Gutemberg analisa revés para Erberth e questiona prêmio antes do Mundial: ‘Nenhuma divisão tem 33 atletas’
Por Diogo Santarém
Mesmo com apenas 26 anos de idade, o baiano Gutemberg Pereira é um faixa-preta repleto de atribuições. Além de ser o responsável por filais da GFTeam em Toledo e Ohio, nos Estados Unidos, o lutador é também um dos principais nomes da equipe brasileira no circuito competitivo e, quando não está com o quimono, atua como empresário.
Pronto para mais um desafio, o faixa-preta entra em ação nesta semana, no Mundial de Jiu-Jitsu da IBJJF, onde lutará na divisão dos super-pesados. O campeonato – principal do esporte – acontece de quinta-feira a domingo (2), na Califórnia (EUA). Antes de pisar no tatame, porém, Gutemberg conversou com a TATAME sobre sua expectativa.
“Já sei quem é o meu primeiro adversário (Rafael Vasconcelos, da Atos) e os possíveis também. Estudar eles, eu não estudo tanto, fico bastante focado em mim. Se eu estiver bem comigo mesmo e mentalmente tranquilo no dia da competição, não vejo o porquê de estudar muito os meus adversários. Já lutei com a maioria deles e gosto de assistir alguns também, então eu conheço o jogo de quase todos. Acho que o mais importante é focar nas minhas posições fortes e ir para o campeonato com meu jogo afiado”, afirmou Berg, que em busca do seu primeiro título mundial na faixa-preta após brilhar nas faixas coloridas, garante foco na disputa da categoria, deixando o absoluto em segundo plano.
“Meu grande objetivo é a minha divisão, ser campeão absoluto é algo que vai acontecer no decorrer da minha carreira se eu continuar me dedicando, mas no momento o objetivo principal é ser campeão da minha categoria. Esse é o primeiro passo, um passo por vez…”.
Atrás da conquista inédita, Gutemberg garante ter aprendido e evoluído com seu revés pra Erberth Santos no F2W 111, no início de maio, quando perdeu o cinturão do Fight 2 Win.
“Aprendi que preciso atacar mais sem ter medo de errar posições. Quando você está ali nas quatro linhas, são muitos os sentimentos que você carrega durante a luta, e naquele momento o meu sentimento de não errar foi maior do que o de acertar, então foi algo que eu aprendi. Na dor, mas aprendi (risos)”, garantiu o pupilo do mestre Júlio Cesar Pereira.
Confira outros trechos da entrevista com Gutemberg Pereira:
-Análise da derrota para o Erberth Santos e lições
Foi uma luta um pouco monótona, não atacamos muito, eu fiquei esperando a reação dele e ele esperando a minha na maior parte da luta. Optei por jogar fazendo ‘worm guard’, só que não aconteceu de eu conseguir encaixar nenhuma posição. No final da luta fomos para a decisão dos árbitros e eles árbitros deram a vitória para o meu adversário. De lição, como já falei, tiro que o desejo de acertar tem que ser maior que o de errar na luta.
-Treinos e preparação para o Mundial da IBJJF
Eu vinha treinando para o Pan e a luta no F2W caiu um pouco depois do Pan, então eu já estava treinando há algum tempo. Depois disso eu apenas intensifiquei um pouco mais os treinos para o Mundial e tentei corrigir os erros cometidos no Pan e no F2W.
-Opinião sobre a premiação em dinheiro no Mundial
Sobre a premiação em dinheiro, é um bom começo pagando os atletas (no adulto faixa-preta), eu só acho que eles (IBJJF) têm que ser mais coerentes e realistas com a quantidade de atletas que a chave tem que ter para pagarem certas premiações. A maior premiação por categoria é de US$ 7 mil, mas para pagarem isso a chave tem que ter no mínimo 33 atletas, e a maior chave é a do peso leve, com 32, então nenhuma chave de peso vai conseguir receber esses US$ 7 mil, sendo que estamos falando de Mundial! No IBJJF Pro League eles pagam US$ 40 mil, no BJJ Pro pagam US$ 4 mil para o campeão e só precisam ter três atletas na chave, se não me engano, então porque no maior campeonato da nossa modalidade tem que ter essa quantidade de atletas para pagarem US$ 7 mil?
E no feminino? Quando na história do Jiu-Jitsu uma chave do feminino teve 33 atletas ou mais do que 20 na faixa-preta, então acho que eles teriam que ser mais coerentes com as meninas também. Eu não quero ser ‘hater’ da IBJJF e nem julgar o trabalho deles, mas acho que com opiniões eles podem melhorar, até porque a IBJJF é uma peça fundamental para o crescimento do Jiu-Jitsu e só torço para que eles melhorem com os anos.