Brasileiro supera ‘perrengue’ em voo e conquista cinturão na Coreia do Sul; saiba mais
Vinte mil quilômetros de distância, três conexões e mais de 30 horas de voo. O catarinense Giácomo Lemos precisou encarar uma verdadeira maratona para chegar a Seoul, na Coréia do Sul, onde disputou o cinturão do Angel’s Fighting 10, realizado na última segunda-feira (28), contra o coreano Sang Soo Lee. O “Viking” nocauteou o adversário e faturou o título dos pesados, mas o maior desafio não foi a luta e sim o drama que passou no voo para chegar ao seu destino final. Com 1,90cm, ele foi colocado na classe econômica e precisou alternar momentos em pé no corredor com cochilos no banheiro da aeronave.
“A viagem foi desastrosa, cheguei a dormir no banheiro do avião, e alternava com trechos em pé, pois sou muito grande e me mandaram passagem para ir de econômica. O voo estava lotado e eu não tinha como ser realocado. E o drama só aumentou quando eu cheguei. Eu mal tive tempo de descansar. A organização já me colocou para fazer promoção da luta e tive que pesar duas vezes, uma pela manhã e outra à tarde. No dia seguinte, um dia antes da luta, passei quase que o dia todo gravando o vídeo promocional e ensaiando a entrada. E ainda teve o frio. Nos deslocamentos para as filmagens, nos colocavam na calefação e depois nos faziam sair em uma temperatura de 10 graus negativos. Mas isso não me atrapalhou, pois eu me alimento muito bem e estava com a imunidade boa”, contou o atleta da equipe Rangel Farias e Tonicão Team.
Além de todo o perrengue no voo, o brasileiro havia sido chamado para o combate faltando apenas 20 dias para o evento. Com o pouco tempo de treino e tudo o que enfrentou até o dia da luta, o brasileiro avalia a sua atuação como mediana.
“Minha atuação foi mediana. Apesar de ter trazido o cinturão, eu estava com 50% da minha capacidade física devido a viagem. Também não tive um camp adequado, pois fiquei sabendo que iria lutar com 20 dias de antecedência. Me senti muito pesado e não estava com o meu melhor percentual de gordura. No dia da luta, era nítido o cansaço no trabalho de aquecimento”, explicou Giácomo, que se viu obrigado a mudar a sua tática de luta para sair com a vitória.
“Precisei mudar a estratégia de luta em cima da hora devido ao cansaço. Eu ia fazer um trabalho de grade com ele, para não trocar no começo, pois é onde ele teria mais chances, tanto que me abriu um rasgo enorme na minha testa. Como eu estava muito desgastado fisicamente, se eu fosse fazer esse trabalho de isometria de grade para cansá-lo, e ele tem um bom jogo de Sambô, era capaz de ficar mais desgastado ainda. Então entrei para decidir na trocação logo no primeiro round, pois eu sabia que os próximos seriam mais difíceis devido ao desgaste”, disse o catarinense, que venceu por nocaute técnico, com o adversário não conseguindo voltar para o terceiro round.
A vitória veio no sufoco. Mas o cinturão quase não vaio na mala com Giácomo. “Não queriam me deixar levar o cinturão. Estava tudo pronto para a vitória do Sang Soo Lee, mas joguei água no chope deles. Mas, depois de muita burocracia, consegui levar o cinturão. No final da luta, nem atendido pelos médicos eu fui”, relatou.
Próximos passos
Já de volta a Florianópolis depois de um novo perrengue no voo para voltar para casa, Giácomo agora faz planos para o futuro. Invicto no MMA com cinco lutas e cinco vitórias, sendo quatro por nocaute e uma por finalização, o catarinense acredita que já tem bagagem para lutar em eventos como o UFC e o Bellator.
“Com um camp adequado eu já poderia tranquilamente lutar a preliminar de um evento grande, como o UFC ou o Bellator. Eu quero seguir evoluindo muito. Agora vou recuperar algumas pequenas lesões para ficar pronto para uma próxima luta. Acredito que após todas dificuldades enfrentadas na Ásia, ganhei ainda mais experiência, e me senti muito à vontade dentro do octógono”, concluiu.