim como vitamina B12 e vitamina D.
“Tudo depende da harmonia, quando você consegue ter um aporte calculado e equilibrado há também uma performance física melhor, isso porque a não ingestão da carne melhora a biodisponibilidade da imunidade inata do ser humano, já que o intestino consegue ter uma flora bacteriana melhorada”, explica.
Ganhos no metabolismo
Ao colocar a carne na alimentação, um alimento que putrefa dentro do corpo e possui uma meia vida de digestão de oito a doze horas, o funcionamento do metabolismo se torna mais lento, já que o alimento demanda mais energia para ser processado.
“Isso atrapalha em todo esse funcionamento do organismo e o metabolismo despende mais energia vital, há mais trabalho para digerir essa proteína animal, então você teria um rendimento metabólico melhorado com o veganismo. Além disso, retirar essa proteína da dieta pode melhorar a recuperação de lesões de forma mais rápida, já que a carne é um alimento inflamatorio”, diz.
A nutróloga lembra que o corpo é naturalmente sincronizado para estar em equilíbrio com a natureza.
“Está na nossa cronologia biológica, até mesmo os picos de cortisol do corpo humano tem relação com o nascer e o pôr do sol. A dieta vegana é mais fisiológica e muito mais harmônica para o corpo”, argumenta.
Para usufruir de alta performance dos alimentos veganos, a nutróloga recomenda ainda um cuidado maior no preparo.
“Evitar colocar temperos industrializados, optar por trazer sabor ao feijão, por exemplo, com vegetais como abóbora, quiabo, salsa, cebola, alho. Assim como é bom evitar usar óleo de soja e sal em excesso para tornar a refeição mais palatável. Dessa forma, o alimento e seu valor nutricional é muito maior, mais limpo e honesto”, garante.