Artigo: o auxílio às crianças com obesidade e o papel do esporte e dos professores neste processo; confira e opine

Artigo: o auxílio às crianças com obesidade e o papel do esporte e dos professores neste processo; confira e opine

* Neste período de quarentena, que tal buscarmos conhecimentos em relação às nossas crianças? E hoje o tema é complexo, porém, muito importante para quem trabalha com crianças em academias de artes marciais.

Muitas crianças chegam às academias de artes marciais acima do peso, algumas desajeitadas, outras tímidas e todas com a autoestima baixa, e para completar, os conflitos emocionais. Temos as pressões familiares, que muitas vezes esperam que os professores façam milagres o mais rápido possível, lembrando que os professores de artes marciais não tem poderes sobrenaturais.

Antes de começarmos a discutir sobre o assunto, vamos entender a obesidade infantil. De acordo com relatos da Organização Mundial de Saúde, a prevalência de obesidade infantil tem crescido em torno de 10 a 40% na maioria dos países europeus nos últimos 10 anos. A obesidade ocorre mais frequentemente no primeiro ano de vida, entre 5 e 6 anos e na adolescência. Pesquisas do Ministério da Saúde indicam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso. 

Eu desafio, neste artigo, algumas reflexões em relação ao emagrecimento das nossas crianças. 

É impossível querer que o teu filho emagreça sem ter que reformular o cardápio. Por esse motivo, eu indico uma avaliação com os nutricionistas, pois eles irão dizer exatamente o que precisa ser melhorado na alimentação do teu filho.

Segundo ponto fundamental: se o teu filho tem problemas de autoestima baixa e tem prejudicado o desempenho dele em todas as áreas, procure um psicólogo para orientações cabíveis.

Terceiro ponto: não destrua o trabalho do professor de artes marciais, exigindo que ele pegue pesado com o teu filho. O professor sabe o que fazer em relação às dificuldades que as crianças obesas enfrentam no tatame ou em qualquer lugar apropriado para atividades físicas. Sendo assim, seja sensível e paciente com todos os envolvidos. Afinal, pegar pesado só irá machucá-lo e fazer com que ele sinta mágoa dos pais e pegue trauma em relação aos treinos, dessa forma, ao tentar ajudar as crianças, acaba piorando sua saúde física e emocional.

Lembrei-me da minha paciente Rebeca (nome fictício). Ao entrar na minha sala, percebi que o problema não era só Déficit de Concentração, e sim autoestima baixa, tristeza e insegurança, e tudo estava relacionado ao seu peso, às pressões familiares e a falta de perspectiva da menina em relação à escola, pois os coleguinhas malvados estavam todos os dias fazendo piadinhas em relação ao seu corpo. Infelizmente, ainda existem vários tipos de agressões verbais em todos os lugares. Por esse motivo, eu sou a favor dos diretores, coordenadores e professores falarem diariamente com as crianças e suas famílias. “Temos que respeitar as diferenças, seja qual for”, incansavelmente, e mesmo assim, iremos ter pessoas com suas piadinhas patéticas no nosso meio. 

É muito importante lembrar que muitas crianças são sensíveis e não toleram brincadeiras cruéis, diferente de crianças resilientes, que suportam tudo, até mesmo conviver com pais alcoólatras e dependentes químicos. 

Retomando o caso da Rebeca, fiz um encaminhamento para uma avaliação psicológica e perguntei se ela gostaria de fazer atividades físicas. Ela respondeu que adoraria fazer Natação ou Judô. Aproveitei sua disposição, conversei com a mãe e orientei para que procurasse em seu bairro uma academia de artes marciais e Natação, fiz os encaminhamentos, explicando para o professor que fosse receber a Rebeca à sua atual situação. 

Depois de duas semanas, Rebeca retornou para o atendimento com sua aparência tranquila, querendo muito contar as novidades, pois começou a praticar Judô em uma academia próxima de sua casa, e que estava gostando muito, pois todos estavam respeitando suas dificuldades, e principalmente, não fazendo piadas chatas (fala da Rebeca), e que estava sentindo vontade de ir para escola e brincar com suas amiguinhas.

Poderia me aprofundar neste estudo de caso, mas o essencial é entender que as dificuldades são muitas e, por esse motivo, a sensibilidade dos professores e das famílias é essencial, respeitar as crianças obesas e ajudá-las, melhorando sua autoestima e fortalecer o potencial que todas carregam em si mesmas, tornando-as seguras e amadas.

Sites recomendáveis:

* http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/obesidadeinfantil/ Acesso em 14 de Julho de 2020.

* https://www.redealphafitness.com.br/noticias/2020/01/06/indices-da-obesidade-infantil-preocupam-organizacao-mundial-de-saude-e.html Acesso em 15 de julho de 2020.

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Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva