‘Apanhei muito, mas nunca me deixei levar pela tentação de amarrar para ganhar’, afirma Renato Canuto

Por Yago Rédua
Fã da lenda Fernando Tererê, Renato Canuto é dono de um Jiu-Jitsu agressivo e que busca presentear o público com um verdadeiro show. O faixa-preta, que conquistou dois títulos do KASAI Pro recentemente, deu uma entrevista à TATAME revelando o motivo de não fugir das suas características, ao invés de “amarrar” uma luta para ser campeão.
“Eu prefiro sempre lutar nas minhas características, que é lutar de uma maneira que eu gosto de assistir. Eu acho que o Jiu-Jitsu competitivo, em nível internacional, deveria ser muito mais sobre lutar bem e atrair o público para assistir ou se interessar a praticar a arte que somos responsáveis pela imagem. Mas não são todos que pensam da mesma maneira. Eu nasci em meio ao Jiu-Jitsu através do meu pai, que já era praticante da arte, e comecei a treinar quando criança, já tendo assistido muitas lutas e presenciado campeonatos. O que mais me chamava atenção era a energia do público, assim como quando um jogador de futebol faz um gol e a torcida vai à loucura. O Tererê, por exemplo, trazia a mesma energia para o ginásio quando lutava, e eu achava isso incrível”, disse Renato, que seguiu.
“Pra mim, o campeão que joga na retranca e que procura amarrar uma luta dura ao invés de sair na porrada, não tem desculpa. Todos queremos ser campeões, estamos todos a procura daquela exposição de campeão mundial que talvez vá nos ajudar a ter mais opções de como pagar as contas. Porém, hoje em dia, com tantas organizações maneiras como KASAI, ACB JJ, UAEJJF, entre outras, que pagam o atleta para lutar, eu acho que a realidade está prestes a mudar e só os atletas podem fazer isso pelo esporte, ninguém quer assistir uma luta amarrada, com poucas tentativas reais de ataque. Ser um atleta profissional de Jiu-Jitsu era um sonho pra mim, hoje, é uma realidade, não sou o melhor do mundo ainda, porém meu foco é fazer o público parar e assistir um show de Jiu-Jitsu e não ver uma foto no Instagram de um pódio de campeonato. Amarrar pra ganhar é preguiça ou medo de perder, o faixa-azul que aprende uma finalização e faz a mesma coisa até ser (faixa) preta, pra garantir a vitória, não me impressiona. Eu apanhei muito até eu começar a vencer, mas nunca me deixei levar pela tentação de amarrar para ganhar”, desabafou.
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Sucesso no KASAI e críticas a IBJJF
Em três edições do KASAI Pro, Renato venceu dois GPs – dos leves e meio-médios. O evento vem ganhando destaque e é sediado em Nova York (EUA), e para o lutador, este tem sido um grande momento na carreira, retomando a confiança em seu estilo de jogo.
“Tem sido uma sensação maravilhosa ver um trabalho que invisto desde criança finalmente tomando forma. Eu aprendi muito errando. Por isso, até a faixa marrom, eu não tinha conquistado muitos títulos que almejava, porém eu nunca deixei de tentar lutar um Jiu-Jitsu que eu gostaria de assistir. Hoje em dia, eu tenho muito mais confiança no meu jogo, por tantas vezes que testei em competições, errei, mas aprendi”, apontou o lutador.
Sobre os próximos desafios para 2018, Canuto disse que tem uma superluta programada para a edição do KASAI Pro que acontece no dia 10 de novembro, mas ainda não sabe quem será o adversário. O casca-grossa ainda afirmou que não pretende participar do Mundial No-Gi, da IBJJF, e citou a falta de prêmios em dinheiro como principal motivo.
“Por enquanto, ainda não tenho um oponente confirmado, mas o KASAI volta no dia 10 de novembro e tenho uma superluta garantida. Então, meus treinos sem quimono continuam forte e paralelos com os treinos de quimono. Como no ano passado fui campeão do Pan No-Gi e campeão mundial sem quimono na faixa-preta, eu não estou muito empolgado com a ideia de lutar esses eventos novamente esse ano. Especialmente, porque sendo a maior federação do Jiu-Jitsu do mundo (IBJJF), é também a menos interessada em pagar os competidores, com exceção dos Pros e do GP dos Pesados, onde nunca teve um GP dos Leves. Portanto, estarei lutando no KASAI Pro e estou em contato com alguns outros eventos, acertando alguns detalhes antes de anunciar a minha participação”, projetou.
Apesar de se destacar no Jiu-Jitsu sem quimono, Renato contou que ainda prefere competir com o pano, pela maior variedade de posições e possibilidades que o combate oferece.
“Eu sempre treinei Jiu-Jitsu de quimono, mas todas as vezes que treinava ou competia No-Gi, sempre me senti bem, mais solto e com transições mais rápidas. Porém, acho que, ainda assim, gosto um pouco mais do quimono, pela maior variedade de posições e finalizações com pegadas”, encerrou o faixa-preta da equipe Checkmat, de apenas 22 anos.