Aposentado, Thiago Pitbull repassa carreira e alerta sobre MMA: ‘Dinheiro tem que melhorar’

* Thiago Pitbull se aposentou dos esportes de combate em abril deste ano após encarar Mike Perry no Boxe sem luvas, pelo BKFC KnuckleMania 4. Na ocasião, o brasileiro foi derrotado pelo americano por nocaute. O cearense foi um dos lutadores mais casca-grossa que passou pelo UFC, tendo protagonizado duelos importantes contra grandes nomes da organização como, por exemplo, Georges St-Pierre e Matt Hughes.

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Com ampla experiência dentro do MMA, seja como atleta de elite ou coach, Thiago Pitbull destacou o crescimento da modalidade ao longo das duas últimas décadas, mas ressaltou que essa valorização precisa aumentar cada vez mais: “O esporte evoluiu muito e continua evoluindo. Sou muito grato em poder fazer parte dessa evolução tanto como lutador quanto treinador. O dinheiro tem que melhorar. Eu sei que hoje é bem melhor do que há cinco anos, e vai continuar melhorando de pouco a pouco. Seria muito interessante uma aposentadoria para os lutadores, com plano de saúde, mas isso só o futuro vai mostrar”, enfatizou o ex-lutador.

Thiago Pitbull protagonizou momentos importantes em seus mais de 20 anos de atuação no MMA. Em entrevista exclusiva à TATAME, o coach da American Top Team se mostrou feliz com as oportunidades que teve durante a trajetória no esporte. Além disso, revelou o novo projeto em que vem trabalhando, que é a plataforma de aprendizagem e treino online chamada Livetrained.com.

“Estamos começando agora com um time de profissionais de alta qualidade e vamos continuar trabalhando forte para dominar o mercado. Eu só tenho a agradecer o que MMA tem feito e continua fazendo para mim e a minha família”, disse.

Confira abaixo a entrevista na íntegra com Thiago Pitbull:

– Infância e início nas artes marciais

⁠A minha infância foi muito boa. A gente tinha muitos primos e primas. Uma família bem grande, tanto do lado da minha mãe quanto do meu pai. Eu comecei a treinar Karatê aos oito anos. Aos 10, fui para a Capoeira. E aos 12 ou 13 anos comecei a treinar Thai Boxing com Evilasio Feitosa.

– Primeiro contato com o MMA ainda no Ceará

Um dia ligaram para a minha academia e perguntaram se tinha algum lutador de 80 kg para um evento de MMA no final de semana. O Evilasio falou que sim e eu fiz a minha estreia no MMA contra um amigão meu hoje – o Tibal.

– Os caminhos para chegar ao UFC

Chegar ao UFC foi uma guerra. Tive que lutar na cena regional e nacional nos Estados Unidos. Ficar um pouco conhecido para o UFC me contratar. Eu sempre sabia que eu seria campeão. Não sabia como aí acontecer, mas eu sempre treinei muito pesado e confiante na minha missão e no meu time.

– A vitória mais importante no Ultimate

Na luta contra o Seth, eu estava há mais de dois anos sem lutar e vinha me recuperando de quatro cirurgias consecutivas. (joelho, bíceps e rompi os músculos esquerdo e direito do peito). Ele era bem mais alto e longo. Eu tinha muito receio de ir para essa luta porque eu poderia ser cortado.

– BKFC ou UFC: qual o mais dfícil?

Cada um tem as suas dificuldades e vantagens. Mas o MMA é mais importante porque foi quase a minha carreira toda. O Boxe sem luvas foi muito maneiro, uma experiência incrível, mas foi bem rápido.

– Dificuldades nos últimos meses

O mês de abril de 2024 foi o mês mais difícil da minha vida. Eu perdi a minha mãe, que era a minha heroína e tudo para mim e a nossa família. Eu a perdi dia 5 de abril inesperadamente e lutar com tudo isso foi bem difícil. O resultado da luta no dia 27 de abril não foi o esperado, mas eu tenho certeza de que fiz o meu melhor e honrei a minha mãe. Só me arrependo de ter saído de casa tão novo e ter perdido anos ao lado da minha mãezinha e da minha família no Brasil.

– Tempo de preparo para a última luta

Eu não estava treinando com nenhuma luta em mente, estava treinando porque gosto de treinar e isso me faz um treinador melhor. O BKFC me fez uma oferta muito boa, mas eu tive só sete semanas de treino para me preparar. Não é o suficiente para quem não estava no ritmo de treino nos seus 40 aninhos de idade. O ritmo é diferente.

– Aposentado, mas com muitos sonhos

Eu saí de casa com um propósito, com uma missão em mente, de ser campeão e um dos melhores lutadores do mundo. E, ao mesmo tempo, poder ajudar a minha família no Brasil e construir uma família também nos Estados Unidos. Eu consegui realizar todos os meus objetivos profissionalmente. Agora estou pronto, preparado e muito animado para essa nova jornada na minha vida.

*Por Damares Farias

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