ACB JJ 10: João Gabriel e Paulo Miyao são campeões; Buchecha e Lo triunfam
A expectativa era grande, o card reunia os principais nomes do Jiu-Jitsu mundial e o palco era o Brasil, berço da arte suave. E a noite da última sexta-feira (26) confirmou o ACB JJ 10 como o maior show da modalidade. No total, 37 títulos mundiais passaram no tatame montado no clube Hebraica, em São Paulo, entre os 34 lutadores escalados na edição. Consagração de dois campões, finalizações e embates de alto nível técnico fizeram a festa.
A próxima ação do Absolute Championship Berkut no Brasil é o Open de Jiu-Jitsu nos dias 3 e 4 de fevereiro, também em São Paulo. Com uma boa premiação em dólar, totalizando mais de US$ 50 mil distribuídos entre os três melhores de cada faixa e categoria, além dos torneios absolutos, o Open tem as suas inscrições abertas até o dia 30 deste mês.
Rocha e Miyao: os grandes campeões
João Gabriel Rocha e Luiz Panza foram os encarregados de fechar o épico card do ACB JJ 10. Valendo o título peso-pesado (acima de 95 kg), o main event do show foi marcado pelo equilíbrio. Rocha aproveitou os rounds iniciais para pontuar e abrir vantagem na contagem dos juízes laterais. Com boas quedas, o carioca ditou o ritmo. Panza esboçou ataque no pé no último minuto de luta, mas sem efetividade. Para confirmar o triunfo, João Gabriel Rocha botou o joelho na barriga do adversário para garantir três pontos e o título.
“Esse cinturão tem um gosto muito especial para mim. Fiz parte da história do Jiu-Jitsu ao protagonizar a luta principal do card histórico do ACB JJ 10, vencer e poder levar para casa o título. Foi uma batalha intensa, como já imagina que seria. O Panza é muito duro, vendeu caro o resultado, mas lutei com inteligência. Quero agradecer a todos que estiveram comigo nessa caminhada. Foi uma noite inesquecível”, comemorou o novo campeão.
O domínio de Paulo Miyao para ser o dono do cinturão da categoria peso-leve (até 65 kg) foi grande. Diante do também campeão mundial Augusto Tanquinho, o pupilo de Cícero Costha se impôs, mandou no combate e, com incríveis raspagens, confirmou a dominação ao longo dos cinco rounds do duelo. “Minha estratégia era ganhar”, disse após a vitória.
Buchecha e Lo dominam e fazem a festa
Após anos de ausência em São Paulo, os paulistas Marcus Buchecha e Leandro Lo mataram a saudade de lutar em casa. Decacampeão mundial e maior nome do Jiu-Jitsu na atualidade, Buchecha estreou pelo ACB em grande estilo. Diante do duro Mahamed Aly, ele dominou o placar nos três rounds e venceu por decisão unânime dos juízes laterais.
“O ACB não é um dos maiores eventos de Jiu-Jitsu do mundo, é o maior evento de Jiu-Jitsu do mundo. Tem um sabor especial lutar em São Paulo depois de quase 10 anos. Quando vi o card, eu não estava escalado. Pedi para a organização me escalar porque não queria ficar de fora dessa festa. Quero agradecer a todos, estou muito feliz”, comentou Buchecha.
Assim como seu amigo e conterrâneo, Leandro Lo controlou as ações no tatame. Otávio Sousa até tentou desgarrar do eficiente jogo de Lo, mas em vão. O pentacampeão mundial pontuou round a round e venceu também na decisão unânime, levantando a torcida.
Lepri impecável e desistência de Erberth
Lucas Lepri fez da sua noite algo inesquecível. Diante do jovem Marcio André, o penta mundial colocou a experiência dentro do tatame, ditou o ritmo da luta e não deu chances ao prospecto, finalizando-o na segunda etapa com um estrangulamento pelas costas.
Se Lepri mostrou técnica de sobra, Patrick Gaudio usou o coração para vencer. O embate contra Claudio Calasans, campeão mundial e do ADCC em 2015, foi intenso, mas o êxito chegou após 15 minutos de luta. “Quando tomei a guilhotina – no segundo round –, eu acho que apaguei. Fiquei muito tonto, não sabia aonde estava. Ouvi os gritos da galera e pensei ‘acho que estou lutando’. O grito de vocês me ressuscitou”, agradeceu Gaudio.
A surpresa também marcou presença no tatame do ACB JJ 10. No confronto entre Erberth Santos e Adam Wardzinski, o brasileiro dominou completamente as ações no round inicial, abrindo 10 a 0 no placar em pouco mais de um minuto. Depois disso, Wardzinski cresceu na luta. Teve raspagem, passagem de guarda e até montada polonesa antes de Erberth soltar os três tapinhas desistindo do combate ao sentir alguma lesão.
