Atletas comentam cancelamento do UFC Londres e aguardam pagamento da organização: ‘Merecemos esse dinheiro’

Atletas comentam cancelamento do UFC Londres e aguardam pagamento da organização: ‘Merecemos esse dinheiro’

O Ultimate precisou cancelar seus próximos três eventos em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que assola o mundo. A próxima edição aconteceria neste sábado (21), em Londres, e teria o combate entre Leon Edwards e Tyron Woodley na luta principal. Em dado momento, a organização chegou a cogitar a ideia de transferir o card para os Estados Unidos, mas teve seus planos frustrados no início desta semana, após a oficialização do decreto que impede a realização de eventos com aglomeração de pessoas.

O cancelamento da edição em Londres deixou inúmeros atletas frustrados, não só pela impossibilidade de lutar na data prevista, mas pela longa preparação realizada e também pelo alto investimento que o camp de um lutador profissional necessita. A peso-galo Ashlee Evans-Smith chegou a viajar para a Inglaterra, onde enfrentaria Molly McCann no card, mas teve sua luta cancelada e agora aguarda uma compensação financeira por parte do Ultimate, tendo em vista que vinha se preparando para o combate desde dezembro.

“Eu não ouvi nada do UFC nesse sentido, eles ainda não deram dinheiro para os atletas do card. Eu soube que os lutadores que iriam lutar no Bellator 241 foram compensados, eles se pesaram e eu realmente espero que o UFC não faça qualquer truque e diga: ‘Ah, você não perdeu peso e não subiu à balança’. Acho que merecemos esse dinheiro, para dizer o mínimo. Eu, pessoalmente, iria até lá e arriscaria minha saúde pessoal. Eu estava disposta a arriscar e ficar em quarentena para lutar, fazer meu trabalho por eles. Então, eu realmente espero que eles nos compensem”, afirmou a lutadora em entrevista ao MMA Fighting.

No último sábado (14), Smith já estava na Inglaterra, assistiu ao card do UFC Brasília no hotel e foi para a cama o mais cedo possível para se ajustar às diferenças de fuso horário. No dia seguinte, a americana acordou com um telefonema onde foi orientada a ir ao saguão, até que lhe disseram que sua luta foi adiada e ela precisaria voltar imediatamente para os Estados Unidos. Ashlee ainda viveu a expectativa de ver seu combate transferido para alguma cidade americana logo depois, mas foi novamente frustrada.

“Estava no voo, literalmente prestes a decolar e meu empresário diz: ‘Apenas fique pronta’. E eu fico tipo: ‘Pronta para não comer?’ Ele disse: ‘Sim, eles podem reagendar a luta na Califórnia.’ Não sabiam onde eu iria lutar, se eu realmente iria lutar. Então, sim, houve conversas, mas era tão ridículo. Não sabíamos se o mundo estava acabando. Foi uma montanha-russa de emoções, porque eu não sabia o que esperar. Eu não sabia se ia lutar. Não sabia se ia ficar em quarentena. Pensei: ‘O que diabos está acontecendo no mundo?’ Eu estava no avião chorando porque, eu não sei, sou uma garota, sou emotiva. Eu amo meu esporte. Eu queria competir. Eu preciso ganhar dinheiro, colocar comida na mesa, tudo isso. Mas agora eu percebo que tudo isso que está acontecendo é muito maior do que eu e minha luta. Em todo o mundo, as pessoas estão morrendo. Sim, eu estava chateada naquela hora, mas agora só estou agradecendo por estar saudável”.

Invicto no MMA com 12 vitórias, o galês Jack Shore foi outro que teve sua luta cancelada no UFC Londres, diante do brasileiro Geraldo de Freitas. Aos 25 anos, o atleta se mostrou confiante de que o Ultimate “fará a coisa certa” quando trata-se de compensar os lutadores que estavam se preparando para o evento.

“Fisicamente, estou bem. Obviamente, foram alguns dias difíceis desde a última quarta-feira. Apenas olhando as notícias no Twitter e coisa do tipo, eu meio que tinha uma ideia de que as coisas não estavam indo bem, e recebemos as notícias de tudo. Foi uma semana estressante, mas estou em forma e saudável, então não posso reclamar. Estou tão chocado quanto todo mundo do card por não estar lutando. Vivo e respiro a vida da luta, nunca saio da academia e isso (luta no UFC Londres) está em minha mente desde pouco antes do Natal, então, por três ou quatro meses, é tudo em que estou pensando – a cada minuto de cada dia. Para que isso seja retirado de mim quando está tão perto de acontecer, é de partir o coração. Ao mesmo tempo, está fora do meu controle, está fora do controle do UFC. O que você pode fazer? Não faz sentido chorar pelo leite derramado. Eu poderia me sentar aqui, reclamar, contar como estou chateado e começar a afugentar as pessoas, mas isso não vai mudar as coisas, não vai me ajudar a lutar no sábado. No fim das contas, eu acho que eles compensarão os lutadores”, disse Shore, também ao site MMA Fighting.