Borrachinha cita lesões em ‘camp selvagem’ para vencer Romero e crava: ‘Sou o próximo desafiante’

Borrachinha cita lesões em ‘camp selvagem’ para vencer Romero e crava: ‘Sou o próximo desafiante’

Por Mateus Machado

Uma verdadeira guerra. Assim Paulo Borrachinha define seu período de preparação e o duelo contra Yoel Romero, onde saiu vencedor por decisão unânime no UFC 241, realizado no último sábado (16). Ao derrotar o segundo colocado no ranking peso-médio, o brasileiro deu um grande salto na divisão, “roubou” o lugar do cubano na lista e se tornou o principal postulante para disputar o título da categoria, que tem Robert Whittaker como atual campeão linear e Israel Adesanya como campeão interino.

Em entrevista à TATAME, Borrachinha narrou a “tática de guerra” feita em seu camp para o combate diante de Romero. Em três meses de preparação específica, o mineiro, que manteve sua invencibilidade no MMA, agora com 13 vitórias, sofreu sérias lesões durante as sessões de sparring, o que não impediu o lutador de ter um desempenho satisfatório no embate com o cubano, que foi considerado a “Luta da Noite” pela organização.

“Eu tive três lesões durante o camp, três lesões sérias, pois ao todo foram cinco lesões. Foi um camp muito intenso, animal, selvagem, que machucou não só a mim, mas machucou também todos os nove sparrings que a gente trouxe para me ajudar. Foi uma guerra a nossa preparação. Eu dou graças a Deus por ter conseguido sobreviver ao camp”, detalhou o brasileiro, que emplacou sua quinta vitória seguida no UFC.

Na entrevista, o atleta de 28 anos ainda contou detalhes de sua visão sobre o combate contra Romero, falou sobre o estilo provocador e “trapaceiro” do adversário e a conversa com Dana White, presidente do Ultimate, que o fez ter certeza de que será o próximo desafiante ao título no peso médio da organização.

Confira a entrevista completa com Paulo Borrachinha:

– Vitória contra Romero e momento de maior dificuldade

Venci o número 2 do ranking e, pra mim e para muitas pessoas, é o cara mais difícil de se enfrentar na categoria, que para muitos venceu o campeão Robert Whittaker. Ele tem o status de ‘bicho-papão’ do peso médio, mas eu venci. Vencendo ele, eu avalio meu desempenho como muito bom, mas eu tenho certeza que posso melhorar muito mais. Eu cometi algumas falhas, mas sei que posso corrigi-las. O momento de maior dificuldade nos 15 minutos de luta foi quando ele enfiou o dedo no meu olho. Naquele momento, realmente, ficou difícil de saber se a visão iria voltar ao normal ou não. Eu lutei praticamente com a visão de um olho só, porque a visão do meu outro olho ficou muito prejudicada a partir do contato.

– Sentimento sobre o resultado ao término do combate

Acho que o Yoel Romero não estava certo da vitória. Quando acabou a luta, ele estava cabisbaixo e aí, depois, passando algum tempo, o córner dele entrou no octógono e pediu para ele levantar a mão e vibrar em sinal de vitória, e aí durante o anúncio do vencedor, ele se mostrou confiante, ou pelo menos tentou se mostrar. Por outro lado, eu tinha certeza da minha vitória, estava certo de ter vencido, no mínimo, o primeiro e segundo rounds, talvez o terceiro, o que me fez ter a certeza da vitória. Eu dominei o centro do cage, todos os meus golpes foram muito contundentes, mais da metade dos golpes do Romero não pegaram, apenas tocaram o meu corpo. Eu e meus treinadores estávamos certos da vitória.

– Trapaças e provocações do Yoel Romero durante a luta

Lidar com essas trapaças do Romero, isso foi uma coisa que eu já sabia que teria que enfrentar desde o momento que eu recebi a notícia de que iria lutar com ele. Além dele ser um competidor muito bom, ele tem todas essas artimanhas. Receber uma dedada no olho é muito ruim, pois você precisa ter muita confiança, superação e acreditar no seu trabalho para voltar forte. O chute que eu apliquei não pegou na genitália dele, o Romero simulou aquilo para ganhar tempo, tanto que a luta ficou interrompida. Por fim, o fato dele mostrar a língua para mim enquanto estava sendo golpeado foi um sinal de fraqueza dele. Ele mostrou que estava sendo atingido toda vez que ele mostrava a língua. Encarei isso como motivação.


– Série de lesões sofridas durante a sua preparação

Eu tive três lesões durante o camp, três lesões sérias, pois ao todo foram cinco lesões. Foi um camp muito intenso, animal, selvagem, que machucou não só a mim em várias partes do corpo, mas machucou também todos os nove sparrings que a gente trouxe para me ajudar. Foi uma guerra a nossa preparação. Eu dou graças a Deus por ter conseguido sobreviver ao meu camp. Quem sobreviveu a um camp como eu fiz, sofrendo rodízios de todos os atletas lutando contra mim durante três meses, sobrevive a qualquer um, o Romero passou a ser ‘fichinha’. Eu tive uma lesão de uns 40% do meu bíceps esquerdo novamente, pois eu já tinha lesionado esse local, tive uma costela quebrada e outra ‘trincada’. Tive lesão no pé, na coxa, mas Deus me abençoou muito e eu conseguir lutar e vencer, que era o meu grande objetivo.

– Próximo desafiante ao título peso-médio do UFC

Conversei com o Dana White a respeito dos próximos passos e falei que gostaria de estar na primeira fila assistindo à luta entre o Robert Whittaker e o Israel Adesanya, em outubro, na Austrália. Ele disse que faz questão que eu esteja lá e agora o futuro a Deus pertence, mas sei que o próximo desafiante sou eu.