Artigo: lutadoras utilizam meditação e outras ‘ferramentas’ como fatores importantes no momento do treinamento

Artigo: lutadoras utilizam meditação e outras ‘ferramentas’ como fatores importantes no momento do treinamento

* Sabemos que não está fácil buscar o equilíbrio diante das incertezas. Estamos no caos de uma pandemia, não temos perspectiva de futuro e vivemos um misto de emoções, e cada vez mais o estresse vai aumentando. Para minimizar esse impacto no corpo e na mente, muitas lutadoras e professoras  de artes marciais têm inserido a meditação em seus treinos e vidas pessoais. Lembrando que não está fácil para ninguém, então, o objetivo deste artigo é usar os benefícios da meditação como recursos terapêuticos para diminuir a ansiedade e outros problemas de saúde.

Vamos fazer uma breve introdução sobre o mal do século: “estresse”. No período pré-histórico, a reação “lute” ou “fuja” apenas preparava as pessoas para tarefas que exigiam respostas imediatas, mas no mundo moderno, basta observar em sua volta e você vai sentir o estresse latejando em seu corpo, e muitas vezes não sabendo explicar essa reação orgânica e de certa forma “incontrolável”.

Para tudo nessa vida existem os dois lados da moeda. O estresse de nível moderado pode aumentar a atenção e melhorar o desempenho em testes escolares, eventos esportivos e debates acalorados, porque essas reações são curtas e permitem que sejam respondidas. O problema ocorre quando você se depara com situações estressantes que se prolongam e não lhe dão condições de, simplesmente, agir. Por exemplo, se você não sabe como treinar seus alunos em plena pandemia, onde máscaras de proteção dificultam o desempenho dos praticantes, por não ser algo normal nos treinos, acaba gerando desânimo em alguns casos. Além disso, o fato de não ter dinheiro para pagar seu aluguel, entre outros diversos problemas vivenciados nesta fase complicada, por exemplo, também contribui para o estresse. 

O estresse dessa situação estimulará continuamente reações do tipo “lute ou fuja”. Enquanto você se esforça, continuamente, para inibir seus instintos naturais, após anos e anos numa situação assim, seu corpo não será mais o mesmo. Quando o cérebro se sente ameaçado por longos períodos de tempo – vamos usar como exemplo essa quarentena que não tem fim -, seu corpo experimenta as mudanças:

  • Aumento da pressão sanguínea: os hormônios “lute ou fuja”, que prepararam seu corpo para ação, eventualmente são usados. A lista de complicações potenciais causadas pelo aumento da pressão arterial é longa, incluindo algumas no coração, nos olhos e nos rins;
  • Vacilação da pronúncia e da memória: os hormônios “lute ou “fuja” também enfraquecem sua habilidade de concentrar-se e memorizar novos acontecimentos. De fato, alguns estudos sugerem que o hipocampo (a estrutura cerebral que é responsável pelo armazenamento das memórias de longo prazo) comece a murchar pela influência constante de estresse;
  • Doenças: como parte das reações “lute ou fuja”, seu corpo libera glicose para fornecer mais energia para grandes façanhas atléticas (escapar de um tigre, por exemplo). Mas, ao longo do tempo, o excesso de glicose pode prejudicar as células de todo o seu corpo e agravar o diabetes;
  • Ganhar peso: o cortisol promove ganho de peso. Ou seja, a reação “lute ou fuja” redireciona o sangue que está no intestino para seus músculos. Assim, você terá mais dificuldade em digerir sua comida;
  • Diminuir o desejo sexual: o estresse pode, ao longo do tempo, diminuir o desejo sexual em homens e mulheres, provavelmente, por causa de uma redução da testosterona.

Todos esses problemas têm a mesma causa. A reação “lute ou fuja”, um pequeno surto de estresse durante um tempo curto é inofensivo, o problema real é o estresse crônico, o qual perdura por meses ou até anos.

Retomando o nosso tema, embora todos tenham formas diferentes de lidar com o estresse do dia a dia, não importa se você ouve música, meditação, ho`oponopono ou mindfulness, o importante é cuidar da sua saúde mental, além da física. Como explica Luciana Neder, faixa-preta de Jiu-Jitsu e especialista em esporte para o desenvolvimento humano, onde ela afirma que o mindfulness mudou sua vida no tatame, como atleta e professora neste período de quarentena. 

Nota: o que é mindfulness? É uma técnica de meditação de atenção plena. O mindfulness sugere que a mente deve estar completamente atenta ao que está acontecendo, ao que estamos fazendo e ao espaço que estamos ocupando.

Para quê treinar o mindfulness?

Para aumentar a atenção e a concentração, mas principalmente para atuar na regulação do estresse e das emoções, além de lidar com a ansiedade e depressão. A atenção plena é a prática de prestar atenção de forma a criar espaço para a percepção. O treino mental é considerado tão importante quanto o físico ou tático. As técnicas de mindfulness podem ajudar pessoas com diferentes tipos de problemas.

“Eu uso muito, principalmente nas aulas de legítima defesa”, explicou a casca-grossa Luciana Neder sobre.

luciananeder1

Luciana Neder falou sobre a técnica mindfulness (Foto reprodução Instagram)

Já a lutadora de MMA Sarah Frota considera-se hiperativa, com dificuldade de atenção, e tem buscado a meditação para minimizar sua ansiedade e nervosismo. A música é seu principal instrumento para obter equilíbrio e calma. “Na realidade, não sigo um tipo de meditação, eu coloco uma música e faço reflexões”. 

Umas das meditações não muito usadas no mundo das lutas, mas acredito que em breve terá seu destaque, é o ho’oponopono. A prática não requer muitos ensinamentos, mas serve para purificar o próprio corpo e se livrar de memórias ou sentimentos ruins, que prendem a mente em uma sintonia negativa, como explica a campeã mundial master Suraya Cury, sobre a importância do ho’oponopono em sua vida, onde ela usa quatro frases sagradas na hora da meditação: “Sinto muito, me perdoe, eu te amo e sou grata”.

“A meditação me acalma. Não penso mais no dia de amanhã, voltei a treinar o Jiu-Jitsu com os cuidados necessários e o treino ajuda a me manter mais equilibrada no dia a dia”, ressaltou a faixa-preta Suraya. 

suraya

Suraya citou auxílio da meditação (Foto reprodução Instagram)

Os samurais praticavam a meditação com objetivo de buscar o autoconhecimento e a eliminação dos pensamentos negativos. Era uma ferramenta para o controle do medo e de outras instabilidades emocionais que provocavam erros na hora do combate. Que tal usar essa ferramenta em nosso favor? Vamos adquirir cada vez mais equilíbrio e saúde mental em tempos difíceis como o que passamos.

Referências 

  • Mac Donald, Matthew. Mentes Poderosas: desenvolva toda a capacidade do seu cérebro – São Paulo: Universo dos livros, 2010. Pag. 153,154.

printcoluna7

Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva