Das brigas de rua em Minas Gerais para a disputa de título no BRAVE: como Cleiton se tornou o ‘Predador’

Das brigas de rua em Minas Gerais para a disputa de título no BRAVE: como Cleiton se tornou o ‘Predador’

Cleiton Silva está a uma luta de se tornar mais um brasileiro campeão mundial pelo BRAVE Combat Federation. Com duas vitórias contundentes pela maior organização de MMA do Oriente Médio, ele precisará passar por Luan Miau, atual dono do cinturão, dia 30 de agosto, pelo BRAVE 25, em Belo Horizonte, para conquistar o maior feito de sua carreira.

A jornada para chegar a este ponto foi longa e dura para Cleiton, que precisou das artes marciais para salvar sua própria vida. Nascido e criado em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o peso-leve não esconde que sua infância foi complicada, muito por conta de seu temperamento explosivo. Cleiton adorava lutar na rua e não escolhia “adversários”.

Sua situação não era fácil. Antes que ele pudesse mexer com a pessoa errada, sua mãe e seu tio lhe deram um ultimato e o colocaram para ter aulas de artes marciais. Silva foi matriculado em uma escola de Caratê e não esquece até hoje o seu primeiro contato.

“Eu sempre gostei de briga, sempre fui assim. Minha mãe não aguentava mais (risos). Ela me mandou para a casa de um tio e ele me colocou no Caratê. Eu apanhei tanto, fiquei com tanta raiva, que resolvi voltar. E não deixei de ir mais. Demorou três semanas para eu conseguir acertar meu primeiro golpe. Depois, nunca mais parei”, relembrou Cleiton.

O Caratê lhe deu muito mais do que recursos técnicos. Para o lutador mineiro, o aprendizado no tatame serviu para acalmar seu temperamento e mudar sua vida. Depois do Caratê, Cleiton começou a ter aulas de Muay Thai, sua arte marcial favorita até hoje.

“Eu gosto muito de dar chute e de machucar meus adversários. Natural que o Muay Thai seja minha modalidade favorita. Eu sou assim, quero sempre machucar, acho isso algo natural”, comentou Cleiton, que por conta do seu estilo agressivo, se tornou o “Predador”.

Marido e pai de três filhos, Cleiton admite que sua família resistiu ao seu desejo de viver da luta. As dúvidas acerca da escolha só se dissiparam com o contrato assinado com o BRAVE.

“Hoje, eu sou o herói da família. Todo mundo fala que é parente do Predador. Mas nem sempre foi assim. Minha família tinha preconceito com luta, não posso negar. Mas quando eles viram que eu havia assinado com o BRAVE, um evento internacional e com muito nome, tudo isso mudou. Hoje eu sou o herói”, ri Cleiton, atualmente aos 33 anos de idade.

Para acabar de vez com qualquer dúvida de sua família, o “Predador” precisava de uma vitória contundente em sua estreia no BRAVE. E ele conseguiu, nocauteando o duro egípcio Ahmed Amir no segundo round, em uma das lutas mais sangrentas da história da organização. Na frente de amigos, familiares e fãs, Cleiton superou Amir na trocação, lutando em casa no BRAVE 11, disputado em abril do ano passado, em Belo Horizonte. O short branco, manchado com o sangue do adversário, é até hoje uma imagem marcante.

Depois disso, Cleiton Predador foi escalado para enfrentar o argentino Marcelo Bustos, no BRAVE 15, disputado na Colômbia. Ali, ele mostrou ser um lutador completo, ao colocar o duelo no chão e finalizar Bustos com um mata-leão. As duas performances o credenciaram a disputar o cinturão. Ele terá pela frente um dos atletas mais conhecidos do BRAVE. Atual campeão mundial, “Miau” vem de grande vitória na Jordânia e fará sua primeira defesa.