Com cinco vitórias em seis lutas, Vicente Luque mira Top 15: ‘Está na hora de pegar os nomes grandes’

Com cinco vitórias em seis lutas, Vicente Luque mira Top 15: ‘Está na hora de pegar os nomes grandes’

Por Diogo Santarém

No UFC São Paulo, realizado dia 28 de outubro, Vicente Luque retornou ao octógono sedento por uma vitória e disposto a apagar sua última atuação, quando perdeu para Leon Edwards. O brasileiro assumiu a luta contra o invicto Niko Price de última hora, mas sem sentir pressão, desempenhou um bom papel e saiu vitorioso, com uma bela finalização no segundo round. Em conversa com os jornalistas após o evento, o lutador disse quem são os seus próximos alvos na divisão dos meio-médios e mira um “trocador de alto nível”.

“Eu já falei (com o UFC sobre o próximo adversário) Darren Till, Donald Cerrone, caras que são da trocação. Eu vim do Muay Thai e acredito muito na minha trocação, está muito afiada e quero me testar com esses caras. O Till é um cara que eu vendo a luta dele, o admiro muito e me sinto muito desafiado a ir lá e trocar com um cara desse nível. Eu tive uma derrota na minha luta anterior, mas acho que isso não apagou as quatro vitórias que eu tive antes. Agora eu tenho cinco vitórias no UFC, todas finalizando ou nocauteando. Acho que agora está na hora de pegar uns nomes grandes, alguém do Top 15. Acho que fevereiro, em Belém, é uma data excelente. Janeiro ou fevereiro é um período em que já terei descansado bem. Lógico que pegando um Top 15, eu vou querer fazer um camp bom para essa luta”, projetou Luque, ainda sem saber do anúncio realizado por Dana White, presidente do UFC, do combate entre Darren Till e Stephen Thompson, na Inglaterra.

O brasileiro ainda revelou que estava pedindo ao Ultimate para lutar e que ficou treinando forte, mesmo sem ter um adversário, para caso surgisse um compromisso de última hora. Por fim, Luque contou também sobre sua amizade e trabalho com Gilbert Durinho, peso-leve do UFC, e fez uma análise da luta contra Nilo Price e do triângulo de mão invertido.

Confira a entrevista na íntegra com Vicente Luque:

– Oportunidade para lutar e performance contra Niko

Eu vim muito preparado para essa luta, eu queria uma luta em outubro ou novembro. Eu estava pedindo para o UFC, sabia que a oportunidade iria aparecer, porque tinha muita luta na minha categoria (meio-médio) e grandes chances de alguém sair, se lesionar ou ser pego no antidoping. Então, me mantive treinando, aceitei a luta e vim aqui para fazer uma boa apresentação. Estudei muito o jogo do Niko, sabia que ele tinha uma mão forte, mas ele se complica quando o adversário de movimenta muito, sai da distância dele e voltava entrando. Eu vim da trocação, sei que a minha é melhor do que a dele e se ele fosse para o chão, iria colocar as minhas finalizações que estão sempre afiadas, como vocês viram.

– Importância em vencer um lutador invicto no MMA

Dava para ver que ele é um cara fisicamente muito forte e versátil. Deu para perceber que ele sentiu um pouco de pressão nesta luta. Acho que o grande problema de ser invicto, é que você ainda tem um pouco de medo da derrota. Eu já perdi, sei como é isso e não quero mais chegar perto de uma derrota. Quero só vencer, mas sei que acontece e precisamos aprender para voltar melhor. Acho que ele sentiu um pouco a pressão de estar invicto e vir aqui no Brasil lutar comigo, acho que isso atrapalhou o jogo dele também.

– Destrinchando o triângulo invertido aplicado em Niko

É uma situação que sempre quando o cara entra de queda em mim e eu consigo dar o sprawl, eu tento o triângulo de mão, seja o normal ou invertido. Eu tentei pegar o normal, mas ele começou a sair. Quando levantamos, eu troquei para o invertido e eu sabia que iria acabar, por isso que o puxei para o chão. Ele já tinha sentido os golpes também, então fui para a finalização, porque ele estava meio tonto e iria deixar brecha para ser finalizado.

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Vicente aplicou um triângulo de mão invertido em Niko Price para vencer a luta (Foto Getty Images / UFC)

– Amizade e treinamentos com o Gilbert Durinho

Na verdade, a minha equipe é a Cerrado MMA Brasília, é a equipe que eu represento. O (Gilbert) Durinho treina na Combat Club, nos Estados Unidos, e é o cabeça do Jiu-Jitsu lá. Nós dois somos muito próximos e sempre fazemos esse intercâmbio. Quando ele tem luta, vou ajudá-lo, vou para o córner dele e é o mesmo quando eu tenho luta. Ele ficou uma semana lá em Brasília comigo. Nós temos muita afinidade, um complementa o jogo do outro. Eu tenho a parte em pé muito forte e ele a parte de chão forte. Tentamos nos complementar, para juntos nos tornarmos campeões do UFC, que é o nosso maior objetivo.

– Respeito ao corpo e lições após derrota em Londres

Acho que o importante de todas as derrotas, são as lições que você tira delas. Na minha última derrota, acho que o principal foi aprender a respeitar o meu corpo. Eu fiz quatro lutas em um período de oito meses. Eu estava muito sobrecarregado, talvez não devesse ter aceitado aquela luta (Leon Edwards), naquele momento, porque não estava 100% fisicamente, mas ao mesmo tempo, foi uma escolha minha. Eu aprendi a respeitar o meu corpo, a não ir só pela cabeça, com a vontade de chegar logo ao Top 15. Quando você coloca um camp em cima do outro, você esquece a base, porque tem que preparar para cada luta. Foi isso o que eu fiz, aproveitei um bom tempo para evoluir depois da derrota.