Thiago Pitbull cita as diferenças entre Boxe sem luvas e MMA: ‘Guerra o tempo todo’
* Atualmente com 37 anos, Thiago Pitbull ficou conhecido no mundo da luta por sua trajetória no UFC, que durou 14 anos e contou com lutas emblemáticas, como a disputa de cinturão contra Georges St-Pierre, em 2009, entre outros grandes combates. No ano de 2019, porém, o brasileiro viu seu contrato com o Ultimate chegar ao fim e, então, resolveu fazer uma mudança “radical” em sua carreira. O cearense migrou para o Boxe sem luvas e passou a atuar pelo evento BKFC (Bare Knuckle Fighting Championship), organização norte-americana que vem crescendo no cenário das lutas nos últimos anos.
A ousadia em tomar a atitude de trocar de modalidade tendo uma carreira consolidada no MMA foi premiada e, em junho, ao derrotar Ulysses Diaz por nocaute técnico, Pitbull conquistou o cinturão peso-médio do BKFC, um grande feito para sua carreira nas artes marciais. Com a grande experiência que adquiriu no MMA e agora lutando no Boxe sem luvas, o atleta, em entrevista à TATAME, citou as diferenças entre as modalidades e confidenciou que considera “mais fácil” a preparação e até as lesões que surgem para um duelo no Boxe sem luvas.
“É uma luta bem mais gráfica (no Boxe sem luvas). Como você luta com a mão ‘seca’, é até bem difícil quebrar a mão, porque a gente enfaixa bastante essa área, fica parecendo um gesso. Você corta bem mais rápido, o sangue aparece mais rápido, mas em relação aos danos no corpo, é bem mais fácil lutar no Boxe sem luvas em relação ao MMA. Quando eu estava no MMA, ao terminar uma luta, meu corpo estava todo dolorido, minhas pernas, pelos chutes, a costela, enfim, o corpo todo. No BKFC, sua mão vai inchar, você vai cortar a cara um pouco, mas não tem muitos traumas, como as pessoas acham. Se a mão conecta seca, você vai apagar. Em relação à preparação, também é diferente uma coisa da outra. Considero a preparação para uma luta de Boxe sem luvas bem mais fácil, porque no MMA envolve mais áreas da luta, como o grappling, por exemplo, que exige muita parte física”, contou o lutador, que falou também sobre como é a recuperação após uma luta no Boxe sem luvas.
“Você vai ficar com a cara cortada, um pouco inchado durante umas semanas, assim como suas mãos, mas o resto do corpo fica tranquilo. Quando lutava MMA, eu mal conseguia andar (risos), ficava muito dolorido. No Boxe sem luvas, o dano é imediato. Você sofre cortes, mas isso é bem mais simples de resolver. Converso com os médicos só em relação ao que preciso fazer para me recuperar após uma luta. Em relação a colocar gelo, para saber se os pontos foram bem feitos no local machucado. Mas vejo muito mais vantagem em competir no Boxe sem luvas do que quando eu lutava no MMA. Quanto à luta em si, no Boxe sem luvas a luta é mais intensa. No BKFC, são cinco rounds de dois minutos cada, enquanto no MMA, são três rounds de cinco minutos. No MMA, você precisa estar com a base forte e estar pronto para explodir, enquanto no Boxe sem luvas, é guerra o tempo todo, é tiro, porrada e bomba. É bater, se ajustar e estar pronto para bater de novo. Eu me divirto muito. O sangue não me incomoda, para mim é como se fosse suor (risos)”.
Quanto aos treinos preparatórios para as lutas no BKFC, Thiago Pitbull revelou que as atividades são voltadas, em sua maioria, ao Boxe e também para a parte de clinch. O brasileiro ressaltou que a atual rotina como atleta de Boxe sem luvas trouxe tranquilidade para conciliar com o seu dia a dia na American Top Team, onde é um dos treinadores da renomada equipe norte-americana.
“O treino é voltado totalmente ao Boxe, mas também fazemos uma parte voltada ao clinch, porque lá (no BKFC) é permitido. Desde que assinei contrato com a organização, em janeiro do ano passado, eu tenho treinado Boxe praticamente o tempo inteiro e isso me trouxe uma vida nova. Eu também sou um dos treinadores da American Top Team, então mesmo eu tendo meu trabalho como coach, dá para eu me preparar bem no Boxe sem exigir muito do meu corpo. Eu não poderia fazer o que estou fazendo, sendo treinador, se eu estivesse lutando no MMA, por exemplo, porque iria exigir muito mais de mim, são várias modalidades diferentes. Ficou bem agradável para mim, me adaptei muito bem ao Boxe sem luvas”, destacou o casca-grossa, que por fim, exaltou o crescimento do evento BKFC.
“Os fãs adoram o BKFC, acho que é o esporte favorito para eles assistirem, porque é simples de entender quem está ganhando e quem está perdendo, e é uma coisa bem gráfica. É algo violento, mas é uma violência com controle. No BKFC não tem chute, cotovelada e joelhada, então é mais fácil de compreender e pontuar. E lógico, quando é mão com mão, a probabilidade de cortar e machucar é maior, mas em relação a danos e sequelas, considero que é mais fácil de ocorrer no MMA”, encerrou.
* Por Diogo Santarém