Artigo: é possível identificar se existem lutadores narcisistas no octógono? Leia e deixe sua opinião

Artigo: é possível identificar se existem lutadores narcisistas no octógono? Leia e deixe sua opinião

* Em todos os lugares iremos nos deparar com um narcisista. O narcisismo pode se manifestar de diversas formas, mas todas elas têm algumas características em comum: a falta de empatia, o endeusamento de si próprio e a necessidade de admiração. Afinal, quando não estão se gabando de si próprios, os narcisistas estão colocando os outros para baixo, são rudes e cruéis com as pessoas ao seu redor e não se importam com isso. Resumindo, são pessoas complicadas de se conviver. Basta analisar os últimos acontecimentos envolvendo lutadores (as) em escândalos de todos os âmbitos.

Nota: O mito de Narciso é uma das histórias mais famosas da mitologia grega. Segundo o mito, Narciso era tão belo e tão vaidoso que, após desprezar inúmeras pretendentes, acabou se apaixonando pelo próprio reflexo. Morreu de fome e sede à beira da fonte de água onde via sua imagem refletida. O mito nos ensina que o excesso de vaidade e falta de empatia pelos outros podem ser prejudiciais. Narciso se tornou símbolo do individualismo e do excesso de amor próprio. Narciso era tão arrogante e se sentia tão especial que, aos seus olhos, ninguém era bom o bastante para ele. Seu excesso de vaidade fez com que só se apaixonasse por alguém de sua categoria: no caso, ele mesmo! Assim, o mito pode ser lido como uma crítica ao egocentrismo e ao excesso de vaidade.

Todos nós somos um pouco narcisistas, o problema é o grau desse transtorno de personalidade na vida do indivíduo. Geralmente são arrogantes, vaidosos e desesperados por aprovações e aplausos, e quando não estão em destaque, começam desprezar seus amigos, familiares e até mesmo seus fãs com seu comportamento patético sem noção, desrespeitando tudo e todos.

Para a psicologia Junguiana, a personalidade narcisista rejeita os sentimentos de necessidade com relação a outro ser humano, pois a experiência dessas necessidades pode desencadear a raiva e a inveja que inundariam a fraca estrutura do ego. As personalidades narcisistas costumam orgulhar-se de não ter necessidades e de fazerem muito pelos outros. Sua divisa frequentemente é “Posso fazê-lo”. Se suas próprias necessidades de simpatia ou de ligação forem incitadas, esse sentimento costuma ser experimentado como um golpe em sua autoestima, e pode levar à depressão e a perda de energia. (Schwartz-Salant ,pag.51).

As personalidades narcisistas frequentemente se sentem mais jovens ou mais velhas, mas raramente com a idade que têm. Seu sentido de idade pode ser difuso, exibindo amplas variações de uma situação para outra. Outro exemplo é sua tendência a contar a mesma história repetidas vezes, sem perceber que a estão repetindo para a mesma pessoa.

Não há dúvidas de que existem, no caráter narcisista, em graus pronunciados, emoções como raiva, ódio e inveja. De modo geral, a ira e a raiva são catalisadores que se configuram como força impulsionadora da transformação da desordem do caráter narcisista. (Schwartz-Salant ,pag.52)

Já a inveja pode dominar a vida do caráter narcisista. Tudo que o outro tem, ele quer. O sentimento convicto de que tudo o que necessito será tirado de mim, de modo que estragarei o objeto ameaçador. Esse objeto ameaçador pode ser alguém que tentou tirar seus prestígios, deixando-o incomodado, com muita raiva, a ponto de agredi-lo fisicamente e verbalmente, como temos alguns exemplos de lutadores (as) agressivos e narcisistas, que perderam sua ética profissional se achando semideuses poderosos.

Mas como identificar e lidar com esse tipo de transtorno de personalidade nos octógonos e nas academias de artes marciais? Lembrando que são várias pessoas envolvidas neste âmbito profissional, e que muitas vezes são prejudicadas indiretamente.

Alguns especialistas da saúde mental explicam que essas pessoas não têm empatia por ninguém, e que sentem a necessidade de humilhar o tempo todo, e que sua maneira de agir e pensar são a correta, criando uma série de fatores estressores, a ele mesmo e aos demais. Sem contar na raiva e no ressentimento que provocam em quem convive com esse indivíduo.

Os transtornos de personalidade não são apropriadamente doenças, mas anomalias do desenvolvimento psíquico, sendo consideradas, em psiquiatria forense, como perturbação da saúde mental. Esses transtornos envolvem a desarmonia da afetividade e da excitabilidade com integração deficitária dos impulsos, das atitudes e das condutas, manifestando-se no relacionamento interpessoal. (Silva, pag.33)

De fato, os indivíduos portadores desse tipo de transtorno podem ser vistos pelos leigos como pessoas problemáticas e de difícil relacionamento interpessoal, com um comportamento muitas vezes turbulento, as atitudes incoerentes e pautadas por um imediatismo de satisfação. 

Sendo assim, é perturbador e angustiante conviver com pessoas narcisistas. Mas, ao mesmo tempo, eles nos ajudam a adquirir paciência e a aprender a como suportá-los. Em alguns casos, bater de frente não é a melhor opção, pois eles sempre vão procurar ter razão, esgotando suas energias, para você se sentir incapaz. Mas não caia nessa armadilha: se o narcisista não deixa você desenvolver seu potencial, faça o que dá para fazer e vá buscar outras fontes de prazer, contentamento e satisfação pessoal em sua vida, lembrando que tudo é passageiro.

Referências Bibliográficas

  • Schwartz-Salant, Nathan – Narcisismo e a transformação de caráter, Editora;  Cultrix , 1982.

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Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva