Após vencer Demian, Durinho fala em duelos contra Chiesa ou Thompson, mas mira Colby: ‘Vai engolir tudo o que disse’
* A maior vitória de sua carreira. Assim pode ser resumido o nocaute de Gilbert Durinho, ainda no primeiro round, sobre Demian Maia, no card do UFC Brasília, realizado no último dia 14 de março. O resultado levou o faixa-preta de Jiu-Jitsu ao sexto lugar no ranking meio-médio do Ultimate e fez o lutador emplacar seu quinto triunfo consecutivo na organização, algo que ele ainda não havia conseguido em duelos pela franquia, onde luta desde 2014.
A expectativa era enorme para o combate e, sobretudo, para uma luta de chão entre os dois atletas, exímios finalizadores da arte suave. Em um breve momento, isso até aconteceu, mas Durinho voltou a colocar a luta em pé e definiu o confronto em pouco mais de dois minutos, após conectar um cruzado de esquerda espetacular.
“Eu acreditava, desde o começo, que a gente ia fazer muita luta de chão. Eu acreditava muito na vitória, mas só lá para o último round. A gente fez um pouco de luta no solo ali e eu estudei muito o sistema dele, sabia que ele iria para as costas, consegui defender bem a primeira queda, mas ele conseguiu me colocar na grade e dali eu sabia que, quando ele foi para as costas, que ele queria colocar os ganchos, então evitei dele colocar os ganchos, consegui sair pela meia-guarda, quando ele tentou subir para a montada e acredito, sim, que dava para a gente fazer mais luta de chão, eu estava muito à vontade ali, mas acabou que a mão entrou no primeiro round e eu consegui o nocaute”, relembrou o casca-grossa, em entrevista à TATAME.
Durante a conversa com nossa reportagem, Gilbert Durinho ainda contou outros detalhes da luta contra Demian, o desafio lançado a Tyron Woodley, o número de vitórias que podem levá-lo à uma futura disputa de cinturão, a situação atual de pandemia por conta do coronavírus e, logicamente, sobre a vontade de enfrentar o polêmico Colby Covington, americano que vem se tornando alvo de diversos lutadores e também do público brasileiro.
Veja a entrevista completa com o brasileiro:
– Nocaute sobre Demian Maia ainda no primeiro round
Na verdade, eu achei que a gente iria lutar três rounds. Para mim, ia ser uma guerra no chão. Eu imaginava que venceria a luta, mas não imaginava nunca que seria no primeiro round, para mim seria no segundo ou até mesmo no terceiro, mas consegui acertar aquele cruzado no tempo certo. O Vitor Belfort falou muito que eu ia acertar aquele cruzado, o meu treinador Henri Hooft também disse que eu ia acertar, e ele entrou com muita precisão, no lugar exato, e acabei conseguindo um nocaute que vai para a história. Muita gente lutou com o Demian e ninguém fez isso, só o Nate Marquardt, há mais de dez anos, e conseguir nocautear o Demian no primeiro round foi irado. Todo respeito por ele, mas acho que é o meu momento agora.
– Achava que a luta seria mais desenrolada no chão?
Eu acreditava, desde o começo, que a gente ia fazer muita luta de chão. Eu acreditava muito na vitória, mas só lá para o último round. A gente fez um pouco de luta no solo ali e eu estudei muito o sistema dele, sabia que ele iria para as costas, consegui defender bem a primeira queda, mas ele conseguiu me colocar na grade e dali eu sabia que, quando ele foi para as costas, que ele queria colocar os ganchos, então evitei dele colocar os ganchos, consegui sair pela meia-guarda, quando ele tentou subir para a montada e acredito, sim, que dava para a gente fazer mais luta de chão, eu estava muito à vontade ali, mas acabou que a mão entrou no primeiro round e eu consegui o nocaute. O nocaute veio na hora certa.
– Cinco vitórias consecutivas. Seu plano é enfrentar Colby ou Woodley na próxima luta?
Meu foco é, sim, enfrentar alguém ainda mais ranqueado na categoria. Agora sou o número seis da divisão e quero lutar contra o número 1 ou número 2. Não sei se meu pedido vai ser aceito, mas eu já pedi isso e é o que eu quero. Porém, acredito que não é o que vai acontecer, e a opção seria lutar contra alguém que está no ‘bolo’, perto de mim, o Stephen Thompson ou o Michael Chiesa, são lutas que fazem sentido. Mas eu queria muito uma luta contra o Colby Covington ou o Tyron Woodley.
