Mica Galvão: coração além dos tatames em busca do título no seu primeiro ADCC
Por Marília Pimenta
A voz mansa, o jeito humilde e o sorriso discreto na entrada da academia em Manaus, antes mesmo das 7h da manhã, mostram o quanto a grandeza de Mica Galvão – atual campeão mundial de Jiu-Jitsu – está além das conquistas. Em preparação para o ADCC 2022, que acontece nos próximos dias 17 e 18 de setembro, em Las Vegas (EUA), o faixa-preta de 18 anos credita seus resultados ao trabalho focado desde a infância. Além disso, reforça a necessidade de, mesmo em meio aos títulos, manter-se junto aos seus amigos de tatame amazonenses.
“Eu estou tranquilo para o ADCC, sei que treinamos muito. O ADCC é um sonho meu desde pequeno e agora terei essa oportunidade. Nos saímos muito bem na seletiva e acho que também temos grandes chances no torneio principal. Claro que vamos em busca do ouro, mas a experiência será imensurável. Um título desses agrega muito à carreira de um atleta, principalmente por ser uma competição que não engloba só o Jiu-Jitsu, e sim diferentes artes marciais”, disse o jovem.
Mesmo sendo apontado como um dos favoritos para o título na divisão até 77kg, Mica Galvão mantém os pés no chão e faz questão de destacar o talento dos companheiros que treinam com ele, além de falar sobre a importância da “família de tatame” construída desde a sua infância no Amazonas. Para o faixa-preta, os treinos são fortalecidos e a comemoração das conquistas ainda mais significativas.
“Eu tenho um clube que me faz sentir em casa. Fomos muito bem recebidos lá (na Fight Sports), e o suporte que o Roberto Cyborg me dá é muito importante. Mas eu valorizo muito o treinamento aqui, com meus colegas, meu pai, minha família. Isso é muito gratificante pra mim. Eu sempre falo da importância de ter um time, uma família dando suporte para a nossa jornada. Se não fosse por eles, não seria possível eu estar aqui hoje”, reforçou Mica Galvão, destacando ainda as dificuldades financeira e de logística enfrentadas pela maioria dos atletas no Amazonas.
“Sei que nem todo atleta tem oportunidade por conta da logística, dos custos. Nem todos têm dinheiro para pagar uma passagem, seja para São Paulo ou para o exterior. Eu, o Fabrício Andrey e o Diogo Reis temos tido suporte, patrocinadores, um apoio do Delegado Péricles, que usa a política para apoiar o esporte de forma efetiva. Por outro lado, nem todos têm esse suporte. Daí a importância de estarmos aqui (no Amazonas), treinando e dando o exemplo para outros que estão em busca dos seus objetivos”.
Por fim, Mica Galvão garantiu que vem treinando em todos os turnos, assim como o restante dos representantes da Escola Melqui Galvão, e vai chegar pronto no ADCC 2022: “Podem esperar a melhor versão do Mica Galvão. Sempre vou dar o meu melhor para representar o Amazonas e o nosso país. Espero sinceramente trazer esse título para casa”, encerrou.