Existe preparação específica para o ADCC? Especialista explica e cita ‘inteligência’ nos treinos: ‘Qualidade vence quantidade’

Existe preparação específica para o ADCC? Especialista explica e cita ‘inteligência’ nos treinos: ‘Qualidade vence quantidade’

*O maior torneio de luta agarrada, ADCC, que acontece de forma bienal, terá a sua esperada edição neste fim de semana, em Anaheim, na Califórnia (EUA). Grandes nomes do Grappling estarão em ação e a TATAME conversou com o preparador físico Itallo Vilardo, que também é faixa-preta de Jiu-Jitsu, sobre como funciona a preparação de um atleta para o torneio desta importância. Ele contou que não há nenhuma diferença para outros importantes eventos, mas que o erro de muitos competidores é iniciar um trabalho há meses da competição. O correto, na opinião do especialista, é se preparar em um prazo de aproximadamente dois anos.

“Um exemplo que posso usar é o Ruan Alvarenga, que vai lutar na categoria até 66kg. Ele treina comigo desde 2016 e teve sempre como objetivo essa competição. Ano passado, já lutou o Mundial No-Gi pensando no ADCC, foi campeão na faixa-roxa, se graduou a marrom e continuou o foco, voltado totalmente para a seletiva nacional. Chegou na seletiva,  foi campeão e só não finalizou a final. Transferiu os treinos para os EUA, para poder treinar com o Marcelo Garcia, adaptamos o treino físico e mantivemos o foco. Veio o Pan No-Gi, que ele usou como evento-teste para o ADCC, e foi campeão na faixa-marrom pegando todo mundo. Com certeza vai chegar muito bem no evento”, disse Itallo.

Itallo Vilardo citou como fundamental organizar o calendário competitivo, escolher entre duas ou três competições como alvo no ano e mais alguns torneios que funcionem como testes, totalizando uma média de 6 ou 7 eventos na temporada durante o período de preparação. Aprofundando o assunto dos treinos para o ADCC, tendo em vista que é uma competição que pode ter prorrogações e lutas longas, o preparador físico afirmou que o primordial é trabalhar o “volume” e a “intensidade” com inteligência.

“Organizar os treinos de lutas, alternando padrões de tempo e intensidade. Hoje, o atleta faz um treino bem intenso de 8 (minutos) de luta por descanso de 8 (minutos)… Amanhã, faz um padrão de 40 (minutos) seguidos, alternando 2 (minutos) treinando por 1 (minuto) parado… E por ai vai. O erro é querer treinar muito todo o dia. O melhor exemplo que temos é o maratonista. Ele nunca treina os 42km da prova, o que faz ele obter rendimento são vários treinos de intensidade e volume diferentes”, afirmou o preparador, que destacou a importância da resistência no torneio.

“A resistência mental é fundamental, o que dá essa confiança é o treino que ele faz. Quanto mais parecido com a realidade que ele treinar, melhor vai ser na competição. O que conta não é quanto mais ele treina e sim quanto melhor é o treino dele. Qualidade sempre vence quantidade”, concluiu.

*Por Yago Rédua