Faixa-preta brasileiro cita processo seletivo e fala sobre o Jiu-Jitsu no Catar: ‘É bastante respeitado’

Faixa-preta brasileiro cita processo seletivo e fala sobre o Jiu-Jitsu no Catar: ‘É bastante respeitado’

Por Mateus Machado

O Jiu-Jitsu segue crescendo a passos largos ao redor do mundo. Nos últimos anos, através de muitos faixas-preta brasileiros, o esporte passou a ser praticado em diversos países, sendo um deles o Catar, que será sede da próxima Copa do Mundo de futebol, em 2022.

No país, estão cerca de 30 brasileiros faixas-preta que ensinam a modalidade para as Forças Armadas. Com grandes projeções de crescimento, a expectativa é de que mais atletas tenham a oportunidade de repassar seus conhecimentos para os nativos, conforme explicou Fabrício Moreira, diretor do projeto que importa a modalidade para o país árabe.

“Queremos crescer, sim, mas de maneira moderada e oferecendo ótimas condições de trabalho, além de uma boa qualidade de vida a todos envolvidos no processo. A intenção é passar uma ótima impressão do Jiu-Jitsu a todos que, de alguma forma, tenham contato com o programa. O Jiu-Jitsu tem tudo para crescer muito aqui no Catar, temos muito apoio por parte dos líderes e isso é de grande importância”, disse o experiente faixa-preta.

Confira a entrevista completa com Fabrício Moreira:

– Desenvolvimento do Jiu-Jitsu no Catar e prática entre os nativos

O progresso e desenvolvimento do Jiu-Jitsu no Catar cresceu muito com a chegada dos professores brasileiros. Há cerca de um ano, temos um grupo ‘be versatile’, com professores de diferentes academias, onde sempre é muito interessante a troca de informações para a nossa evolução individual e, consequentemente, de todo o programa. O povo local aderiu muito bem ao Jiu-Jitsu, temos respeito e admiração muito grande por parte dos nossos superiores, o que sempre me motiva a dar o meu melhor, sem contar que temos uma estrutura e materiais de treino de última geração para podermos trabalhar.

– Importância do Jiu-Jitsu para o treinamento das Forças Armadas

Há anos, inúmeras forças armadas ao redor do mundo notaram a eficiência do Jiu-Jitsu brasileiro na parte de combate militar a curta distância, e aqui não deixou de ser diferente. Acredito que com o Jiu-Jitsu estamos ajudando a desenvolver uma maior autoestima nos alunos e soldados que temos a oportunidade de lecionar, e podemos dar aos superiores uma visão mais ampla a respeito da importância dos ensinamentos de Jiu-Jitsu para eles.

– Projeção para os próximos anos em relação ao Jiu-Jitsu no Catar

A projeção é bem simples. Queremos crescer, sim, mas de maneira moderada e oferecendo ótimas condições de trabalho, além de uma boa qualidade de vida a todos envolvidos no processo. A intenção é passar uma ótima impressão do Jiu-Jitsu a todos que, de alguma forma, tenham contato com o programa. O Jiu-Jitsu tem tudo para crescer muito ainda.

– Maior valorização do Jiu-Jitsu no país árabe em relação ao Brasil

Infelizmente, no Brasil, o Jiu-Jitsu nem sempre é visto como a ferramenta social que tem potencial para ser, e sim como um esporte violento, o que eu totalmente discordo. Ao contrário disso, no Catar, nosso esporte é visto com muito respeito e admiração. Somos, de certa forma, admirados e muito respaldados pelas pessoas que nos rodeiam. Sou muito grato ao Catar por ter a oportunidade de ser uns dos pioneiros a difundir o Jiu-Jitsu aqui.

– Relação com o Jiu-Jitsu feminino e divulgação da arte no Catar

O Jiu-Jitsu entre as mulheres existe, sim, mas como a cultura é diferente, é algo que não é muito divulgado. Mas temos, sim, um número muito grande de mulheres treinando Jiu-Jitsu no Catar. Eu, pessoalmente, também tenho um projeto social (Qatar BJJ) com muitas filiais no Brasil e duas casas de atletas, uma em Poços de Caldas (MG), com o mestre Paulão Resende, e outra em São Vicente (SP), do professor Valdir Canuto (tio Chico), onde damos todo o suporte para aqueles que almejam alcançar seus sonhos através do Jiu-Jitsu. Optei por usar o nome Qatar BJJ como uma forma de agradecer todas as oportunidades que esse país tem proporcionado a mim e a muitos outros faixas-preta e suas famílias. Acredito que com essa próxima seleção, estaremos chegando a um número de professores que eu acredito ser o ideal para o que almejamos para os próximos cinco anos aqui.