Especialista em emagrecimento e performance dá dicas para lutadores terem um corte de peso saudável

Comum para muitos atletas, e mais ainda para os lutadores, o processo de corte de peso costuma ser a “luta antes da luta”, diversas vezes descrito por eles como mais difícil do que o próprio combate em si. E não é para menos, afinal, no MMA alguns atletas chegam a perder de 20 a 30kg para entrar em ação, eventualmente se colocando em situações de risco.

Graduado em Medicina do Esporte pela BWS e Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o Dr. André Rios é especialista em emagrecimento e performance, justamente a combinação mais buscada por lutadores, e falou sobre como o processo de corte de peso impacta na vida do atleta à longo prazo, além de compartilhar dicas para torná-lo menos pesado.

“Existem dois tipos de corte de peso no meio esportivo, principalmente no ambiente de luta profissional. O primeiro caso consiste no emagrecimento controlado aliado à melhora da composição corporal, ou seja, diminuir o percentual de gordura do atleta e aumentar sua quantidade de massa magra. Esse processo, para ser bem feito com a devida manutenção da saúde, deve ser realizado num período mais prolongado de forma gradual. Ao final do processo, o atleta está menos debilitado e consequentemente mais apto a competir em alto rendimento”, disse André, que completou:

“Já o segundo método realizado com frequência por lutadores, é um corte mais agudo do peso total do atleta para se enquadrar na categoria na qual realizará a luta em questão. Nesse processo, o atleta não visa manter a saúde nos melhores parâmetros e em quase todos os casos ela é prejudicada. Isso acontece devido ao alto grau de desidratação que eles se submetem, ao tempo elevado sob exercícios extenuantes e também devido ao uso de medicamentos como diuréticos. Ao final, o atleta se encontra altamente debilitado e sob um grau de estresse metabólico e muscular que certamente prejudicará sua performance”.

Em relação às dicas, o médico explicou: “O mais importante é que o atleta tenha em mente que quanto mais condicionado ele estiver próximo da competição, menos ele terá que ‘sofrer’ para atingir o peso da categoria. Para que ele alcance esse objetivo, o atleta deve manter uma alimentação equilibrada ao longo de todo o período de preparação, bem como realizar suas atividades físicas para que não perca performance, e o mais importante, o acompanhamento de um médico experiente e competente, para que consiga atingir seus objetivos com qualidade. O equilíbrio entre ingestão adequada de alimentos e a prática de todo o treinamento, permitirá que ele se mantenha com uma composição corporal adequada e que não sacrifique sua performance”.

Corte de peso costuma ser um desafio difícil para os lutadores (Foto reprodução UFC)

Também especialista em implantes hormonais, com mais de 250 realizados, o Dr. André Rios encerrou respondendo duas perguntas comuns sobre corte de peso não apenas de lutadores, mas também de praticantes de exercícios físicos e pessoas em geral.

– Como especialista, como vê a importância de equilibrar emagrecimento e performance?

R: Entende-se, em nosso meio, o emagrecimento como a diminuição da quantidade de gordura corporal. Dito isso, é importante salientar que quando se fala em “perda de peso”, deve se atentar para que não ocorra diminuição concomitante de massa muscular. Caso isso ocorra, o paciente ou atleta, terá uma queda em sua performance, pois a massa muscular (especialmente no meio da luta) é quem garante força, explosão e resistência ao atleta. Portanto, é necessário que o emagrecimento do atleta seja alcançado mediante um planejamento gradual e conservador com relação a manutenção de sua musculatura. Diante de tudo o atleta deve ser acompanhado desde o início da sua preparação por uma equipe multidisciplinar (médico, educador físico, nutricionista, etc).

– Falando para um atleta, é possível fazer o corte de peso sem perder nada de performance?

R: O emagrecimento saudável e planejado, na maioria das vezes é acompanhado pela manutenção da performance, pois a massa muscular do paciente/atleta é mantida e isso faz com que o indivíduo não sinta diminuição de rendimento em suas atividades. Tal decréscimo, ocorre quando a perda de peso consiste em diminuição de gordura acompanhada de perda de massa muscular. Dessa forma, o metabolismo diminui sua capacidade de queima calórica e reduz os estoques de energia do atleta. Devemos frisar novamente a importância do acompanhamento médico para que evite que aconteça os fenômenos supracitados.

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