Treinador escancara realidade financeira de lutadores de MMA: ‘Muito ex-UFC trabalhando de Uber’
Marcelo Brigadeiro, ex-lutador e atualmente treinador e empresário, falou sobre a dura realidade dos lutadores de MMA; saiba mais
Ex-lutador e atualmente treinador e empresário, Marcelo Brigadeiro falou sobre a realidade dos lutadores de MMA (Foto: Reprodução)
Atual campeão peso-mosca do UFC, Alexandre Pantoja trouxe à tona recentemente uma realidade que, infelizmente, é comum entre muitos lutadores de MMA. O brasileiro confidenciou que precisou trabalhar como motorista do “Uber Eats” cerca de dois anos antes da vitória contra Brandon Moreno, conquistada em julho, na luta co-principal do UFC 290, onde conquistou o cinturão da categoria até 57kg do Ultimate.
Alexandre Pantoja disse que precisava encontrar um segundo emprego na Flórida (EUA), onde mora, durante a pandemia da COVID-19 para sobreviver. Na época, o brasileiro havia acabado de vencer Manel Kape, em fevereiro de 2021, poucos meses depois de perder para Askar Askarov, onde desempenhou o papel de lutador reserva da disputa de cinturão entre Deiveson Figueiredo e Joseph Benavidez. Pantoja contou que, em meio à pandemia, decidiu mandar sua esposa e filhos de volta ao Brasil por algum tempo, por conta da falta de dinheiro.
O relato apresentado por Alexandre Pantoja representa, como já citado, a realidade de muitos lutadores de MMA, principalmente daqueles que não estão nas maiores organizações do mundo na modalidade. Quem também falou sobre o assunto foi o ex-lutador Marcelo Brigadeiro, que atualmente trabalha como treinador e empresário. Em entrevista ao “Buteco Podcast”, Brigadeiro falou abertamente sobre as dificuldades que os lutadores de MMA podem enfrentar ao longo da carreira e deixou claro que apenas uma parcela mínima dos atletas consegue se sustentar.
“O MMA é uma selva. É uma carreira muito curta, onde você tem que ganhar muito para garantir que não vai passar perrengue pelo resto da vida. 5% dos caras ganha dinheiro de verdade, de ganhar para nunca mais se preocupar na vida, uns 20% ‘ok’, o resto, 70%, por aí, vai se f***, não vai conseguir fazer dinheiro suficiente… Vai lutar no UFC, três ou quatro anos depois vai estar trabalhando de Uber. Tem muito ex-UFC trabalhando de Uber”, contou Marcelo Brigadeiro, que seguiu.
“É um mix de tudo. Lutador de MMA, geralmente, tem o mesmo histórico. Vem de família desestruturada, nível intelectual baixíssimo, escolaridade nula. Logicamente, um cara desse não vai fazer as melhores escolhas em relação ao dinheiro dele… Um cara desse, às vezes, não tem nem a noção de que a carreira é curta, porque não tem a capacidade cognitiva de perceber isso.
Somado a isso, uma completa desorganização do esporte em si. Aí você junta as duas coisas e tem uns caras que até ganham um dinheiro ‘ok’. Mas lutador só ganha quando luta, não é igual jogador de futebol, que recebe todo mês. Aí esse cara tem uma lesão grave, fica um ano e meio sem lutar. Nisso, é um ano e meio sem receber nada. Então, é um esporte ingrato”, afirmou o treinador.