De Belém a Joinville, conheça a história do treinador e lutador de Muay Thai que tem filial na China
Eric Guimarães contou sobre sua trajetória e o que o mundo da luta o proporcionou (Foto Divulgação)
Por: Yago Rédua
Eric Guimarães começou a sua história no Muay Thai em Belém do Pará, na região Norte do Brasil. Contudo, por problemas pessoais e a dificuldade para “organizar” a modalidade na região, o lutador e treinador aceitou o convite para trabalhar na Team Nogueira, em Joinville, no estado de Santa Catarina. Pensando em “refrescar” a cabeça após a morte da filha, o mestre se mudou e começou a construir sua trajetória de sucesso, como contou à TATAME.
“Nos tínhamos uma equipe formada em Belém do Pará com esse meu treinador e um outro lutador, que hoje segue carreira na American Top Team. Eu tive uma perda muito grande lá no estado (Pará). Eu fui presidente da Federação Paraense de Muay Thai, fiz alguns eventos, formei vários atletas junto com esse meu treinador. Eu comecei a namorar com uma moça, ela tinha uma filha e a menina se tornou a minha filha também, mas ela tinha um problema de macrocefalia e veio a falecer algum tempo depois, além de vários outros problemas que ocorreram. Eu queria organizar o esporte, mas os treinadores mais antigos não aceitavam. Eles não faziam nada e queriam atrapalhar o que eu estava tentando fazer. Somando o que aconteceu com a minha filha, eu cansei. Então, eu recebi o convite para trabalhar na primeira franquia da Team Nogueira em Joinville. Vi a oportunidade de esfriar a cabeça e passar um tempo. Dei aula durante onze meses e depois abri a minha academia”, relembrou Eric sobre o período difícil que viveu até chegar o sul do país.
Sobre a academia, Eric contou que a CT Kingboxing, que surgiu em 2007, mas só teve a bandeira fincada em 2013, não deve nada para nenhuma outra equipe. Além disso, explicou como faz para manter o foco em ser lutador e treinador ao mesmo tempo.
“Essa parte de ser treinador e ser atleta é bem complicado. Temos que manter o foco e isso é muito difícil, mas graças a Deus eu consegui conciliar. Abri horários específicos para os atletas treinarem. Eu faço meus atletas treinarem em horários comerciais, que são as partes técnicas e o restante no horário que definirmos. São duas vezes ao dia que nós treinamos, de manhã e à noite. Antes foi difícil, porque eu sou bem focado. Quando eu começo, quero manter o foco até o fim. Não estava sabendo conciliar as coisas. Então, comecei a fazer com mais calma, pedi conselho para o meu treinador, que acabou voltando para Belém por causa da família. Então, foi mais difícil ainda. Hoje temos uma equipe com mais de 30 atletas, sendo 16 profissionais. Alguns iniciantes”, comentou o pentacampeão brasileiro no Muay Thai, contando sobre a experiência na Ásia e a filial na China.
“Na China, foi meio que hilário… Eu recebi o convite do Mestre Marcelo Judici para dar um treino lá na China e fazer um teste, na verdade. Eles gostam de Jiu-Jitsu, inclusive, os brasileiros são vistos com bons olhos por lá por causa da arte suave. Com o Muay Thai eles pegam professores de países vizinhos, é bem raro que outro estrangeiro, que não seja tailandês ou filipino, trabalhe na China. Brasileiro é raro, acho que eu fui um dos primeiros e dar aula lá. Eu fui para lutar, mas não consegui, por causa do meu visto, porque o cara deu entrada errada no meu visto. Então, eles decidiram não me colocar para lutar. Mas, eu fiz bastante contato com brasileiros e recebi convite para colocar alunos para em outras academias. Só que eu disse que eles só vão depois de fizerem um curso de inglês e mandarim. Eu comecei a falar inglês e chinês, para poder me virar, porque foi muito difícil. Eu deixei um instrutor lá, que já era atleta, mas não tinha muita base. Não autorizei ele a dar treinos, porque ele não tem muita experiência. Mas, graças a Deus eu consegui a façanha de deixar lá e tenho convite para deixar mais alunos”, encerrou.