Artigo: declínio brasileiro no UFC não vai apagar chamas do legado de lutas no país

Artigo: declínio brasileiro no UFC não vai apagar chamas do legado de lutas no país

Quando o brasileiro pensa em esportes, a primeira coisa que lhe vem à mente ainda é o Futebol, modalidade que tem domínio sobre a preferência nacional há quase um século e que aproveita também de um suporte enorme dos grandes círculos midiáticos dia após dia. Basta ligar em um canal de televisão aberta durante o horário de almoço para atestar tal situação.

Só que, de geração em geração, esportes vão e vêm na disputa para ocupar no mínimo o segundo lugar da dedicação do público brasileiro. Foi assim com o Vôlei e alguns outros esportes olímpicos em décadas passadas, com essas modalidades sendo alavancadas por meio de medalhas e troféus conquistados a nível internacional – muitas vezes sem contar com grande apoio financeiro. Já em tempos mais recentes, foi o MMA que se lançou a essa disputa.

A forma de fazê-lo foi semelhante à dos outros esportes. Glórias de atletas brasileiros que passavam despercebidas para a população geral nos principais palcos internacionais começaram a tomar forma. Algo que se confinava a alguns círculos, como até hoje é o caso dos esportes estadunidenses, como o Beisebol e o Futebol Americano, começou a tomar proporções que não poderiam ser ignoradas pela grande mídia.

Nesse tipo de construção, a Revista TATAME foi pioneira. Desde 1994, a publicação acompanha a cena nacional de lutas com bastante foco no Jiu-Jitsu. Sua circulação era especialmente grande no Rio de Janeiro, reportando lutas nos ginásios tijucanos e de outras partes da cidade em textos que acabavam chegando nos subúrbios cariocas.

Hoje, o cenário de lutas no Brasil já não tem tanto fôlego popular quanto há alguns anos. Isso pode ser explicado até pelo declínio dos atletas brasileiros. Checando as chances dos sites em que se é permitido apostar online e também conferir quem são os favoritos nas próximas lutas dos principais eventos da cena, não se vê mais tantos nomes brasileiros como favoritos nos cards de Bellator e UFC.

Isso não quer dizer que o cenário nacional se encontra morto. Há um legado muito importante deixado não só pela eminência recente do MMA, mas também da sua associação forte com algo tão brasileiro quanto o Jiu-Jitsu. E esse legado são as academias que foram construídas na “cola” desses dois esportes.

Talvez o efeito só seja sentido nos cages daqui a alguns anos, mas muitas dessas academias poderão ser a plataforma de lançamento de futuros astros, assim como foi o caso de atletas pioneiros como Anderson Silva, José Aldo, Junior dos Santos, dentre tantas outras figuras altamente conhecidas do meio.

Hoje em dia, algumas dessas academias já têm um papel social importante. Projetos sociais que conectam em cidades brasileiras ginásios com a população de baixa renda, que geralmente não tem acesso à prática de esportes em suas comunidades, oferecem maneiras de expandir os horizontes de pessoas mais vulneráveis em nossa sociedade. Mesmo que essas pessoas não virem grandes atletas, essas iniciativas constituem uma grande vitória para o esporte.

Nesse âmbito, a TATAME continuará valiosíssima para o cenário de lutas no Brasil. Noticiando os acontecimentos que passam despercebidos pela grande mídia esportiva, promovendo novos atletas e relembrando grandes histórias dos veteranos do esporte, a revista tem – e terá – papel fundamental em manter acesa a chama do Jiu-Jitsu e de tantas outras lutas no país.