Coluna da Arte Suave: no Jiu-Jitsu, o respeito ao faixa-branca deve ser primordial; confira e opine

Em mais um artigo publicado na TATAME, o professor Luiz Dias fala sobre como os mais graduados no Jiu-Jitsu podem ajudar e respeitar os faixas branca

Coluna da Arte Suave: no Jiu-Jitsu, o respeito ao faixa-branca deve ser primordial; confira e opine

Em seu novo artigo, Luiz Dias fala sobre o respeito aos faixas branca de Jiu-Jitsu (Foto: Ilan Pellenberg)

* Recebi um vídeo, esses tipos de vídeos que são comuns na internet, onde num treino numa academia de Jiu-Jitsu, um faixa preta apaga um faixa branca. Ao reanimá-lo todos riem, e o faixa branca, ainda tonto, olha espantado em volta. Não é raro vermos esses tipos de vídeos. 

Acompanhe abaixo outros artigos escritos pelo professor Luiz Dias:

Há pouco tempo, vi um vídeo onde um lutador, dando os três tapinhas ao ser finalizado num triângulo, e seu parceiro de treino não soltar, ainda ficou rindo vendo o desespero do seu parceiro. O faixa preta de Jiu-Jitsu não pode esquecer que já foi um faixa branca, um faixa branca que não desistiu. Infelizmente, muitos veem o faixa branca como um sparring, ou alguém que está ali para apanhar, tomar carro e ser amassado. E o pior é que muitos acreditam que tem de ser assim. 

O faixa branca tem de ter treinos de acordo com o seu tempo de Jiu-Jitsu. Não importa se ele é grande ou forte, adolescente ou adulto. O faixa branca está descobrindo o Jiu-Jitsu, aprendendo movimentos, equilíbrio, aprendendo a usar seu peso, respiração e técnicas. Qual o mérito de um graduado ir treinar e apagar um faixa branca? Eu não vejo mérito nenhum. 

Se você é graduado e sabe mensurar a força e pressão do seu golpe, precisa apagar ou lesionar um parceiro de treino? Quer mostrar pressão, deseja testar seu Jiu-Jitsu, treine com alguém de sua categoria ou acima, ou corra um Campeonato, que é o lugar pra isso. Tudo equalizado, faixa, idade, peso e conhecimento técnico. 

Nós, como professores, devemos, no meu ponto de vista, coibir essas condutas. Lembre-se de quando era faixa branca. Passou por isso? Gostou? Então é hora de quebrar esse ciclo e treinar com os faixas branca com respeito e atenção, já que são iniciantes, como também ensinar aos faixas branca respeito aos graduados, que aliviam ou deixam o treino correr mais solto para que possam se desenvolver. 

Aos faixas branca por sua vez, treinem com respeito aos mais graduados. Estão treinando, sim, mas ainda aprendendo os fundamentos. Os mais graduados podem corrigir quando achar necessário. Dar um treino mais puxado para aqueles com um pouco mais de conhecimento. É mais importante incentivar faixas branca a continuarem treinando do que se preocupar em esmagá-los nos treinos. 

Os faixas branca de Jiu-Jitsu são a base da pirâmide em qualquer academia, serão seus futuros graduados e, quem sabe, futuros faixas preta. Ensinar Jiu-Jitsu é manter o padrão de ensino, incentivar os treinos, mas não com episódios absurdos, como graduados apagando faixas branca. O pior, muitos acham que estão dando uma grande lição apagando um faixa branca, e muitas vezes divulgam na academia ou postam vídeos como se fosse um grande feito. 

Nossa Arte Suave não precisa desses momentos. Mostre sua técnica e ensine, isso sim é uma grande lição. E certamente terá a gratidão do iniciante para sempre. É muito gratificante você encontrar lutadores mais novos, que nem sempre foram seus alunos, e ouvir: “você me ensinou isso ou aquilo”. É muito bom. Quando percebo nas minhas aulas que determinado aluno está passando dos limites com um faixa branca, eu o chamo e converso com ele. Muitas vezes são amigos, mas tudo tem limites. 

Explico a diferença do limite entre amizade e treino numa equipe. O dano ao corpo a cada “apagada” ou uma lesão pode trazer consequências futuras ou um afastamento imediato por uma lesão, e até mesmo espantar alunos. Essas imagens e fatos, ao meu ponto de vista, são completamente dispensáveis ao nosso esporte. É bem diferente em lutas de graduados presenciarmos lutadores apagando. É a vontade de vencer, resistir e puxar seus limites. 

Mas saber de graduados apagando faixas branca, no meu ponto de vista, não vejo mérito nenhum. A nossa arte marcial tem de mostrar nossa superioridade, domínio da técnica, equilíbrio e respeito ao adversário. Apagar um faixa branca num treino demonstra, para mim, só uma insegurança ou má orientação. Espero que esses episódios relatados em conversas e vídeos cada vez mais sejam evitados e não mais valorizados.

Para mais informações, veja www.instagram.com/luizdiasbjj/ ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. Também conheça o www.geracaoartesuave.com.br/.

* Por Luiz Dias

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