Artigo: o impacto do Treinamento Intervalado de Alta Intensidade na preparação física dos atletas

Novo artigo publicado na TATAME trata sobre as questões do Treinamento Intervalado de Alta Intensidade na preparação física; veja

Artigo: o impacto do Treinamento Intervalado de Alta Intensidade na preparação física dos atletas

Artigo publicado na TATAME trata sobre as questões do Treinamento Intervalado de Alta Intensidade na preparação física (Foto: Reprodução)

João Paulo de Souza¹

¹Bacharel em Educação Física. E-mail: [email protected]

A discussão e estudo em torno do treinamento intervalado de alta intensidade, conhecido como High Intensity Interval Training (HIIT), têm ganhado destaque recentemente. De acordo com Giballa e McGee et al. (2008), o HIIT é caracterizado como sessões repetidas de exercício intermitente relativamente breve, frequentemente realizadas com esforço total ou com intensidade próxima ao VO2 máximo.

Apesar disso, é importante ressaltar que esse tipo de treino não é uma novidade. Registros históricos datam o seu uso há mais de 70 anos, como exemplificado pelo campeão olímpico de atletismo Emil Zátopek, que adotou o método em suas preparações na década de 50, contribuindo para a sua disseminação (Billat, 2001).

Desde então, esse modelo de treinamento tem se mantido em alta, tendo sido apontado como número 1 no ranking das tendências de práticas de exercícios físicos no ano de 2018, principalmente devido à crescente divulgação de seus efeitos fisiológicos benéficos (Thompson, 2017).

Dentre esses efeitos, estudos sugerem que o HIIT promove uma maior oxidação de lipídios, redução de gordura abdominal, e melhora a eficiência das funções vasculares periféricas e suas estruturas (Gibala et al., 2012; Irvin et al., 2008). Essas melhorias são alcançadas com um volume de treino semanal significativamente menor em comparação com outras formas mais tradicionais de exercícios.

Considerando a especificidade de cada tipo de esporte de combate, os benefícios fisiológicos do HIIT podem ser de particular interesse para os atletas dessa modalidade. Nesse contexto, surge a questão: qual é o impacto do HIIT no desempenho desses atletas?

Uma meta-análise desenvolvida pela equipe do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) ofereceu informações relevantes sobre essa questão, contribuindo de maneira significativa para o aprimoramento do treinamento nessa área (Vasconcelos et al., 2020).

A meta-análise em questão avaliou 12 estudos, investigando o desempenho aeróbico e anaeróbico de atletas de uma variedade de modalidades esportivas como o Judô, Jiu-Jitsu, Karatê, Taekwondo, Muay Thai e Wrestling. Em relação às intervenções de treinamento intermitente, os estudos adotaram protocolos de HIIT, protocolos de treinamento de resistência, e treinamento intervalado de alta intensidade.

O primeiro ponto positivo foi a orientação dos resultados do HIIT tanto para os lutadores de combate em pé, conhecidos como “Strikers”, quanto para os de luta agarrada, chamados de “Grapplers”. Esse direcionamento específico destacou as contribuições pertinentes em uma modalidade repleta de variáveis, como é o caso dos esportes de combate, principalmente o MMA.

Dentre os resultados, foram analisadas variáveis de grande importância na preparação dos atletas de luta, como o volume máximo de oxigênio, a aptidão anaeróbica e a massa corporal. Em relação a capacidade aeróbica, foi possível observar que o HIIT contribuiu para a melhoria do VO2 máximo tanto em “Strikers” quanto em “Grapplers”.

Devido à natureza intermitente dos esportes de combate, onde os competidores lutam por 2 a 5 minutos, com um período de descanso de 30 segundos a 1 minuto, seguido por mais 1 a 11 rounds (Franchini et al., 2019; Kirk, 2018), a capacidade aeróbica máxima, representada pelo VO2 máximo, torna-se uma aptidão importante. Isso ocorre porque um VO2 máximo elevado atende à demanda de oxigênio muscular necessário para esforços físicos com essas características.

Sobre a capacidade anaeróbica, observou-se um pico de força maior apenas nos atletas de grappling. Isso indica um caminho promissor para o aprimoramento dessa capacidade física, a qual por vezes pode ser determinante para o resultado em uma competição. Além disso, observou-se um efeito positivo do HIIT no aumento da massa corporal nos atletas de grappling.

