Sergipano radicado na Espanha, Alberth Dias aguarda retorno ao Bellator após estreia vitoriosa e não desanima mesmo com impactos da pandemia
* Em ascensão no MMA, o brasileiro Alberth Dias, radicado em Madri, na Espanha, há cinco anos, continua focado na possibilidade de lutar na categoria peso pena em mais uma edição do Bellator, prevista para acontecer em fevereiro de 2021, nos Estados Unidos. Sua estreia no evento foi no início deste ano, quando derrotou, em Dublin, o experiente irlandês Rich Smullen, integrante da equipe SBG Ireland – mesma de Conor McGregor.
Natural de Aracaju, Sergipe, Dias contou em entrevista ao repórter Pierre Baldez, enviado da TATAME, como vem superando as expectativas frustradas no ano de 2020, já que sua segunda luta, marcada para outubro, foi cancelada devido à pandemia. Antes do bate-papo com o lutador, nossa equipe buscou conhecer um pouco mais da trajetória de Alberth, que está na capital sergipana nesta terça-feira (22/12) para participar ao lado de Rodrigo Vidal, treinador de Anderson Silva, do exame de graduação de Muay Thai na Killer Bees.
Alberth Dias é grau preto de Muay Yhai e começou a se dedicar à arte tailandesa aos 15 anos no Clube da Luta, em Sergipe, onde também praticava Jiu-Jitsu. No seu estado natal, se destacou em diversos eventos importantes e fez história durante dez anos, alcançando seus melhores resultados em 2011, após ter vencido as quatro etapas do Estadual e ser reconhecido como melhor atleta daquele ano pela Federação de Sergipe de Muay Thai.
Dias lembrou que sua primeira experiência no universo das artes marciais mistas foi oito anos atrás, no Sergipe Sport Fight MMA. Depois de conquistar alguns torneios locais, o lutador foi para São Paulo com o objetivo de ganhar mais expertise. “Meu divisor de águas no MMA ocorre quando faço o training camp do Charles do Bronx, que se preparava em 2013 no Guarujá para enfrentar o ‘Zumbi Coreano’ no UFC Fight NIght. A partir daí, notei que precisava me aperfeiçoar e participar de mais eventos como lutador”, contou.
A relação com o brasileiro Do Bronx serviu de impulso para buscar novos horizontes. A partir de 2014, Dias fez duas lutas em eventos de MMA em Portugal, onde decidiu morar durante um ano. No entanto, foi a partir de 2015, com sua ida para a capital espanhola, que o atleta começou a se profissionalizar cada vez mais. Em Madri, passou a dar aulas de Muay Thai na Tatami Esfera e a competir em eventos espanhóis de alto nível de MMA, como AFL (Ansgar Fighting League) e Strikers League, além de eventualmente participar de competições de Jiu-Jitsu.
A seguir, confira o bate-papo completo com Alberth Dias:
– Como vem se preparando para a possibilidade retornar ao Bellator em fevereiro de 2021?
Depois da primeira luta, reduzi muito o ritmo de treino porque como foi em fevereiro e logo em março veio o confinamento em Madri, onde moro e treino, me senti muito desmotivado, pois a possibilidade da segunda luta ocorrer em maio era muito pequena. Mas em julho a direção do evento sinalizou que haveria grandes possibilidades de eu lutar em outubro. Com o abre e fecha da academia, voltei a treinar em casa mesmo.
– E como foi treinar em casa durante a pandemia do coronavírus?
Tirei a mesa da sala (risos) e coloquei um tatame para treinar. Além disso, passei a fazer manopla e aparador, mas chegou um momento que o treino ficava muito limitado e estressante. Não conseguia manter a disciplina necessária para pegar o ritmo para uma luta profissional. Chegou um momento que passei a praticar Yoga para aliviar toda a tensão.
– A pouco mais de dois meses do seu retorno, como está a reta final do camp de treinos?
Aproveitei o pouco tempo de reabertura das academias para treinar com a minha equipe em Madri (Killer Bees Muay Thai College, fundada por Rodrigo Vidal e o Anderson Silva). Mas como falei a oscilação do abre e fecha (das academias) ainda não me deu o ritmo ideal. Como tenho contrato com o Bellator, não participei de outro evento da mesma modalidade. De qualquer forma, para não perder o ritmo, estou sempre buscando alternativas. Então, aproveitei e participei do Campeonato Europeu da FIJJD, em Valencia, na Espanha, no final de outubro.
– O Bellator já definiu quem será o seu próximo adversário?
Ainda não sei, porque com a pandemia o Bellator tem deixado para escolher os oponentes muito próximo do evento a fim de evitar desistência por conta de possíveis contágios, como tem acontecido muito em todos os eventos.
– Fica mais difícil de se preparar contra um oponente desconhecido?
Sem dúvida, é muito mais complicado só saber quem é meu adversário semanas antes do dia da luta, porque não consigo desenvolver uma estratégia de treino focada no meu oponente. Por outro lado, o adversário muitas vezes também não sabe com quem vai lutar. Logo, estamos em pé de igualdade, já que ele não conhece meu estilo com antecedência.
– Como você pretende tirar proveito no Brasil para a próxima luta no Bellator?
Já começo a treinar nesta terça-feira na unidade da Killer Bees de Aracaju, onde estarei também para o exame de grau ao lado do Rodrigo Vidal (treinador de Anderson Silva). No Brasil, onde ficarei pelo menos 20 dias, não vai faltar treino, vai ser muito mais fácil para treinar e fazer algum camp porque tenho muito mais companheiros de treino, já estou em um universo bem mais amplo para pegar o ritmo.
– Quais são suas expectativas em lutar pela primeira vez nos Estados Unidos?
São as melhores possíveis. Lutar nos EUA vai abrir as portas para novas lutas. Recentemente passei na pré-seleção do reality show do UFC, que acontece justamente lá, e aguardo ainda as próximas fases para saber se serei um dos participantes. Se isso ocorrer, será mais uma porta que estarei abrindo para ascender ainda mais no MMA.
* Texto por Pierre Baldez / Fotos por Yu Tian e Edu Oyana