Barral vence, e Rudson supera Braulio
A emoção tomou conta após Romulo Barral ter o braço erguido pelo árbitro central. O pentacampeão mundial sobrava no placar do embate contra Arnaldo Maidana até que, no segundo round, finalizou no estrangulamento da montada. Quando todos imaginavam que o momento mais bonito já havia acontecido, o mineiro aproveitou para homenagear seu pai, que emocionado acompanhou o triunfo do filho das primeiras fileiras de assentos.
“Hoje eu tenho a oportunidade de fazer o que nunca fiz, que é agradecer meu pai. Quando eu não tinha nada, tinha apenas um sonho, ele me dava o único dinheiro que tinha no bolso para eu treinar. Sou de uma família muito simples, mas com a ajuda do meu pai, sempre acreditando em mim, consegui chegar até aqui. Obrigado”, glorificou Barral.
Outra lenda viva do Jiu-Jitsu que entrou em ação foi Braulio Estima, comentarista do show. O “Carcará”, como é conhecido o tricampeão, tirou o elegante terno que usava para a transmissão, vestiu seu quimono e fez luta equilibrada contra Rudson Mateus. Ao final dos três rounds, Mateus levou a melhor por pontos. “O Braulio é minha inspiração até hoje, então foi uma honra lutar com ele. Estou muito feliz por vencer”, comemorou Rudson.
Campeão do ADCC em 2015, Yuri Simões também vestiu o quimono e pisou no tatame. Após três rounds de muito equilíbrio, o brasileiro levou a melhor sobre o russo Abdurakhman Bilarov na decisão unânime dos juízes laterais e celebrou o triunfo.
Fedor, Igor, Moizinho e Musumeci abrem
Como esperado, o ACB JJ 10 começou com muita intensidade em seus combates. E quem levantou o público presente no ginásio foi Gabriel Fedor, que contou com apoio maciço da torcida para virar o embate diante Ricardo Evangelista. No round inicial, Evangelista abriu 6 a 0, mas a pressão de Gabriel fez a diferença ao seu favor nos rounds finais e o triunfo foi anunciado após decisão dividida dos juízes, para festa dos fãs no Hebraica.
Quem não esperou o final dos rounds para comemorar a vitória foi Igor Silva. Contra Rodrigo Cavaca, o carioca foi para as costas e finalizou no estrangulamento, ainda no round inicial. Quem também arrancou os três tapinhas do adversário rapidamente foi o americano campeão mundial Mikey Musumeci, que pegou Rafael Barata na chave de pé. Osvaldo Moizinho, no segundo round, finalizou Nicollas Welker com uma omoplata.
Em duelos marcados pelo equilíbrio, Lucas Rocha, Luan Carvalho e Thiago Sá levaram a melhor sobre Rodrigo Caporal, Marcelo Mafra e Josh Hinger, respectivamente, todos por decisão unânime dos juízes laterais após muita intensidade mostrada no tatame.
RESULTADOS COMPLETOS:
ACB Jiu-Jitsu 10
Clube Hebraica, em São Paulo (SP)
Sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
João Gabriel Rocha derrotou Luiz Panza por decisão unânime dos jurados
Paulo Miyao derrotou Augusto Tanquinho por decisão unânime dos jurados
Marcus Buchecha derrotou Mahamed Aly por decisão unânime dos jurados
Leandro Lo derrotou Otavio Sousa por decisão unânime dos jurados
Lucas Lepri finalizou Marcio André com estrangulamento pelas costas no 2R
Adam Wardzinski derrotou Erberth Santos por desistência no 2R
Patrick Gaudio derrotou Claudio Calasans por decisão unânime dos jurados
Romulo Barral finalizou Arnaldo Maidana com um estrangulamento no 2R
Yuri Simões derrotou Abdurakhman Bilarov por decisão unânime dos jurados
Rudson Mateus derrotou Braulio Estima por decisão unânime dos jurados
Lucas Rocha derrotou Rodrigo Caporal por decisão unânime dos jurados
Gabriel Fedor derrotou Ricardo Evangelista por decisão dividida dos jurados
Luan Carvalho derrotou Marcelo Mafra por decisão unânime dos jurados
Igor Silva finalizou Rodrigo Cavaca com um estrangulamento pelas costas no 1R
Thiago Sá derrotou Josh Hinger por decisão unânime dos jurados
Osvaldo Moizinho finalizou Nicollas Welker com uma chave de omoplata no 2R
Mikey Musumeci finalizou Rafael Barata com uma chave de pé no 1R