Entretanto, não houve efeito do treinamento sobre a porcentagem de gordura corporal para os atletas de luta em pé, nem sobre a massa corporal para os atletas de striking, indicando que o HIIT tem uma interferência menor sobre a composição corporal. Esse é um aspecto importante, já que os atletas dessas modalidades competem por categoria de peso.

Por fim, os resultados dessa meta-análise fornecem pontos de aplicação prática. O principal deles demonstra que é possível melhorar o condicionamento cardiovascular com treinos curtos, que oferecem economia e otimização de tempo, facilidade na execução e redução de danos causados pela exposição a treinos de alto volume.

Dessa forma, considerando esses benefícios, o HIIT é uma opção de treinamento potencialmente valiosa, sendo responsabilidade do treinador, quando apropriado, implementá-lo, levando em consideração as necessidades individuais de cada atleta.

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Referências bibliográficas

Billat, l. Véronique. Interval training for performance: a scientific and empirical practice: special recommendations for middle-and long-distance running. Part I: aerobic interval training. Sports medicine, v. 31, p. 13-31, 2001.

Franchini E, Cormack S, TakitoM. Effects of high-intensity interval training on Olympic combat sports athletes’ performance and physiological adaptations: A systematic review. J Strength Cond Res 33: 242–252, 2019.

Gibala, M.J.; McGee, S.L. Metabolic adaptations to short- term high intensity interval training: A little pain for a lot of gain? Exercise and Sport Sciences Reviews: volume 36_issue 2_p 58-63, April 2008.

Gibala, M.J.; Little, J.P.; Macdonald, M.J.; Hawley, J.A. Physiological adaptations to low-volume, high- intensity interval training in health and disease. The Journal of Physiology.590 (5): 1007-1084, 2012.

Kirk C. Does anthropometry influence technical factors in competitive mixed martial arts? Hum Mov 19: 46–59, 2018.

Thompson, Walter R. PhD., FACSM, Worldwide survey of fitness trends for 2018: The CREP Edition. ACSM´s Health & Fitness Journal; November/December 2017- volume 21- Issue 6 –p10-19, 2017.

Vasconcelos, B. B., Protzen, G. V., Galliano, L. M., Kirk, C., & Del Vecchio, F. B. Effects of high-intensity interval training in combat sports: a systematic review with meta-analysis. The Journal of Strength & Conditioning Research, 34(3), 888-900, 2020.

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print artigo 3Carlos Alves: PhD em Ciências do Movimento Humano e Treinamento Desportivo, Pesquisador, Fisiologista e Preparador Físico de Atletas UFC; Bellator; IBJJF / Brown Belt BJJ; Black Belt Muay Thai. e-mail: [email protected] / Instagram: https://www.instagram.com/carlosalvesTreinador

 

 

 

print artigo 4Everton Bittar Oliveira: Bacharel em Ed. Física. Esp. em Treinamento Desportivo e Preparador Físico da American

Top Team; Black Belt BJJ / E-mail: [email protected] / Instagram: https://www.instagram.com/evertonvvoliveira/

 

 

print artigo 5João Paulo de Souza: Bacharel de Ed. Física. Esp. em Mixed Martial Arts, Ex-Atleta de MMA; Treinador de lutadores do UFC; Bellator; Black Belt BJJ; Muay Thai./ email: [email protected] / https://www.instagram.com/jptuba

 

 

 

print artigo 6Fábio Vieira: PhD em Ciências do Movimento Humano e Professor Associado da Logos University International – UNILOGOS / E-mail: [email protected] / Instagram: https://www.instagram.com/fabiovieiraphd

 

 

 

print artigo 7Sergio Oliveira: MsC em Educação Física, Professor de Wrestling; Autor dos best sellers “O Ensino das manifestações das lutas”; e “Luta Olimpica”.

E-mail: [email protected] / Instagram: https://www.instagram.com/sergiobolacha

 

 

print artigo 8Marco Aurelio: MsC. em Treinamento Desportivo Russia e Preparador Fisico de lutadores/ e-mail: [email protected] / Instagram: https://www.instagram.com/Prof_marco_aurelio_

 

 

 

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