Arte suave para mulheres: um pequeno balanço do que foi o Jiu-Jitsu feminino em 2020 e as boas expectativas para o ano de 2021; saiba mais
No começo de 2020, escrevi aqui sobre o que fazer pelo Jiu-Jitsu feminino para o ano que se iniciava. Falei sobre pontos importantes para que as mulheres continuassem querendo conhecer e continuar no esporte. O que falei foi o seguinte: parar de fazer comentários desrespeitosos; valorizar as mulheres na arte suave; incentivar o trabalho e acreditar na competência das mulheres; incentivar a escolha das meninas que querem treinar Jiu-Jitsu.
Hoje quero fazer um balanço de 2020 focando, principalmente, em um ponto: incentivar e acreditar no trabalho de mulheres no Jiu-Jitsu. Não só no Brazilian Jiu-Jitsu, mas nas artes marciais e no universo das lutas como um todo. Vemos a faixa preta Mackenzie Dern, por exemplo, que teve uma carreira de sucesso no Jiu-Jitsu, se aventurar agora no MMA e se mostrando uma excelente profissional, já colecionando uma sequência de três vitórias em seis meses no UFC.
Sabemos que muitos campeonatos não aconteceram em 2020, mas tivemos muitos eventos de lutas casadas. E o crescimento do Jiu-Jitsu feminino nesses eventos foi notável (apesar de ainda faltar muito a ser feito). BJJ BET e BJJ Stars se destacaram aqui no Brasil, mas lá fora, as mulheres também deram show e as organizações dos eventos estão valorizando isso.
Em setembro, por exemplo, aconteceu um GP exclusivamente feminino no Third Coast Grappling, e a vencedora foi Ana Carolina Vieira (Baby). Esperamos que em 2021 os eventos organizados aqui no Brasil também tenham essa iniciativa e que botem mais mulheres nos cards das competições de lutas casadas.
Falar que o esporte feminino não vende é um descaso com as mulheres que batalham tanto para conquistarem esse espaço e já vi muitas pessoas com esse argumento. A melhor luta da noite da última edição do BJJ Stars foi feminina, conforme já falei por aqui também.
Para que o Jiu-Jitsu feminino continue crescendo e mais mulheres continuem entrando nas academias, precisamos de representatividade nos campeonatos, precisamos falar sobre grandes professoras e competidoras nas academias e dar oportunidade a lutadoras que há muito tempo vem mostrando seu profissionalismo.
Quanto mais mulheres se destacando no cenário do Jiu-Jitsu, mais as “Jiu-Jiteiras” que estão começando vão se espelhar e inspirar, mais o Jiu-Jitsu feminino cresce e mais a nossa modalidade cresce como um todo.
Para começar bem o ano, uma boa notícia: o Fight To Win já anunciou que fará, pela primeira vez, um evento somente com lutas femininas, o Ladies Night, no dia 29 de janeiro de 2021. Ótima oportunidade para que todos vejam que o Jiu-Jitsu feminino vem crescendo cada vez mais e também merece oportunidades como essa.
Antes que apareça alguém dizendo que ter somente mulheres em um evento é “exclusão” com os homens, eu digo: a inserção de mulheres em campeonatos de Jiu-Jitsu aconteceu muito depois que a dos homens, a separação de todas as faixas e categorias para as mulheres no Mundial aconteceu de forma tardia. “Ah, mas não tinha mulher pra lutar”. Verdade, não tinha. Porque as mulheres não eram incentivadas a praticar uma arte marcial, muito menos a ser atletas ou lutar. Isso é histórico e acontece no esporte em geral, não só no Jiu-Jitsu. Te convido a conhecer o decreto que já proibiu, por lei, que as mulheres praticassem determinadas modalidades esportivas (como futebol e lutas).
E grande parte dos eventos por aí já são exclusivamente masculins, ou pelo menos tem a maioria do card com lutas dos homens. Já está mais do que na hora de equilibrar essa balança e abrir as portas para as mulheres também. Que o Jiu-Jitsu feminino continue em uma crescente em 2021 tanto nos campeonatos, quanto dentro das academias. Para isso, cada um de nós deve fazer a sua parte. Vamos juntas e juntos. Oss!
* Por Carolina Lopes