Artigo: o papel do professor de artes marciais em garantir a autonomia dos alunos com deficiência; leia
Novo artigo publicado na TATAME trata sobre a importância do professor na questão da autonomia dos seus alunos com algum tipo de deficiência
Artigo fala sobre o papel do professor de artes marciais garantir a autonomia de seus alunos com deficiência (Foto: Reprodução/@ctdelutasoficial)
* Em filosofia, autonomia é um conceito que determina a liberdade do indivíduo em gerir a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Para adultos ou crianças com deficiência, a aquisição de autonomia é ainda mais representativa, em função de seu estado físico e/ou emocional e de suas limitações.
Segundo a Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, de 2008: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
Precisamos abrir as portas para adultos e crianças, compreender o seu estado físico, emocional, dar apoio e buscar descobrir suas potencialidades. Nesse sentido, o próprio conceito de autonomia, muitas vezes, precisa ser revisto. E os professores de artes marciais precisam ter clareza das necessidades, uma vez que ser autônomo e independente, especialmente quando se trata do universo das pessoas com deficiência, não pode ser visto a partir de um olhar generalista e uniforme.
É preciso, inclusive, levar em consideração a cultura, a história e as particularidades de cada um, percebendo que não há um modelo certo ou errado, mas, sim, um modelo mais ou menos adequado para cada um. Ao lidarmos com desenvolvimento da autonomia do adulto, criança com deficiências, é necessário ter como parâmetro o nível de representação pessoal da deficiência dentro do ponto de vista psicológico e social do indivíduo.
A pessoa com deficiência, como todo ser humano, é único dentro do seu universo. O grau de autonomia e necessidades está vinculado a isso, ou seja, não se pode estabelecer qual o nível de autonomia que cada um deve adquirir. Isso deve partir da pessoa diante de suas necessidades e desejos.
É importante retratar que, mesmo antes de as pessoas terem consciência de sua própria existência, elas já participam de uma existência coletiva, de um grupo social. A família é o primeiro grupo social do ser humano. Essa existência coletiva já vem marcada de necessidades e regras que exigem grande adaptação e, no caso da pessoa com deficiência, o grau de exigência é ainda maior, pois tudo o que é diferente traz uma carga extra de aceitação grupal.
Esta é a realidade de todas as pessoas, inclusive daquelas com algum tipo de deficiência que, além de se perceberem como pessoa e se autoaceitar, precisam fazê-lo como alguém diferente da grande maioria e, assim, aceitar-se e se fazer aceito.
Rogers (1985) afirma ainda que cada pessoa tem dentro dela um impulso inerente em direção a ser competente e capaz. Nesse sentido, uma pessoa é impelida a se tornar total, completa e autorrealizada da mesma forma que uma semente contém dentro de si o impulso para se tornar uma árvore. A partir desta ideia, portanto, podemos entender que, independentemente das limitações que uma pessoa com deficiência tenha, essencialmente ela chegará onde ela desejar, desde que o ambiente seja capaz de lhe favorecer.
Mas esse impulso não se trata de uma força esmagadora, que por si só será capaz de superar todos os obstáculos ao longo da sua existência; pelo contrário, ele é facilmente vulnerável e pode, muitas vezes, ser até reprimido. Tal impulso é, na verdade, apenas uma força motivadora dominante, mas seu funcionamento psíquico é livre, ou seja, influenciado pelo ambiente.
Para isso, o acompanhamento mais precoce possível das pessoas com deficiência é muito defendido. A orientação familiar e as intervenções de caráter interdisciplinar e sociais podem amenizar significativamente as pressões negativas do ambiente e proporcionar a essas pessoas um desenvolvimento pleno de suas potencialidades.
Para todos os professores, praticar a inclusão social não significa apenas garantir o acesso, é também acreditar em igualdade de oportunidades, considerando as deficiências, o desenvolvimento pessoal e profissional.
Os professores de artes marciais precisam ter clara a necessidade de independência, especialmente quando se trata do universo das pessoas com deficiência, não há mais espaço para um olhar generalista e uniforme.
Referências
- ROGERS, C, Torna-se Pessoa, 7 ed. Lisboa; Moraes Editores, 1985.
- Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. 2009. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/
- Revista Psique – A importância da Autonomia por Flavia da Silva do Rêgo – Edição n°108 – pag. 73,76,77.
Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.
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* Por Mônica de Paula Silva