Exclusivo! Árbitros citam erros ‘absurdos’ no UFC 294 durante luta de Walker: ‘Inventam regras’
À TATAME, os renomados árbitros Flavio Almendra e Mario Yamasaki opinaram sobre a polêmica luta de Johnny Walker no UFC 294
Por Carlos Targa • 26 de outubro de 2023 • MMA, UFC
Duelo do brasileiro Johnny Walker no UFC 294 terminou em polêmica e sem resultado (Foto: Reprodução/UFC)
O UFC 294, sem dúvidas, ficará marcado na história do MMA. O card que aconteceu no último dia 21, em Abu Dhabi (EAU), contou com imprevistos em três das quatros lutas principais, tendo substituições de lutadores cerca de dez dias antes do show. O evento seguiu e contou com grandes combates e belos nocautes, mas um confronto terminou sem resultado – e que segue repercutindo.
O embate entre o brasileiro Johnny Walker e o russo Magomed Ankalaev, que poderia definir o próximo desafiante ao cinturão dos meio-pesados do UFC, terminou de forma decepcionante para os lutadores e todos os fãs. Ankalaev acertou uma joelha ilegal em Walker, quando o brasileiro estava em posição de três apoios e, pela regra, não podia ter sido atacado com esse golpe. Imediatamente, a luta foi paralisada, o carioca foi examinado e o médico constatou que ele não poderia seguir no combate. Então, o árbitro central encerrou o confronto e declarou “No Contest” (luta sem resultado), o que gerou a revolta de Johnny, que precisou ser contido por Dana White.
Imediatamente, os especialistas e comentaristas de MMA questionaram as decisões do médico, que impediu o brasileiro de seguir na luta, e do árbitro central – que não desclassificou Ankalaev por conta do golpe ilegal. Mediante a isso, a TATAME conversou com dois renomados árbitros de MMA internacional, Flavio Almendra, eleito seis vezes o melhor árbitro do Brasil, e Mario Yamasaki, que teve passagem marcante de 20 anos no UFC. Ambos opinaram sobre a decisão final do árbitro Daniel Movahedi, que comandou a disputa entre Walker e Ankalaev.
“Foi um erro absurdo do árbitro decretar o ‘No Contest’, eles (árbitros) inventam as regras, ditam as regras e subvertem as regras de acordo com interesses próprios. Nesse caso, não dá para dizer que foi uma joelhada involuntária, porque são dois lutadores profissionais gabaritados, com larga experiência. O Johnny Walker está claramente em três apoios, na posição de solo. Um posição clara que ele não poderia receber joelhada na cabeça em nenhum lugar do mundo. Nenhuma regra do mundo admitira uma joelhada nessa posição”, analisou o árbitro, que seguiu:
“Isso não pode ser contemplado com golpe involuntário, porque ele assume o risco aos realizar a ação. Mesmo que o Ankalaev tinha buscado acertar o peito do Walker e acerta a cabeça, isso é imprudência. Foi clara a ação. Se a regra fosse cumprida, essa luta jamais poderia ter sido declarada ‘No Contest’. O resultado correto seria a desclassificação do Ankalev”, declarou Almendra.
Mário Yamasaki acompanhou a mesma linha de raciocínio de Almendra, onde a luta deveria ter terminado com a desclassificação de Ankalaev, mas ressaltou a autonomia médica com poder para encerrar a luta: “Na minha opinião, a joelhada foi intencional e o Ankalaev deveria ter sido desclassificado, mas como o árbitro definiu como joelhada não intencional, ela (luta) acabou como ‘No Contest’, ninguém ganhou. Mas aconteceram outros erro ali”, pontou o ex-árbitro do UFC, que completou:
“O primeiro deles foi que o árbitro não deveria ter chamado o médico naquele momento. Ele deveria ter visto como terminou a ação do golpe. A primeira coisa que o Walker fez foi apontar para o queixo e acusar o golpe, isso mostrou que ele estava consciente. O segundo erro foi o árbitro ter saído de perto do médico. Como a gente tem mais experiência em luta, ele (árbitro) devia ter feito as perguntas básicas, as mesmas que geraram confusão no médico e ele decidiu acabar a luta. É uma discussão longa sobre isso. Como não somos médicos, temos que acatar a decisão médica e acabar a luta. Mas ali, foi claro que a vitória teria que ser do Johnny Walker por desclassificação do russo”.
Em caso semelhante, Petr Yan perdeu o cinturão peso-galo
Os árbitros também comentaram sobre um dos casos lembrados pelo fãs, para defender a desclassificação Magomed Ankalaev. O confronto entre Petr Yan contra o Aljamain Sterling, em 2021, pelo UFC 259, terminou com a vitória do americano após sofrer uma joelha ilegal do então campeão, que perdeu o cinturão dos galos. Mario Yamasaki foi direto sobre esse confronto: “O caso na luta entre o Yan contra Sterling aconteceu no quarto round e foi classificada como intencional, foi o que faltou na luta do Walker. A joelhada do Ankalaev foi classificada como não intencional”, comentou.
Flavio Almendra opinou de forma semelhante: “Na luta do Petr Yan contra o Sterling, ali o árbitro desclassificou o russo de forma corretíssima. O Sterling estava na mesma posição do Johnny Walker. A diferença está apenas no fato que o brasileiro estava encostado na grade e o Sterling estava no meio do cage. Ali não tem do que reclamar. O árbitro teve peito e desclassificou o Yan, porque não haveria outra alternativa”, finalizou.
Confira abaixo o vídeos com o golpe ilegal de Magomed Ankalaev em Johnny Walker no UFC 294
O desfecho em 🇧🇷 Johnny Walker x 🇷🇺 Magomed Ankalaev. O médico teria interrompido a luta porque perguntou a Walker em que país eles estavam e o brasileiro respondeu “no deserto”. “Lutador sujo”, acusou Walker posteriormente. Uma revanche deverá acontecer.pic.twitter.com/cFlkE9g8tF
— MMA Melotto (@MMAmelotto) October 22, 2023