– Na sua opinião, quantas vitórias poderiam te levar à disputa de cinturão?
Eu sempre penso em lutar pelo cinturão em breve. É difícil falar, mas acho que a performance conta muito. Se eu ganhasse do Demian numa luta chata, de três rounds, é uma coisa, mas eu ganhei nocauteando no primeiro round. Se na próxima luta eu conseguir um nocaute ou finalização, vou estar ainda mais perto. São os adversários e as performances que te levam para o cinturão, então acredito que uma ou duas boas performances, com finalização ou nocaute, ou dominando a luta inteira, vão me colocar perto da disputa de título.
– Como foi a experiência de lutar sem qualquer tipo de reação da torcida?
Eu fiquei bem mais nervoso, porque foi um silêncio muito grande. Não sentir a energia da galera foi bem esquisito, me deixou muito mais nervoso. Com o nocaute que eu consegui, a galera iria à loucura, depois quando eu desafiei o Colby Covington, a reação seria imensa da galera. Foi muito mais vazio, faltou a energia deles e foi bem esquisito. Mas graças a Deus aconteceu a luta, porque todos os outros eventos foram cancelados e eu consegui ter uma ótima performance.
– Estamos diante de uma pandemia. Como você procurou se prevenir na semana da luta?
Na semana da luta, eu me guardo bastante, o tempo inteiro, só treinando e descansando no hotel. Uma coisa que sempre fiz e continuo fazendo é manter a minha imunidade alta e forte, tomando minhas vitaminas, me alimentando bem e mantendo minha vida ativa, fazendo meus exercícios, é a maneira que procuro me prevenir. Acho que os lutadores também já estão se prevenindo bastante, se alimentando bem, tomando vitaminas, ficando em casa, tomando todas as medidas possíveis. Acho que a galera tem que começar a evitar lugares com muitas pessoas e ficar o máximo de tempo em casa. Os lutadores que conheço estão fazendo isso e agora é manter, porque é uma fase e vai passar, mas para isso temos que tomar as devidas precauções para não contrair esse vírus.
– Como você pretende se manter em forma nesse período de quarentena?
A academia já começou a suspender os treinos, mas eu consegui montar uma estrutura na minha casa, na garagem, onde montei um lugar com tatame, com saco, alguns pesos e vou ter alguns professores vindo aqui para puxar treinos de Boxe e Kickboxing para mim, para eu poder manter os meus treinos, mesmo estando em casa.
– Com eventos cancelados e sem previsão de retorno, como você pretende se manter financeiramente?
Graças a Deus, eu venho me educando financeiramente, então eu venho juntando dinheiro, tenho sido mais inteligente nesse sentido e tomado as decisões certas com dinheiro. Eu acabei de lutar, ter uma performance boa e ganhar o bônus, financeiramente eu vou estar bem tranquilo, mas o pessoal precisa ser inteligente. É hora de economizar e guardar dinheiro. É uma crise que vai afetar todo mundo, diversas classes e setores. Acho que todo mundo vai sofrer e é necessário economizar o máximo de dinheiro.
– Desafio lançado a Colby Covington
Acho que ele é um fanfarrão, um ‘pela-saco’, que só fala besteira. Eu moro nos Estados Unidos hoje em dia e sou muito bem tratado aqui, respeito todo mundo. Eu quero, sim, lutar contra ele, e fazer ele engolir tudo o que ele falou do meu país. Eu quero representar o Brasil nessa luta. Ele lutou contra os dois brasileiros que estão ranqueados, o Demian Maia e o Rafael dos Anjos, e ganhou dos dois, e eu sou o próximo ali. Acho que eu sou o próximo a pegar ele e vou fazer ele engolir tudo o que falou. Vou fazer isso com muito prazer. Acho que sou uma luta ruim para ele. Daqui a pouco ele não vai ter para onde correr e a gente vai ter que lutar. É a luta que eu quero, mesmo que não seja a próxima, ele está na lista. Eu quero muito fazer com que ele pague pelo o que falou.
* Por Mateus Machado