Tayane revela falha em exame antidoping da USADA e assina suspensão de quatro anos

Tayane revela falha em exame antidoping da USADA e assina suspensão de quatro anos

Uma das principais lutadoras de Jiu-Jitsu da atualidade, Tayane Porfírio revelou nesta sexta-feira (10) que foi notificada pela USADA (Agência de Antidoping dos Estados Unidos) após o ouro duplo no Mundial de 2018 da IBJJF. A faixa-preta enviou o comunicado para a TATAME, contando que vem enfrentando esse processo há quase um ano e assinou um documento aceitando uma punição de quatro anos imposta pelo órgão regulamentador.

Segundo Tayane, a USADA encontrou Nandrolona em seu organismo. A substância é um esteroide anabolizante injetável. A faixa-preta da Gracie Barra afirmou que não fez uso e que coletou todos os remédios que usou quando sofreu uma lesão na coluna vertebral em 2017. No entanto, nada dessa substância foi encontrada nos medicamentos. A hipótese, então, dita pela lutadora, pode ter sido a troca dos frascos do remédio.

“E por fim, agora, 12 meses depois, eu decidi assinar o documento e a aceitar a punição de 4 anos. Mas eu não vou deixar de lutar pelo que acho certo. Agradeço imensamente o apoio e suporte de todos aqueles que tiveram e estão do meu lado até hoje, nos tempos difíceis e nos piores ainda. Este não é o fim para mim, mas apenas um percalço, que com muita fé e força de vontade vou superar também”, disse, em parte do texto, a atleta de 24 anos.

Confira abaixo o comunicado de Tayane Porfírio:

Por que resolvi aceitar uma punição da USADA:

Depois de quase um ano – um ano muito difícil, um ano de muita escuridão, decepções e frustrações, escrevendo dezenas de textos pensando em como dizer isso e no que as pessoas iriam falar, como iriam julgar – hoje tive forças de escrever…

No ano passado, fui notificada pela USADA, a Agência Estadunidense de Anti-Doping, pelo suposto uso de uma substância que sequer sabia o que era: Nandrolona. A substância estaria presente nas amostras colhidas durante o Mundial 2018 da IBJJF.

Ao ser notificada, fiquei sem saber o que fazer. Comecei a listar tudo que tomei durante o tratamento da lesão na minha coluna vertebral, ocorrida em 2017 – e amplamente divulgada pela mídia especializada. Achando que talvez algum medicamento poderia estar contaminado ou contivesse “Nandrolona”, pesquisei sobre essa substância na internet e descobri que se trata de um esteroide anabolizante. Não é testosterona propriamente dita, mas um derivado.

Nenhum dos medicamentos ou tratamentos prescritos pelo meu médico no curso do tratamento provou-se conter a tal da substância “Nandrolona”. A única explicação que meu time e eu chegamos é a de uma infeliz troca de frascos na farmácia. Explicação essa que a USADA não aceitou.

Desde 2016 estou banida de uma federação (UAEJJF) por exceder os 90 kg máximos da categoria. Eu sou, invariavelmente, a atleta maior e mais pesada da categoria em todos os campeonatos que disputo. Se nem para vencer o bullying ou para competir por premiações robustas eu jamais fiz uso de qualquer substância ilegal, não seria após um ano onde mesmo lesionada eu dominei o cenário competitivo – um ano onde também testei limpo em todas as oportunidades em que fui examinada.

Quem me conhece de perto sabe as condições humildes em que vivo. Mesmo multicampeã, títulos não significam riqueza material. Ao longo desse ano de processo, eu nunca tive verdadeiramente uma chance. Eu poderia ter presenciado a abertura dos frascos com as minhas amostras, mas não tinha recursos para voltar à Califórnia, depois do Mundial, só pra isso.

Em nenhum momento, me foi oferecido o direito a um advogado. Não fosse meu empresário, que é advogado também, eu sequer teria tido qualquer defesa. Todos sabem os custos de um procedimento desses, ainda mais nos Estados Unidos, e o Dr. Migon me defendeu sem nenhum custo durante todo esse tempo.

Eu tinha em minhas mãos um documento de acusação com 10 páginas, em inglês – idioma que só comecei a estudar no meio de 2018. Mesmo assim, colaborei desde o primeiro minuto com a USADA, lhes dando acesso não só a meus médicos, como histórico hospitalar, exames e lista de medicamentos\suplementos. Não foi o suficiente para eles.

E por fim, agora, 12 meses depois, eu decidi assinar o documento e a aceitar a punição de 4 anos. Mas eu não vou deixar de lutar pelo que acho certo. Agradeço imensamente o apoio e suporte de todos aqueles que tiveram e estão do meu lado até hoje, nos tempos difíceis e nos piores ainda. Este não é o fim para mim, mas apenas um percalço, que com muita fé e força de vontade vou superar também.

Agradeço por tudo que passei Deus, por colocar pessoas em minha vida que me ajudaram a enxergar que eu já tive muitos títulos, medalhas, conquistas, troféus, mas por um breve momento me faltava escutar a voz Dele! “DEUS”. Eu estou correndo a minha corrida que Deus tem para mim. Descobri que Deus não vai nos expor, sem antes nos treinar.