Roger cita ‘falta de motivação’ pra seguir no MMA e revela: ‘Não é a minha paixão’

Roger cita ‘falta de motivação’ pra seguir no MMA e revela: ‘Não é a minha paixão’

Por Yago Rédua

Após anunciar sua aposentadoria do Jiu-Jitsu no último mês de julho, quando finalizou Marcus Buchecha no Gracie Pro, Roger Gracie tomou o mesmo caminho no MMA. O faixa-preta era campeão do ONE Championship, mas optou por abrir mão do cinturão e aproveitou para “pendurar as luvas” no último mês de outubro. Em entrevista à TATAME, Roger revelou que subir ao cage não era algo que o motivasse de maneira integral.

“Era algo que eu já estava pensando se valia a pena continuar lutando ou não, quando encerrei a minha trajetória no Jiu-Jitsu. É algo que mexe muito com motivação. Eu gostei muito de lutar MMA, Vale-Tudo, mas não é a minha paixão. Não é algo que me motive a focar 100%. A única coisa que me vi pensando em continuar é o lado financeiro, mas eu sou contra isso. Tenho certeza que isso não iria fazer eu me dedicar 100%. Estou muito feliz com tudo aquilo que eu conquistei. Sempre lutei com os melhores. Isso é importante, você olha para trás e se sente feliz em ter feito tudo isso. Título e cinturão são consequências de todo o trabalho que você faz ao longo da carreira. O que vale mais são as batalhas conquistadas, que ficam marcadas para sempre”, contou Roger Gracie, afirmando que, mesmo aos 36 anos de idade, seu corpo não influenciou nesta decisão.

“Eu acho que não (corpo pediu para parar). Durante a minha vida de atleta, sempre fui saudável. Nunca tive uma lesão grave, nunca operei nada, quebrei o dedo do pé uma vez, mas sempre lidei bem com as lesões, nada muito grave. Então, nessa parte física sempre fui bem. Acho que é mais tempo mesmo. Hoje, tenho 36 anos, as coisas vão acontecendo e outros projetos surgindo. Estou desde a minha infância na luta. Meu foco sempre foi a luta, agora já tenho outros projetos. Estão começando a surgir e antes nunca deu para fazer. Uma vez que tem uma luta, precisava parar tudo o que estava fazendo. Ultimamente, era mais difícil parar tudo na minha vida e treinar”, disse o decacampeão mundial de Jiu-Jitsu.

Sobre a conversa que teve com os representantes do ONE, Roger disse que a organização entendeu os motivos apresentados. O casca-grossa falou também que não houve procura para uma luta de despedida e também nada relacionado a ser embaixador da franquia.

“Não (sobre uma luta de despedida) houve nada. Eu conversei com o ONE e eles entenderam o meu lado. Até falaram que se o meu coração não estava li dentro, eles entendiam e não teria nenhum problema. Não foi falado nada sobre isso (ser embaixador da organização). Porém, se acontecer, será mais para frente”, disse Roger Gracie, que ainda aproveitou para falar sobre os seus novos projetos, como a expansão da academia.

“Acho que agora é mais focar nas academias. Quero abrir novas filiais, focar na associação. Quero tocar outros projetos. Agora, posso me concentrar 100% nesses projetos, sem o risco de parar tudo para treinar, por causa de alguma luta. Posso encaminhar esses projetos com tranquilidade”, contou o faixa-preta, que há alguns anos reside na Inglaterra.

Maior luta da carreira no MMA

As principais lembranças dos fãs de Roger são nos tatames, mas no MMA ele também construiu uma carreira vitoriosa. Ao todo foram dez lutas, com oito triunfos e dois reveses, além de acumular passagens pelo Ultimate, Strikeforce e, por fim, ONE Championship.

Ao ser indagado sobre a sua melhor performance na carreira dentro do MMA, Roger apontou para a última luta, quando conquistou o cinturão dos meio-pesados da franquia asiática ao finalizar Michael Pasternak, com um katagatame, ainda no primeiro round.

“A luta que eu achei melhor (na minha carreira) foi a minha última, que eu ganhei cinturão. Teve um valor maior do que as outras. Eu fiz tudo perfeitamente naquela luta. Às vezes, fica marcado aquela luta dura, sofrida, com garra. Na última luta, fiz tudo perfeitamente. O cara era super duro, ainda sai com o cinturão, foi a mais memorável da minha carreira”.